Escrito por Akira Ito, Gabriel Hemétrio, Lucas Tavares, Nathalia Seino, Vitória Bezerra Nunes, Matheus Felipe R. Borges e Ualype Uchôa
Clique aqui para acessar o caderno de questões.
Questão 1.
Recipientes porosos de cerâmica, chamados moringas em algumas regiões do Brasil, são tradicionalmente usados para manter a água fresca em regiões de clima quente. Graças à água que atravessa o meio poroso e forma uma fina película de água na parte exterior e à sua posterior evaporação, a água na moringa pode atingir uma temperatura até menor que a temperatura externa. Seja uma moringa aproximadamente esférica de raio e emissividade em um ambiente de temperatura . Considere que o resfriamento por evaporação é compensado pelo calor absorvido do ambiente por irradiação e desconsidere outras possíveis trocas de energia. Determine a taxa , em , com a qual varia a massa de água contida na moringa.
Termologia: Calorimetria e Radiação do Corpo Negro
A troca de calor entre o ambiente e a moringa é mediada pela irradiação. Desconsiderando outras trocas de energias, o calor absorvido do ambiente é utilizado para fazer a fina camada de água na superfície externa da moringa evaporar. Sendo a massa de água que evapora durante um intervalo de tempo e a potência líquida entrando no sistema, temos:
Em que é o calor latente de vaporização da água.
Para determinar , o aluno deveria utilizar a lei de Stefan-Boltzmann, que rege o processo de irradiação. Sendo a parcela irradiada para fora e a parcela advinda do ambiente, a potência líquida absorvida será dada por:
Em que é a constante de Stefan-Boltzmann, é a área superficial da moringa, é a temperatura externa e a temperatura interna. Logo:
Como e :
Segundo o enunciado, , sendo . Substituindo os valores numéricos (lembre-se que devemos usar as temperaturas absolutas, isto é, em ):
OBS.: É possível empregar uma interessante aproximação para se diminuir o trabalho algébrico (que seria feito à mão na prova). Percebendo que, em termos absolutos, , podemos expandir o termo da seguinte forma:
Empregando a aproximação binomial para , temos:
Logo, substituindo em :
Note que o resultado fora bem próximo daquele obtido anteriormente, configurando uma ótima aproximação.
Questão 2.
Duas placas condutoras idênticas, circulares e finas, são montadas uma em frente à outra paralelamente. As placas têm raio e estão separadas por uma distância de , são mantidas eletricamente isoladas e estão carregadas com cargas e . Determine a diferença de potencial entre as placas se as cargas (a) têm sinais iguais e (b) têm sinais opostos. Considere o eixo perpendicular às placas e que passa por seus centros. Determine a intensidade do campo elétrico sobre esse eixo próximo às placas, mas fora da região entre elas, nos casos de cargas (c) com o mesmo sinal e (d) com sinais opostos. Desconsidere efeitos de borda.
Eletrostática
Atenção: Primeiramente, note que não foram fornecidas as dimensões de e , o que impossibilita a obtenção de respostas numéricas. Contudo, ainda é possível resolver o problema de forma literal, e o faremos a seguir.
De início, assumiremos que, mesmo sem as dimensões de e , é satisfeita a condição . Isso ocorre para que possamos aproximar o campo no eixo das placas circulares para o campo entre duas placas planas infinitas, um problema clássico em eletrostática, estudado no e acessível ao ensino médio. Caso fosse comparável a , seria necessário fazer o uso de cálculo diferencial e integral, o que claramente não seria adequado ou esperado para uma prova da OBF. Prossigamos.
Sabe-se que o campo gerado por uma placa infinita carregada com densidade superficial de carga é uniforme, e possui módulo:
Sendo a permissividade elétrica do vácuo. O resultado acima pode ser facilmente obtido fazendo-se o uso da Lei de Gauss (você pode conferir a sua demonstração e outros exemplos resolvidos na aula 5.2 do Curso NOIC de Física clicando aqui). Com esse único resultado, já podemos resolver o problema.
(a) Adote um eixo cartesiano para que você possa orientar e sinalizar os vetores. Como cargas positivas são fontes de linhas de campo elétrico, segue a figura 1 com os vetores campo elétrico indicados.
A diferença de potencial, em módulo, será dada por:
Em que é a intensidade do campo elétrico entre as placas. Somando os campos eletrostáticos na região entre as placas, temos que:
Sendo e as densidades superficiais de carga em cada uma das placas. Assim:
Logo, para cargas de mesmo sinal, temos:
(b) Como cargas positivas são fontes de linhas de campo elétrico e cargas negativas são sorvedouras (receptoras) de linhas de campo, segue a figura 2:
Somando os campos na região interna às placas:
Assim, para cargas de sinais opostos, temos:
(c) Conforme a figura 1, olhando para o campo na região externa mais à esquerda (ou mais à direita), podemos imediatamente escrever:
Veja que o resultado é o mesmo óbtido para o módulo do campo entre as placas na situação do item (b).
(d) Conforme a figura 2, olhando para o campo na região externa mais à direita (ou mais à esquerda), temos:
Note que o resultado é idêntico àquele obtido para o módulo do campo entre as placas na situação do item (a).
Como não foram fornecidas as unidades de e , obtemos apenas respostas literais.
(a)
(b)
(c)
(d)
Questão 3.
Um lápis sextavado não apontado (um prisma reto de base hexagonal) está apoiado em uma mesa inclinada de um ângulo variável conforme o esquema ilustrado na figura. A inclinação da mesa é lentamente aumentada e observa-se que o lápis permanece em repouso em relação à mesa até o ângulo e, a partir desse ângulo, ele rola. Determine: (a) o ângulo e; (b) o valor mínimo do coeficiente de atrito estático necessário para que o lápis não deslize sobre a mesa quando . (c) Suponha que o ângulo é ajustado para um ângulo ligeiramente maior que e que toda a massa do lápis esteja em seu eixo, determine a aceleração angular do lápis no início do rolamento.
Estática e Dinâmica do Corpo Rígido
(a) Na iminência de rolar, toda a força de contato atua em um único ponto na extremidade do hexágono. Com isso, podemos montar a figura:
Logo, balanceando as forças nas direções tangente e normal ao plano:
e
Balanceando o torque:
Substituindo os valores de e :
(b) Como vimos, no equilíbrio:
e
Mas note que deve ser satisfeita a seguinte desigualdade para a intensidade da força de atrito estático:
Então:
Tal que, por fim:
(c) Perceba que foi dito que pode-se considerar que toda a massa do lápis está concentrada em seu eixo (centro de massa , na figura). Acompanhe o seguinte esquema:
Chame de a distância entre o centro do hexágono e o ponto de contato com o plano. Note que o rotaciona instantaneamente em torno do ponto . Logo, utilizando a segunda Lei de Newton em sua forma rotacional:
Em que é a aceleração angular, é o torque em relação ao ponto e o momento de inércia do corpo em relação ao mesmo ponto. Como a questão nos pede para considerar toda a massa do lápis localizada no eixo, o momento de inércia é aquele de uma massa pontual, i.e. . O torque resultante é aquele da força peso, sendo assim:
Tal que:
Nas proximidades de , temos então:
(a)
(b)
(c)
Questão 4.
Dois alto-falantes estão instalados à mesma altura em um ambiente plano, horizontal e aberto. Suas localizações são dadas pelos pontos e conforme a figura. Os alto-falantes emitem ondas sonoras de mesma intensidade, com mesmo comprimento de e em fase. Uma pessoa caminha em direção à pela linha tracejada paralela ao eixo e com um aplicativo de celular, que é mantido à mesma altura dos alto-falantes, mede a intensidade da onda sonora que chega dos alto-falantes. (a) Se a distância entre os alto-falantes é , determine a localização dos pontos de interferência destrutiva que a pessoa detecta com . (b) Seja a intensidade do som medido no ponto mais próximo do eixo determinado no item anterior e a intensidade do som que seria medida no mesmo local com o alto-falante localizado em desligado, determine a razão . Considere que o som se propaga isotropicamente e o piso está coberto com um material perfeitamente absorvedor de som.
Ondulatória: Interferência
(a) Vamos considerar que a pessoa está no ponto a uma distância de
Dessa forma, a diferença de caminho entre as ondas emitidas por cada fonte dá-se por
Além disso, para a interferência destrutiva:
Em que é um número natural. Desenvolvendo:
Assim, então
Então os valores que assume são para , e .
para
para
para
Como , os valores de são
para
para
para
(b) Nessa questão é importante utilizar a dependência da intensidade com a distância. Como o enunciado informa que o som se propaga isotropicamente, consideramos a propagação das ondas esfericamente simétricas. Sendo assim, a intensidade varia com o inverso da distância ao quadrado:
Chame de a constante de proporcionalidade. Assim:
Dessa forma, as amplitudes das ondas emitidas por e , ao chegarem no ponto de interferência, são diferentes. Se a amplitude da onda de for e a amplitude da onda de for , a amplitude resultante será:
Pois a interferência é destrutiva. Como a intensidade é proporcional ao quadrado da amplitude, a intensidade da onda resultante vale:
OBS.: Aqui, é um fator de proporcionalidade entre a intensidade e a amplitude ao quadrado. Uma vez que ele só depende do meio de propagação, vale o mesmo para todas as ondas.
Prosseguindo, como sabemos que:
Então:
Em função das distâncias, vale:
Caso a fonte fosse desligada, a intensidade resultante seria apenas da onda , ou seja:
Então, a razão mede:
Para a posição mais próxima do eixo , ou seja, , temos por fim:
OBS.: É importante esclarecer uma possível dúvida que pode surgir. No item (a), encontramos a condição que descreve uma interferência destrutiva. É comum que o aluno comumente associe interferência destrutiva a uma intensidade resultante nula, o que poderia levá-lo a pensar que a resposta do item (b) seria simplesmente zero, já que . Note, no entanto, que isso não é compatível com as condições do problema, uma vez que é mencionado que o som se propaga isotropicamente. Isso implica que a intensidade - e, portanto, a amplitude do som - varia com a distância à fonte devido à emissão esfericamente simétrica, impossibilitando que uma interferência das duas ondas gere uma intensidade/amplitude nula. Os pontos de interferência destrutiva estão, como vimos, associados à mínima amplitude possível do som resultante.
(a) para
para
para
(b)
Questão 5.
Uma pessoa está dimensionando um sistema de drenagem de uma garagem semienterrada. A figura mostra em corte o esquema planejado. A chuva que cai na laje plana é coletada pela calha lateral e é levada por um tubo vertical de comprimento e diâmetro a um tubo de drenagem subterrâneo horizontal de mesmo diâmetro. No piso da garagem há um ralo que se conecta ao tubo de drenagem por um cano vertical de comprimento e diâmetro . Considere que a água da chuva da calha entre com velocidade nula no ponto de coleta do tubo vertical. Qual o menor índice de precipitação, ou pluviosidade, de uma chuva (quantidade de água de chuva, por , por unidade de tempo), em , capaz de fazer a água transbordar pelo ralo da garagem?
Hidrodinâmica, hidrostática
Quando a água estiver na iminência de transbordar pelo ralo , haverá uma coluna de água de altura acumulada abaixo do ralo. Isso significa que a pressão hidrostática na base dessa coluna será dada por:
Em que é a pressão atmosférica e é a densidade da água. Simultaneamente em que temos essa coluna de água estática, há um fluxo de água entre os pontos e . Podemos comparar esses dois pontos utilizando a relação de Bernoulli:
Note que a velocidade da água em é muito pequena pelo enunciado, por isso não há termo cinético na parte esquerda da equação. Substituindo o valor de encontrado anteriormente:
Já que não há fluxo de água (vazão) no ralo, então toda a água que entra pelo ponto deve sair pelo ponto . Assim:
A vazão de água do ponto é o volume de água que cai sobre o telhado, ou seja, é a área do telhado da garagem multiplicada pela precipitação . A vazão do ponto é simplesmente a área do corte do cano multiplicada pela velocidade do líquido . Logo:
Embora seja possível encontrar uma explicação física para o problema, a prova não forneceu alguns dos dados necessários e forneceu alguns dados irrelevantes. No fim, listamos abaixo as seguintes inconsistências no enunciado que a equipe de física do NOIC encontrou:
1. O enunciado não informou a área do telhado da garagem , que é necessário para calcular o fluxo de água que entra no cano pelo ponto .
2. O enunciado não informou a altura da garagem , que é necessária para calcular a velocidade da água no ponto .
3. O enunciado informou o valor do diâmetro do cano vertical que leva ao ralo , o qual é irrelevante no cálculo da precipitação mínima.
Por fim, concluímos que é impossível determinar uma resposta final apenas com os dados fornecidos pela prova.
É impossível, a partir dos dados fornecidos no enunciado da prova, determinar uma resposta final. Veja a solução para entender o problema.
Questão 6.
Um estudante de física deve construir um equipamento ótico para diminuir a intensidade de um feixe cilíndrico de radiação laser de para usando apenas duas lentes que estão separadas por uma distância de , veja a figura. Determine as distâncias focais das duas lentes em e apresente o correspondente diagrama de raios de luz nos casos (a) as duas lentes são convergentes e (b) uma lente é convergente e a outra é divergente.
Óptica geométrica, ondas
(a) Ao longo da solução deste problema, vamos chamar a lente da esquerda de lente 0, que tem distância focal e a lente da direita de lente 1, que tem distância focal . A primeira coisa que o estudante deve notar é que os raios entram e saem paralelos do sistema. Logo, podemos imaginar a situação ilustrada abaixo:
Note que, a imagem da lente 0 cai justamente no foco, já que os raios chegam paralelos. Perceba também que a imagem da lente 0 se comporta como objeto para a lente 1. Para que a imagem da lente 1 seja imprópria (raios paralelos), o objeto deve estar posicionado no foco. Portanto, vale a relação:
Isso garante que a imagem da lente 0 caia exatamente sobre o foco da lente 1. Além disso, é preciso garantir que os valores das intensidades sejam adequados. Seja a área da seção transversal dos raios incidentes na lente 0, e a dos raios emergentes da lente 1. Assim, da conservação de energia, a potência do feixe interceptada pela lente 0 deve ser igual à potência emergente pela lente 1:
Lembrando que a potência é diretamente proporcional ao produto da secção transversal pela área, temos
Sejam e os raios (metade do diâmetro) dos feixes cilíndricos. Fazendo uma semelhança de triângulos:
Resolvendo o sistema de equações, encontramos por fim:
b) Agora a situação é um pouco mais complicada, já que existem duas possibilidades para o problema. Vamos analisar ambas e verificar que apenas uma delas é possível:
Caso 1: Lente 0 = Convergente & Lente 1 = Divergente.
Vamos olhar um diagrama representando os raios para entender melhor a situação:
Note como os raios que emergem da lente 1 possuem uma área transversal menor. Usando a equação do item anterior que relaciona a energia, isso implica que . Numericamente, pelo enunciado, sabemos que , mas está claro pela figura que isso não é possível.
Caso 2: Lente 0 = Divergente & Lente 1 = Convergente.
Vamos olhar um diagrama representando os raios para entender melhor a situação:
Note que os raios que emergem da lente 1 possuem uma área transversal maior. Usando a equação do item anterior que relaciona a energia, isso implica que . Pelas mesmas razões do item anterior, podemos perceber que esse caso é o correto.
Pela figura, vemos que:
A relação entre as intensidades não muda, então temos:
Resolvendo o sistema, obtemos:
Questão 7.
Em saltos de bungee jump o tamanho da tira elástica deve ser ajustado de acordo com a massa e a distância de queda. Uma estudante de física resolveu estudar esse fenômeno através de um modelo em escala reduzida. No laboratório uma pequena esfera de chumbo de massa e suspensa por uma tira elástica de massa desprezível. Ao lado, a figura superior corresponde à situação em que a esfera é abandonada do repouso da altura para início do "salto", cujo objetivo é chegar o mais próximo possível da base sem no entanto tocá-la. A figura inferior ao lado mostra a situação na qual a esfera está em equilíbrio estático. Imagine que em um salto real a parte mais baixa é a superfície de um rio ou lago. Considere que a tira elástica é equivalente a um conjunto de molas ideais conectadas em série e que cada mola tem constante elástica e comprimento quando relaxada. Determine: (a) o número de molas necessárias para esse tipo de "salto", (b) a velocidade e (c) a aceleração máximas atingidas durante o "salto". Desconsidere a ação de forças resistivas.
Dinâmica: Conservação de Energia e Segunda Lei de Newton
(a) Fazendo uma associação de molas, podemos descobrir a constante elástica equivalente do sistema. Como as molas do sistema estão em série, teremos que
.
Para molas de mesma constante elástica:
Além disso, devido às molas, o comprimento relaxado da tira será . Para o número necessário, a tira deverá estar totalmente esticada quando a esfera chegar ao solo. Logo, conservando a energia mecânica do sistema:
Substituindo os valores:
Usando a fórmula de Bháskara, resolvemos a equação quadrática:
Usando e , da capa da prova, obtemos as seguintes soluções:
Como tem de ser um número inteiro (não há molas fracionadas), ele poderá assumir os valores de 17 ou 94. Perceba que não pode ser 94, pois . Portanto;
Perceba que a aproximação escolhida foi para , pois, para , ao realizar a conservação de energia, é possível perceber que a corda estica mais que a altura ; ou seja, a esfera iria colidir com o chão. Veja:
Para N = 18:
Logo, a esfera colidiria com o chão.
(b) A velocidade máxima ocorre no momento em que a esfera passa a desacelerar, i.e., quando sua aceleração inverte o sentido. Esse é o momento em que a força resultante é nula, quando . Conservando a energia mecânica do sistema:
Em que é a altura em que haverá a velocidade máxima.
Substituindo os valores numéricos:
(c) Agora, temos que a aceleração será máxima quando a força resultante for máxima. Equacionando a Segunda Lei de Newton, tem-se:
Vemos então que a aceleração máxima ocorre quando o elástico está esticado o máximo possível, o que ocorre quando a velocidade da esfera é nula. Na situação limite citada no enunciado, isso acontece quando a esfera está muito próxima de tocar o solo, então:
Substituindo os valores numéricos:
Para calcular essa raiz, vamos realizar uma aproximação binominal, ou seja, para . Perceba que o quadrado perfeito mais próximo de é . Sendo assim, podemos escrever a aceleração da seguinte forma:
Agora, utilizando a aproximação binominal para :
OBS: Perceba que a aproximação utilizada é válida, visto que .
(a)
(b)
(c)
Questão 8.
Uma barra de gelo, a , cilíndrica de altura e base com área é inserida em um calorímetro também cilíndrico com área de base . A barra é posicionada de forma que seu eixo coincida com o do calorímetro. Inicialmente a barra está apoiada em uma tela plástica horizontal vazada (água pode passar livremente por ela) que está situada à uma distância da base do calorímetro. Na parte superior do calorímetro há uma resistência de potência . No instante inicial a resistência é ligada. (a) Determine o instante no qual o nível da água atinge a tela e; (b) estime o menor intervalo de tempo, contado a partir de , necessário para que a barra de gelo flutue. Assuma que todo o calor liberado para a resistência é transferido para o gelo (ou água) e que os eixos da barra e do calorímetro coincidam durante todo o processo.
Termologia e Hidrodinâmica
(a) O calor fornecido pelo resistor será utilizado para derreter o gelo, tal que:
Então:
Em que é a taxa com que a massa de gelo derrete. Como essa é a mesma taxa com que a água surge, temos que:
Logo, como o volume de água , sendo a altura da coluna de água:
Ou seja:
(b) Em nossa estimativa, consideraremos que, enquanto o gelo derrete, o comprimento do bloco varia, enquanto a sua área transversal permanece constante. Note que, caso contrário, a velocidade da água que se move entre o gelo e o cilindro seria variável e, com isso, teríamos que utilizar métodos que fogem de nossos conhecimentos de Ensino Médio, como integrais, para resolver o problema. Sendo assim, prossigamos.
Seja a altura da barra de gelo e o nível da água em relação à tela de plástico. Acompanhe a figura.
Nesse caso, o gelo só irá flutuar quando o empuxo for suficientemente grande para levantá-lo, tal que,
Note, entretanto, que, como a massa do gelo varia, sua altura varia também, logo:
Logo:
Já para água que se move entre o cilindro e o gelo, a conservação de massa é da forma:
Então:
Substituindo os valores encontrados na relação para que o gelo flutue:
Então:
(a)
(b)