Escrito por Akira Ito, Gabriel Hemétrio, Lucas Tavares, Nathalia Seino, Vitória Bezerra Nunes, Matheus Felipe R. Borges e Ualype Uchôa
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Questão 1 (exclusiva para alunos da 1ª série).
João e Pedro se exercitam em uma trilha circular de de comprimento que tem marcos laterais a cada . Ambos partem do marco inicial (; ) e correm no mesmo sentido, mas João começa a correr após Pedro. João e Pedro correm com velocidades escalares médias (rapidez média) de, respectivamente, e . Quando eles se cruzam pela primeira vez, que distância eles ainda tem que percorrer, em metros, para completar a volta?
Cinemática: Movimento Circular e Uniforme
Para estudar o problema com calma e garantir que tudo fique claro, vamos usar o diagrama abaixo. A bolinha vermelha representa Pedro, e a azul, João. Inicialmente, temos a situação ilustrada abaixo:
Podemos dividir a análise do problema em 3 partes. A primera é quando Pedro corre por 2 minutos, isto é, até enquanto João está parado.
Nesse tempo, podemos calcular o deslocamento de Pedro usando a fórmula de distância percorrida:
Agora, na próxima etapa, João começa a correr atrás de Pedro. Note que, a cada segundo que passa, Pedro anda e João anda , ou seja, eles se aproximam a uma taxa de (velocidade relativa). Assim, para compensar a distância inicial de , serão necessários :
Note que, nesse tempo, João percorre uma distância:
Ou seja, dá uma volta completa e ainda percorre adicionais. Na figura, não foi ilustrada essa volta completa para não sobrecarregar o desenho.
Por fim, para terminar a volta, basta fazer a diferença:
Questão 2 (exclusiva para alunos da 1ª série).
Uma criança lança obliquamente uma bola em um trecho de uma pista de skate que é aproximadamente um plano inclinado de altura e a largura . Inicialmente a bola está no ponto situado na base do plano inclinado a uma distância horizontal do ponto da lateral da pista (veja figura). Qual o menor valor da rapidez inicial e do ângulo de lançamento para que a bola atinja o ponto localizado no topo da pista? Desconsidere a ação de forças dissipativas.
Cinemática: Lançamento Oblíquo
Vamos dividir o nosso sistema de coordenadas ao longo do plano. Passando pelos pontos e , temos o eixo , e passando por e temos o eixo . Vamos também definir como o ângulo que o plano inclinado faz com a horizontal. Pelos dados do enunciado, .
Primeiramente, pela equação de Torricelli em , temos:
Note que a aceleração neste eixo é a componente tangencial da gravidade (). Para que a velocidade de lançamento seja mínima, a bola deverá chegar ao ponto com velocidade nula em , i.e. . Logo:
Para encontrar a velocidade de lançamento, usamos a equação horária da velocidade em :
Em que é o tempo de subida da bola até . Durante esse mesmo intervalo de tempo, ela irá percorrer a distância no eixo . Portanto, para o movimento uniforme da bola em :
Substituindo na equação de Torricelli:
Daí, extraímos a função trigonométrica que caracteriza o ângulo de lançamento:
Agora, resta-nos substituir os valores numéricos. Para calcular o seno e cosseno de , usamos o triângulo abaixo:
De onde obtemos e . Então:
Usando e , da capa da prova, temos por fim:
Questão 3 (exclusiva para alunos da 1ª série).
Um estudante de física está construindo um dispositivo regulador da velocidade angular mínima com a qual um eixo fixo vertical deve girar. Seu esquema de funcionamento é dado pela Figura. Ao eixo está fixado um disco que gira solidariamente ao eixo e um anel ao qual se articula uma haste de comprimento e massa desprezível. Na outra extremidade da haste está presa uma uma pequena esfera de massa . A haste pode girar livremente em torno do anel e a distância entre ela e o disco, que é ajustável, é usada para regular . Um dispositivo não representado na Figura é capaz de detectar se a esfera está ou não em contato com o disco. Se o contato ocorre, um motor (também não mostrado na Figura) acelera a rotação do eixo até que o esfera suba e deixe de encostar no disco. Obtenha uma expressão para em função de , e, se necessário, outros parâmetros do sistema.
Dinâmica: Força Centrípeta
Acompanhe o diagrama a seguir, o qual contém uma esquematização do sistema na iminência da esfera tocar o disco.
As forças atuantes na esfera são o peso () e a tração exercida pela haste (). Para o equilíbrio vertical da esfera, temos que:
Já na horizontal, a componente da tração atuará como resultante centrípeta. Pela segunda Lei de Newton:
Dividindo as equações, temos que:
Por fim:
Questão 4 (exclusiva para alunos da 1ª série).
Uma pessoa puxa um caixote inicialmente em repouso que pesa em um plano de inclinação . Ele aplica uma força no caixote que faz um ângulo de com a vertical, veja a figura. (a) Caso e , determine a aceleração do caixote (adote a convenção aceleração para cima ao longo do plano rampa). (b) Determine o ângulo para o qual a pessoa consegue manter o caixote em equilíbrio estático com uma força de intensidade mínima . (c) Determine a intensidade mínima .
Dinâmica/Estática
(a) Acompanhe o diagrama de corpo livre para o bloco:
Pela Segunda Lei de Newton na direção do plano, temos:
(b) Para este item, iremos propor duas soluções: uma algébrica, e outra envolvendo a visualização geométrica do problema.
- Solução 1 (Algébrica):
Na situação de equilíbrio, tem-se que:
Para que seja minimizado, o denominador - e portanto - precisa ser maximizado. Isso ocorre quando o seno vale , situação em que:
Assim:
- Solução 2 (Geométrica):
Outra forma de resolver o item é trabalhar com a visualização geométrica das forças na forma vetorial. Como o corpo está em equilíbrio, , e portanto os vetores formam um triângulo. Como as direções e sentidos dos vetores de e já são determinados, desenhamos as possíveis direções da força aplicada.
Perceba que o módulo de será minimizado quando a extensão do vetor coincidir com o tamanho mínimo entre as extremidades dos vetores e . Parafraseando, teremos quando for perpendicular à , conforme mostra a figura acima.
Dessa forma, no triângulo de forças mostrado, vale que:
(c) De qualquer um dos dois métodos acima, obtemos que:
Portanto:
(a)
(b)
(c)
Questão 5.
Recipientes porosos de cerâmica, chamados moringas em algumas regiões do Brasil, são tradicionalmente usados para manter a água fresca em regiões de clima quente. Graças à água que atravessa o meio poroso e forma uma fina película de água na parte exterior e à sua posterior evaporação, a água na moringa pode atingir uma temperatura até menor que a temperatura externa. Seja uma moringa aproximadamente esférica de raio e emissividade em um ambiente de temperatura . Considere que o resfriamento por evaporação é compensado pelo calor absorvido do ambiente por irradiação e desconsidere outras possíveis trocas de energia. Determine a taxa , em , com a qual varia a massa de água contida na moringa.
Termologia: Calorimetria e Radiação do Corpo Negro
A troca de calor entre o ambiente e a moringa é mediada pela irradiação. Desconsiderando outras trocas de energias, o calor absorvido do ambiente é utilizado para fazer a fina camada de água na superfície externa da moringa evaporar. Sendo a massa de água que evapora durante um intervalo de tempo e a potência líquida entrando no sistema, temos:
Em que é o calor latente de vaporização da água.
Para determinar , o aluno deveria utilizar a lei de Stefan-Boltzmann, que rege o processo de irradiação. Sendo a parcela irradiada para fora e a parcela advinda do ambiente, a potência líquida absorvida será dada por:
Em que é a constante de Stefan-Boltzmann, é a área superficial da moringa, é a temperatura externa e a temperatura interna. Logo:
Como e :
Segundo o enunciado, , sendo . Substituindo os valores numéricos (lembre-se que devemos usar as temperaturas absolutas, isto é, em ):
OBS.: É possível empregar uma interessante aproximação para se diminuir o trabalho algébrico (que seria feito à mão na prova). Percebendo que, em termos absolutos, , podemos expandir o termo da seguinte forma:
Empregando a aproximação binomial para , temos:
Logo, substituindo em :
Note que o resultado fora bem próximo daquele obtido anteriormente, configurando uma ótima aproximação.
Questão 6.
A figura mostra esquematicamente um relógio de água (clepsidra) cujo funcionamento é análogo ao de uma ampulheta (relógio de areia). A massa total da clepsidra é de dos quais correspondem à massa de água em seu interior. A clepsidra tem uma pequena válvula que, quando aberta, faz com que a água caia com uma vazão de . A clepsidra está sobre uma balança de precisão apoiada em uma mesa horizontal. No instante a válvula da clepsidra está fechada e toda água está na parte de cima. Determine o instante em que a água em queda atinge a base da clepsidra (a) pela primeira vez e (b) pela última vez. (c) Determine a função que corresponde ao valor da leitura na balança em função de . (d) Esboce o gráfico em função de . Considere que a água ao atingir a parte de baixo não respinga e perde imediatamente seu movimento vertical. Considere ainda que a área da base da clepsidra é muito maior que a do topo.
Dinâmica: Sistemas de Massa Variável
(a) Ao sair da parte de cima, a água cai em queda livre. Sendo assim, o instante será o tempo de queda de uma altura :
Note que, na prova, não foi informado o valor numérico de . Isso nos impede de encontrar uma resposta numérica -- não só neste item, mas também nos próximos--, portanto, deixaremos a resposta final em sua forma literal.
(b) Seja o momento em que a última gota abandona a parte de cima da clepsidra. Esse instante corresponde ao intervalo de tempo necessário para que o compartimento superior do equipamento torne-se vazio. Conforme o enunciado, a vazão da água é de . Logo, a vazão de massa será:
Chamando de a massa total de água, será então dado por:
Daí, para encontrar , somamos ao tempo necessário para a gota cair até a parte de baixo (encontrado no item anterior):
(c) Primeiramente, é necessário ressaltar que a falta de dados numéricos origina dois possíveis casos para o problema, de modo que a leitura da balança evoluiria de forma diferente para cada um destes. Lidaremos com cada um deles separadamente e depois apontaremos o porquê de o caso 1 provavelmente ser o mais plausível (apesar disso, ambos são fisicamente corretos e deveriam ser aceitos na correção).
- Caso I: Se :
No momento em que a água atinge a parte de baixo pela primeira vez, o compartimento superior ainda não esvaziou. Sendo assim, podemos visualizar a evolução temporal do nosso sistema em quatro etapas distintas. Acompanhe o esquema a seguir:
Etapa 1:
Nessa etapa, a primeira gota de água ainda não atingiu a parte de baixo da clepsidra. Pelo fato de a coluna de água em queda estar aumentando de tamanho, a leitura da balança será decrescente, uma vez que o peso da coluna de água não será contabilizado, já que ela não exerce força em outras partes do equipamento por estar suspensa no ar. A etapa dura até já que esse é o momento em que a água toca a base pela primeira vez.
Chamando de a força normal que a clepsidra exerce na balança, temos, pelo equilíbrio estático:
Em que é a massa de água liberada até o instante . A leitura relaciona se com por meio de . Como , temos:
para
Logo:
para
Etapa 2:
Aqui, a análise se torna um pouco mais complexa. Nessa etapa, o compartimento superior está esvaziando enquanto o de baixo está enchendo, sendo assim possível encontrar água em ambos. Simultaneamente, há a coluna de água em queda, que agora possui tamanho constante durante essa etapa. A etapa dura até , momento em que o compartimento de cima se esvazia completamente.
Veja que o enunciado nos informa que a água, ao atingir a parte de baixo da clepsidra, entra quase que instantaneamente em repouso. Para que as gotas de água caindo na base sejam desaceleradas e trazidas ao repouso, o chão da clepsidra aplica sobre elas uma força vertical para cima; pela terceira Lei de Newton (ação e reação), uma força de igual intensidade e sentido oposto é então aplicada à clepsidra, que contribuirá para um incremento na medição da balança. Primeiramente, vamos determinar essa força.
(i) Considere que uma pequena quantidade de água de massa e com velocidade , ao chocar-se com a base do recipiente, é trazida ao repouso durante um pequeno intervalo de tempo . Pela segunda Lei de Newton, o módulo da força exercida sobre ela é:
Como é a velocidade ao fim da queda, i.e. :
(ii) Agora, já podemos equacionar a leitura da balança. Conforme fora visto na etapa 1, o peso da água em queda não é contabilizado, e agora devemos também considerar a força exercida sobre a balança. Sendo assim, devemos contabilizar apenas o peso da água que está em cima e embaixo, assim como a força exercida sobre a balança; em outras palavras, todo o peso da água, exceto o da coluna vertical em queda, mais a força . Logo:
Note que os termos no membro direito se cancelam. Logo:
para
para
Efetivamente, a força adicional exercida pela queda d'água na base é exatamente suficiente para compensar o peso da coluna de água em queda que não é levado em conta na medição da balança.
OBS.: A consideração de que a área da base da clepsidra é muito maior que a do topo serve apenas para indicar que o nível da água na parte de baixo é muito pequeno, de forma que a distância entre a superfície livre da água da parte de baixo e a válvula é praticamente igual a o tempo todo.
Etapa 3:
Essa etapa dura até o momento em que a última gota de água atinge a parte de baixo. Nela, o compartimento de cima encontra-se completamente vazio, e quase toda a água encontra-se na parte inferior do recipiente, exceto pela coluna de água em queda que diminui de tamanho até que a última gota atinja a parte de baixo no instante .
Assim como na etapa 3, devemos considerar a força exercida pela água em queda na clepsidra e descontar o peso da água em queda. Note que, em um instante , a massa de água restante na coluna é dada por . Então, equacionando a leitura, temos:
para
Portanto:
para
Etapa 4:
Agora que toda a água está em repouso no compartimento inferior, a leitura da balança é proveniente de todo o peso do sistema. Então:
para
para
O que significa que a leitura da balança permanece constante e igual à leitura inicial.
Fazendo o gráfico
Com todas essas resultados em mãos, vejamos que:
1. Etapa 1 (): O gráfico é um segmento de reta decrescente entre os pontos e .
2. Etapa 2 (): O gráfico é um segmento de reta sobre o eixo horizontal entre os pontos e .
3. Etapa 3 (): O gráfico é uma segmento de reta crescente entre os pontos e .
4. Etapa 4 (): O gráfico é uma semirreta sobre o eixo horizontal entre o ponto até (i.e., a reta se estende até o infinito).
Assim, podemos esboçar o gráfico da seguinte forma:
Agora, estudemos o Caso II.
- Caso II: :
No momento em que a água atinge a parte de baixo pela primeira vez, o compartimento superior já terá esvaziado. Em outras palavras, toda a água já terá sido liberada antes da primeira gota atingir a parte de baixo. Sendo assim, podemos esquematizar a evolução temporal do sistema da seguinte forma:
Agora, prosseguimos de maneira inteiramente análoga à solução do caso I.
Etapa 1:
Análogo á etapa 1 do caso I:
para
Etapa 2:
O peso total do sistema, na leitura da balança, será decrescido do peso total da água, que está em queda livre:
para
Etapa 3:
Análogo e à etapa 3 do caso I:
para
Etapa 4:
Análogo ao caso I:
para
Fazendo o gráfico
Com todas essas resultados em mãos, vejamos que:
1. Etapa 1 (): O gráfico é um segmento de reta decrescente entre os pontos e .
2. Etapa 2 (): O gráfico é um segmento de reta horizontal entre os pontos e .
3. Etapa 3 (): O gráfico é uma segmento de reta crescente entre os pontos e .
4. Etapa 4 (): O gráfico é uma semirreta sobre o eixo horizontal entre o ponto até (i.e., a reta se estende até o infinito).
Assim, podemos esboçar o gráfico da seguinte forma:
OBS.: Perceba que é possível encontrarmos uma condição sobre tal que . Temos:
É um tanto absurdo imaginar, realisticamente falando, que a altura da clepsidra chegue na casa dos milhares de metros. Na prova do Nível 1, onde praticamente a mesma questão foi cobrada, foi fornecido o valor de . Por essa razão, é muito mais razoável acreditar que o caso pensado pelo autor da questão como solução seria o caso 1; no entanto, como já fora mencionado no início da solução do item, isso não anula a possível validade física do caso 2, devido à escassez de valores numéricos para sustentar que o caso 1 é definitvamente o correto. Por isso deixamos, em nossa resposta final, ambos os casos inclusos.
Questão 7.
Um lápis sextavado não apontado (um prisma reto de base hexagonal) está apoiado em uma mesa inclinada de um ângulo variável conforme o esquema ilustrado na figura. A inclinação da mesa é lentamente aumentada e observa-se que o lápis permanece em repouso em relação à mesa até o ângulo e, a partir desse ângulo, ele rola. Determine: (a) o ângulo e; (b) o valor mínimo do coeficiente de atrito estático necessário para que o lápis não deslize sobre a mesa quando . (c) Suponha que o ângulo é ajustado para um ângulo ligeiramente maior que e que toda a massa do lápis esteja em seu eixo, determine a aceleração angular do lápis no início do rolamento.
Estática e Dinâmica do Corpo Rígido
(a) Na iminência de rolar, toda a força de contato atua em um único ponto na extremidade do hexágono. Com isso, podemos montar a figura:
Logo, balanceando as forças nas direções tangente e normal ao plano:
e
Balanceando o torque:
Substituindo os valores de e :
(b) Como vimos, no equilíbrio:
e
Mas note que deve ser satisfeita a seguinte desigualdade para a intensidade da força de atrito estático:
Então:
Tal que, por fim:
(c) Perceba que foi dito que pode-se considerar que toda a massa do lápis está concentrada em seu eixo (centro de massa , na figura). Acompanhe o seguinte esquema:
Chame de a distância entre o centro do hexágono e o ponto de contato com o plano. Note que o rotaciona instantaneamente em torno do ponto . Logo, utilizando a segunda Lei de Newton em sua forma rotacional:
Em que é a aceleração angular, é o torque em relação ao ponto e o momento de inércia do corpo em relação ao mesmo ponto. Como a questão nos pede para considerar toda a massa do lápis localizada no eixo, o momento de inércia é aquele de uma massa pontual, i.e. . O torque resultante é aquele da força peso, sendo assim:
Tal que:
Nas proximidades de , temos então:
(a)
(b)
(c)
Questão 8.
Dois alto-falantes estão instalados à mesma altura em um ambiente plano, horizontal e aberto. Suas localizações são dadas pelos pontos e conforme a figura. Os alto-falantes emitem ondas sonoras de mesma intensidade, com mesmo comprimento de e em fase. Uma pessoa caminha em direção à pela linha tracejada paralela ao eixo e com um aplicativo de celular, que é mantido à mesma altura dos alto-falantes, mede a intensidade da onda sonora que chega dos alto-falantes. (a) Se a distância entre os alto-falantes é , determine a localização dos pontos de interferência destrutiva que a pessoa detecta com . (b) Seja a intensidade do som medido no ponto mais próximo do eixo determinado no item anterior e a intensidade do som que seria medida no mesmo local com o alto-falante localizado em desligado, determine a razão . Considere que o som se propaga isotropicamente e o piso está coberto com um material perfeitamente absorvedor de som.
Ondulatória: Interferência
(a) Vamos considerar que a pessoa está no ponto a uma distância de
Dessa forma, a diferença de caminho entre as ondas emitidas por cada fonte dá-se por
Além disso, para a interferência destrutiva:
Em que é um número natural. Desenvolvendo:
Assim, então
Então os valores que assume são para , e .
para
para
para
Como , os valores de são
para
para
para
(b) Nessa questão é importante utilizar a dependência da intensidade com a distância. Como o enunciado informa que o som se propaga isotropicamente, consideramos a propagação das ondas esfericamente simétricas. Sendo assim, a intensidade varia com o inverso da distância ao quadrado:
Chame de a constante de proporcionalidade. Assim:
Dessa forma, as amplitudes das ondas emitidas por e , ao chegarem no ponto de interferência, são diferentes. Se a amplitude da onda de for e a amplitude da onda de for , a amplitude resultante será:
Pois a interferência é destrutiva. Como a intensidade é proporcional ao quadrado da amplitude, a intensidade da onda resultante vale:
OBS.: Aqui, é um fator de proporcionalidade entre a intensidade e a amplitude ao quadrado. Uma vez que ele só depende do meio de propagação, vale o mesmo para todas as ondas.
Prosseguindo, como sabemos que:
Então:
Em função das distâncias, vale:
Caso a fonte fosse desligada, a intensidade resultante seria apenas da onda , ou seja:
Então, a razão mede:
Para a posição mais próxima do eixo , ou seja, , temos por fim:
OBS.: É importante esclarecer uma possível dúvida que pode surgir. No item (a), encontramos a condição que descreve uma interferência destrutiva. É comum que o aluno comumente associe interferência destrutiva a uma intensidade resultante nula, o que poderia levá-lo a pensar que a resposta do item (b) seria simplesmente zero, já que . Note, no entanto, que isso não é compatível com as condições do problema, uma vez que é mencionado que o som se propaga isotropicamente. Isso implica que a intensidade - e, portanto, a amplitude do som - varia com a distância à fonte devido à emissão esfericamente simétrica, impossibilitando que uma interferência das duas ondas gere uma intensidade/amplitude nula. Os pontos de interferência destrutiva estão, como vimos, associados à mínima amplitude possível do som resultante.
(a) para
para
para
(b)
Questão 9.
Uma pessoa está dimensionando um sistema de drenagem de uma garagem semienterrada. A figura mostra em corte o esquema planejado. A chuva que cai na laje plana é coletada pela calha lateral e é levada por um tubo vertical de comprimento e diâmetro a um tubo de drenagem subterrâneo horizontal de mesmo diâmetro. No piso da garagem há um ralo que se conecta ao tubo de drenagem por um cano vertical de comprimento e diâmetro . Considere que a água da chuva da calha entre com velocidade nula no ponto de coleta do tubo vertical. Qual o menor índice de precipitação, ou pluviosidade, de uma chuva (quantidade de água de chuva, por , por unidade de tempo), em , capaz de fazer a água transbordar pelo ralo da garagem?
Hidrodinâmica, hidrostática
Quando a água estiver na iminência de transbordar pelo ralo , haverá uma coluna de água de altura acumulada abaixo do ralo. Isso significa que a pressão hidrostática na base dessa coluna será dada por:
Em que é a pressão atmosférica e é a densidade da água. Simultaneamente em que temos essa coluna de água estática, há um fluxo de água entre os pontos e . Podemos comparar esses dois pontos utilizando a relação de Bernoulli:
Note que a velocidade da água em é muito pequena pelo enunciado, por isso não há termo cinético na parte esquerda da equação. Substituindo o valor de encontrado anteriormente:
Já que não há fluxo de água (vazão) no ralo, então toda a água que entra pelo ponto deve sair pelo ponto . Assim:
A vazão de água do ponto é o volume de água que cai sobre o telhado, ou seja, é a área do telhado da garagem multiplicada pela precipitação . A vazão do ponto é simplesmente a área do corte do cano multiplicada pela velocidade do líquido . Logo:
Embora seja possível encontrar uma explicação física para o problema, a prova não forneceu alguns dos dados necessários e forneceu alguns dados irrelevantes. No fim, listamos abaixo as seguintes inconsistências no enunciado que a equipe de física do NOIC encontrou:
1. O enunciado não informou a área do telhado da garagem , que é necessário para calcular o fluxo de água que entra no cano pelo ponto .
2. O enunciado não informou a altura da garagem , que é necessária para calcular a velocidade da água no ponto .
3. O enunciado informou o valor do diâmetro do cano vertical que leva ao ralo , o qual é irrelevante no cálculo da precipitação mínima.
Por fim, concluímos que é impossível determinar uma resposta final apenas com os dados fornecidos pela prova.
É impossível, a partir dos dados fornecidos no enunciado da prova, determinar uma resposta final. Veja a solução para entender o problema.
Questão 10.
Um estudante de física deve construir um equipamento ótico para diminuir a intensidade de um feixe cilíndrico de radiação laser de para usando apenas duas lentes que estão separadas por uma distância de , veja a figura. Determine as distâncias focais das duas lentes em e apresente o correspondente diagrama de raios de luz nos casos (a) as duas lentes são convergentes e (b) uma lente é convergente e a outra é divergente.
Óptica geométrica, ondas
(a) Ao longo da solução deste problema, vamos chamar a lente da esquerda de lente 0, que tem distância focal e a lente da direita de lente 1, que tem distância focal . A primeira coisa que o estudante deve notar é que os raios entram e saem paralelos do sistema. Logo, podemos imaginar a situação ilustrada abaixo:
Note que, a imagem da lente 0 cai justamente no foco, já que os raios chegam paralelos. Perceba também que a imagem da lente 0 se comporta como objeto para a lente 1. Para que a imagem da lente 1 seja imprópria (raios paralelos), o objeto deve estar posicionado no foco. Portanto, vale a relação:
Isso garante que a imagem da lente 0 caia exatamente sobre o foco da lente 1. Além disso, é preciso garantir que os valores das intensidades sejam adequados. Seja a área da seção transversal dos raios incidentes na lente 0, e a dos raios emergentes da lente 1. Assim, da conservação de energia, a potência do feixe interceptada pela lente 0 deve ser igual à potência emergente pela lente 1:
Lembrando que a potência é diretamente proporcional ao produto da secção transversal pela área, temos
Sejam e os raios (metade do diâmetro) dos feixes cilíndricos. Fazendo uma semelhança de triângulos:
Resolvendo o sistema de equações, encontramos por fim:
b) Agora a situação é um pouco mais complicada, já que existem duas possibilidades para o problema. Vamos analisar ambas e verificar que apenas uma delas é possível:
Caso 1: Lente 0 = Convergente & Lente 1 = Divergente.
Vamos olhar um diagrama representando os raios para entender melhor a situação:
Note como os raios que emergem da lente 1 possuem uma área transversal menor. Usando a equação do item anterior que relaciona a energia, isso implica que . Numericamente, pelo enunciado, sabemos que , mas está claro pela figura que isso não é possível.
Caso 2: Lente 0 = Divergente & Lente 1 = Convergente.
Vamos olhar um diagrama representando os raios para entender melhor a situação:
Note que os raios que emergem da lente 1 possuem uma área transversal maior. Usando a equação do item anterior que relaciona a energia, isso implica que . Pelas mesmas razões do item anterior, podemos perceber que esse caso é o correto.
Pela figura, vemos que:
A relação entre as intensidades não muda, então temos:
Resolvendo o sistema, obtemos:
Questão 11.
Em saltos de bungee jump o tamanho da tira elástica deve ser ajustado de acordo com a massa e a distância de queda. Uma estudante de física resolveu estudar esse fenômeno através de um modelo em escala reduzida. No laboratório uma pequena esfera de chumbo de massa e suspensa por uma tira elástica de massa desprezível. Ao lado, a figura superior corresponde à situação em que a esfera é abandonada do repouso da altura para início do "salto", cujo objetivo é chegar o mais próximo possível da base sem no entanto tocá-la. A figura inferior ao lado mostra a situação na qual a esfera está em equilíbrio estático. Imagine que em um salto real a parte mais baixa é a superfície de um rio ou lago. Considere que a tira elástica é equivalente a um conjunto de molas ideais conectadas em série e que cada mola tem constante elástica e comprimento quando relaxada. Determine: (a) o número de molas necessárias para esse tipo de "salto", (b) a velocidade e (c) a aceleração máximas atingidas durante o "salto". Desconsidere a ação de forças resistivas.
Dinâmica: Conservação de Energia e Segunda Lei de Newton
(a) Fazendo uma associação de molas, podemos descobrir a constante elástica equivalente do sistema. Como as molas do sistema estão em série, teremos que
.
Para molas de mesma constante elástica:
Além disso, devido às molas, o comprimento relaxado da tira será . Para o número necessário, a tira deverá estar totalmente esticada quando a esfera chegar ao solo. Logo, conservando a energia mecânica do sistema:
Substituindo os valores:
Usando a fórmula de Bháskara, resolvemos a equação quadrática:
Usando e , da capa da prova, obtemos as seguintes soluções:
Como tem de ser um número inteiro (não há molas fracionadas), ele poderá assumir os valores de 17 ou 94. Perceba que não pode ser 94, pois . Portanto;
Perceba que a aproximação escolhida foi para , pois, para , ao realizar a conservação de energia, é possível perceber que a corda estica mais que a altura ; ou seja, a esfera iria colidir com o chão. Veja:
Para N = 18:
Logo, a esfera colidiria com o chão.
(b) A velocidade máxima ocorre no momento em que a esfera passa a desacelerar, i.e., quando sua aceleração inverte o sentido. Esse é o momento em que a força resultante é nula, quando . Conservando a energia mecânica do sistema:
Em que é a altura em que haverá a velocidade máxima.
Substituindo os valores numéricos:
(c) Agora, temos que a aceleração será máxima quando a força resultante for máxima. Equacionando a Segunda Lei de Newton, tem-se:
Vemos então que a aceleração máxima ocorre quando o elástico está esticado o máximo possível, o que ocorre quando a velocidade da esfera é nula. Na situação limite citada no enunciado, isso acontece quando a esfera está muito próxima de tocar o solo, então:
Substituindo os valores numéricos:
Para calcular essa raiz, vamos realizar uma aproximação binominal, ou seja, para . Perceba que o quadrado perfeito mais próximo de é . Sendo assim, podemos escrever a aceleração da seguinte forma:
Agora, utilizando a aproximação binominal para :
OBS: Perceba que a aproximação utilizada é válida, visto que .
(a)
(b)
(c)
Questão 12.
Uma barra de gelo, a , cilíndrica de altura e base com área é inserida em um calorímetro também cilíndrico com área de base . A barra é posicionada de forma que seu eixo coincida com o do calorímetro. Inicialmente a barra está apoiada em uma tela plástica horizontal vazada (água pode passar livremente por ela) que está situada à uma distância da base do calorímetro. Na parte superior do calorímetro há uma resistência de potência . No instante inicial a resistência é ligada. (a) Determine o instante no qual o nível da água atinge a tela e; (b) estime o menor intervalo de tempo, contado a partir de , necessário para que a barra de gelo flutue. Assuma que todo o calor liberado para a resistência é transferido para o gelo (ou água) e que os eixos da barra e do calorímetro coincidam durante todo o processo.
Termologia e Hidrodinâmica
(a) O calor fornecido pelo resistor será utilizado para derreter o gelo, tal que:
Então:
Em que é a taxa com que a massa de gelo derrete. Como essa é a mesma taxa com que a água surge, temos que:
Logo, como o volume de água , sendo a altura da coluna de água:
Ou seja:
(b) Em nossa estimativa, consideraremos que, enquanto o gelo derrete, o comprimento do bloco varia, enquanto a sua área transversal permanece constante. Note que, caso contrário, a velocidade da água que se move entre o gelo e o cilindro seria variável e, com isso, teríamos que utilizar métodos que fogem de nossos conhecimentos de Ensino Médio, como integrais, para resolver o problema. Sendo assim, prossigamos.
Seja a altura da barra de gelo e o nível da água em relação à tela de plástico. Acompanhe a figura.
Nesse caso, o gelo só irá flutuar quando o empuxo for suficientemente grande para levantá-lo, tal que,
Note, entretanto, que, como a massa do gelo varia, sua altura varia também, logo:
Logo:
Já para água que se move entre o cilindro e o gelo, a conservação de massa é da forma:
Então:
Substituindo os valores encontrados na relação para que o gelo flutue:
Então:
(a)
(b)