Problemas Aula 1.2 - Movimento Circular

Escrito por Alex de Sousa

Alguns problemas para você praticar a teoria estudada. O grau de dificuldade dos problemas está indicado com asteriscos (*). Problemas com 1 asterisco é o equivalente a um problema de primeira fase de OBF, 2 asteriscos (**) um de segunda fase,  e 3 asteriscos (***) um de terceira fase.

 

Problema 01 *

A Terra está constantemente girando em torno de si mesma e em torno do Sol, a velocidades enormes que nem você nem eu sentimos. Neste problema devemos estimar as velocidades que 2 observadores em referenciais distintos medem ao observar os movimentos do nosso planeta.

(a) O primeiro observador se move com a Terra, mas não realiza o movimento de rotação com ela. Sabendo que o raio da Terra vale R_T \approx 6400 \, \textrm{km}, estime a velocidade, em m/s, de uma mesa de jantar na superfície da Terra;

(b) O segundo está parado em relação ao Sistema Solar. Sabendo que a distância média da Terra ao Sol vale aproximadamente d_{T,S} \approx 1,5 \cdot 10^8 \, \textrm{km}, estime a velocidade, em m/s, da Terra.

Solução

(a) Se estivermos em um referencial que se move junto da Terra mas que não gira com ela, nós estaríamos vendo uma Terra que só realizaria o movimento de rotação, portanto a velocidade de qualquer objeto na superfície dela é:

v_{r,T} = \omega_r \, R_T

Sabemos que o período de rotação da Terra é igual a T_r = 1 \, \textrm{dia} \approx 86400 \, \textrm{s}, e também que a velocidade angular \omega_r = \dfrac{2 \pi}{T_r}, portanto:

v_{r,T} = \dfrac{2 \pi \, R_T}{T_r}

Substituindo valores e considerando \pi \approx 3,14, temos:

v_{r,T} \approx \dfrac{2 \cdot (3,14) \cdot (6,4 \cdot 10^6) }{86400}

\boxed{v_{r,T} \approx 465 \, \textrm{m/s} }

(b) Para este segundo observador teria algo parecido como o da figura do enunciado, e portanto, devemos calcular a velocidade de translação da Terra, sem levar em conta a rotação pois foi pedido a velocidade de movimento da Terra em si, e não de algo nela.

Vamos considerar o movimento elíptico da Terra em torno do Sol como circular, o que é bem perto da realidade e já nos ajudará a obter uma boa estimativa. Semelhante ao item anterior temos:

v_{t,T} = \omega_t \, d_{T,S}

Sabemos que o período de translação da Terra é igual a T_t = 1 \, \textrm{ano} =\approx 86400 \cdot 365,25 \, \textrm{s} (usamos 365,25 para levar em conta os anos bissextos), e também que a velocidade angular \omega_t = \dfrac{2 \pi}{T_t}, portanto:

v_{t,T} = \dfrac{2 \pi \, d_{T,S}}{T_t}

Substituindo valores e considerando \pi \approx 3,14, temos:

v_{r,T} \approx \dfrac{2 \cdot (3,14) \cdot (1,5 \cdot 10^{11}) }{86400 \cdot 365,25}

\boxed{v_{t,T} \approx 2,98 \cdot 10^4 \, \textrm{m/s} }

[collapse]
Gabarito

(a) \boxed{v_{r,T} \approx 465 \, \textrm{m/s} }

(b) \boxed{v_{t,T} \approx 2,98 \cdot 10^4 \, \textrm{m/s} }

[collapse]

Problema 02 *

A Lua, presente em quase todas as nossas noites, passa por algumas fases todos os meses num ciclo de aproximadamente 30 dias. Nós observamos ela ir de Lua Nova, para Quarto Minguante, para Lua Cheia, para Quarto Crescente e, no fim, para Lua Nova novamente. Iremos estimar a velocidade com que ela faz isso.

 

(a) Sabendo que a distância da Lua à Terra vale aproximadamente d_{L,T} \approx 384400 \, \textrm{km}, estime a velocidade de translação da Lua em torno da Terra, em m/s.

(b) A duração total de um ciclo das fases da lua é chamado de período sinódico, e este é diferente do tempo para a Lua completar o seu movimento de Translação em volta da Terra, o período sideral. Sabendo que este vale aproximadamente 27 dias, estime novamente a velocidade de translação da Lua em torno da Terra, em m/s, e calcule a porcentagem do erro relativo ao cálculo realizado no item anterior.

Dica: A porcentagem do erro de um valor x em relação ao valor real y vale: f = \left| \dfrac{x - y}{y} \right| \cdot 100 \%

Solução

(a) Sabemos que o período das fases da Lua é de 30 dias, e com isto já conseguiremos obter uma estimativa razoável sobre a sua velocidade de translação. Segue-se que:

v_{a,L} = \omega_{a,L} \, d_{L,T}

Usando o período como T_{a,L} \approx 30 \, \textrm{dias} \approx 30 \cdot 86400 \, \textrm{s}, e também que a velocidade angular \omega_{a,L} = \dfrac{2 \pi}{T_{a,L}}, portanto:

v_{a,L} = \dfrac{2 \pi \, d_{L,T}}{T_{a,L}}

Substituindo valores e considerando \pi \approx 3,14, temos:

v_{a,L} \approx \dfrac{2 \cdot (3,14) \cdot (3,844 \cdot 10^8) }{30 \cdot 86400}

\boxed{v_{a,L} \approx 931 \, \textrm{m/s} }

(b) Agora que sabemos que o período real de translação da Lua é algo mais próximo de 27 dias, conseguiremos obter uma estimativa melhor sobre a sua velocidade de translação. Segue-se que:

v_{b,L} = \omega_{b,L} \, d_{L,T}

Usando o período como T_{a,L} \approx 27 \, \textrm{dias} \approx 27 \cdot 86400 \, \textrm{s}, e também que a velocidade angular \omega_{b,L} = \dfrac{2 \pi}{T_{b,L}}, portanto:

v_{b,L} = \dfrac{2 \pi \, d_{L,T}}{T_{b,L}}

Substituindo valores e considerando \pi \approx 3,14, temos:

v_{b,L} \approx \dfrac{2 \cdot (3,14) \cdot (3,844 \cdot 10^8) }{27 \cdot 86400}

\boxed{v_{b,L} \approx 1035 \, \textrm{m/s} }

Mas além disso a questão também pediu a porcentagem de erro relativo, portanto:

f = \left| \dfrac{v_{a,L} - v_{b,L}}{v_{b,L}} \right| \cdot 100 \% \approx \left| \dfrac{\dfrac{2 \cdot (3,14) \cdot (3,844 \cdot 10^8) }{30 \cdot 86400} - \dfrac{2 \cdot (3,14) \cdot (3,844 \cdot 10^8) }{27 \cdot 86400}}{\dfrac{2 \cdot (3,14) \cdot (3,844 \cdot 10^8) }{27 \cdot 86400}} \right| \cdot 100 \%

f \approx \left| \dfrac{\dfrac{1 }{30 } - \dfrac{1}{27}}{\dfrac{1 }{27}} \right| \cdot 100 \% = \left| \dfrac{27}{30 } - 1 \right| \cdot 100 \%

\boxed{f \approx 10 \%}

[collapse]
Gabarito

(a) \boxed{v_{a,L} \approx 931 \, \textrm{m/s} }

(b) \boxed{v_{b,L} \approx 1035 \, \textrm{m/s} } e \boxed{f \approx 10\%}

[collapse]

Problema 03 *

Saturno é o segundo maior planeta do nosso Sistema Solar, e a sua característica mais marcante são os seus anéis enormes e deslumbrantes. Eles são principalmente formados por partículas de gelo e água, com uns poucos componentes rochosos sendo encontrados no meio. Sabendo que estes anéis orbitam Saturno com o mesmo período de rotação deste, estime:

Anéis de Saturno

 

(a) A razão entre a velocidade do anel F, o mais distante dos anéis internos, presente a aproximadamente 140000 km do centro do planeta e do anel D, o mais próximo dos anéis, presente a aproximadamente 70000 km do planeta.

(b) A aceleração centrípeta, em m/s^2, necessária para o anel F manter uma órbita circular em torno de Saturno. Considere o período de rotação de Saturno igual a T_S \approx 10 \, \textrm{h e} \, 34 \, \textrm{min}.

Solução

(a) O que estamos vendo é idêntico a um acoplamento de mesmo eixo, onde temos a superposição de vários discos de matéria formando os anéis, todos girando na mesma velocidade angular em torno do mesmo eixo. Portanto:

v_F = \omega_{S} \, d_F e v_D = \omega_{S} \, d_D

\Rightarrow f = \dfrac{v_F}{v_D} = \dfrac{\omega_{S} \, d_F}{\omega_{S} \, d_D} = \dfrac{d_F}{d_D} \approx \dfrac{140000}{70000}

\boxed{f \approx 2}

(b) Lembremos que a fórmula da aceleração centrípeta é:

a_{cp} = \dfrac{v^2}{R}

Para obtermos a velocidade, já podemos utilizar de cara um resultado de outras questões, que também podemos expressar a velocidade em função do período conforme:

v = \dfrac{2 \pi R}{T}

Assim:

a_{cp} = \left( \dfrac{2 \pi R}{T} \right)^2 \, \dfrac{1}{R} = \left( \dfrac{2 \pi }{T} \right)^2 R

Substituindo T pelo valor de T_S \approx 10 \, \textrm{horas} e 34 \, \textrm{minutos} = 10 \cdot 3600 + 34 \cdot 60 = 38040 \, \textrm{s} , R pelo valor de d_F e utilizando \pi \approx 3,14, temos:

a_{cp} \approx \left( \dfrac{2 \cdot (3,14) }{38040} \right)^2 \, (1,4 \cdot 10^8)

\boxed{a_{cp} = 3,82 \, \textrm{m/s}^2}

[collapse]
Gabarito

(a) \boxed{f = 2}

(b) \boxed{a_{cp} = 3,82 \, \textrm{m/s}^2}

[collapse]

Problema 04 *

Um carrossel é um brinquedo muito popular entre as crianças do Paraná, uma verdadeira febre. O brinquedo normalmente consiste de um conjunto de cavalos ou outros seres e objetos suspensos em cima de uma plataforma circular, e as crianças devem montá-los para depois o brinquedo acelerar lentamente até ganhar velocidade suficiente para um passeio bem agradável.

Suponha que Manoela, após pedir um pix para sua mãe de 10 reais, compra um ingresso para o brinquedo; e após montá-lo, percebe uma aceleração de 3,0 \, \textrm{m/s}^2, partindo do repouso. Sabendo que o raio de onde Manoela está até o centro vale R = 2,4 \textrm{m}, escreva a função horária da velocidade angular deste movimento, em rad/s, para tempo em segundos.

Solução

Sabemos que a função horária da velocidade angular para um movimento circular uniformemente variado é a seguinte:

\omega (t) = \omega_0 + \alpha t

Como o carrossel parte do repouso, a velocidade angular inicial \omega_0 = 0, portanto o que nos resta é descobrir a aceleração angular \alpha. Portanto

\alpha = \dfrac{a_{t}}{R} = \dfrac{3,0}{2,4} = 1,25 \, \textrm{rad/s}^2

Substituindo isto:

\boxed{\omega (t) = 1,25 \, t}

[collapse]
Gabarito

\boxed{\omega (t) = 1,25 \, t}

[collapse]

Problema 05 **

Alexandre está brincando de pega-pega numa pista circular de um parque perto de sua casa. Por séries de tentativas de escapar ele acaba seguindo um movimento com a frequência angular conforme o gráfico a seguir:

 

Sabendo que o raio de curvatura da pista era igual a R = 2 \, \textrm{m}, determine, em metros:

(a) O comprimento do arco entre a sua posição de origem e sua posição final. Considere \pi \approx 3;

(b) A distância total percorrida por ele.

Solução

(a) Vamos tentar interpretar o que está acontecendo pelo gráfico. Nós vemos 3 trechos no tempo em que ele mantém uma velocidade angular constante, mas em um deles ela é negativa, o que pode-se inferir que nesta parte ele estava indo no sentido contrário aos outros 2. Portanto, primeiro vamos calcular a diferença de fase angular efetiva entre o instante inicial e final.

Sabemos que para isso, só é necessário calcular a área do gráfico, portanto:

\Delta \varphi = (3 \cdot 5) + [-2 \cdot (11 - 5)] + [4 \cdot (15 - 11)]

\Delta \varphi = 19 \, \textrm{rad}

Porém, devemos descontar voltas totais, já que elas não influenciam no deslocamento entre a posição final e inicial. Como o ângulo da circuferência vale  2 \pi = 2 \cdot 3 = 6, temos então que:

\Delta \varphi = 1 \, \textrm{rad}

Portanto para acharmos o comprimento do arco, temos:

\Delta S = R \cdot \Delta \varphi = 2 \cdot 1

\boxed{\Delta S = 2 \, \textrm{m}}

(b) Se quisermos saber a distância percorrida, só precisamos saber o módulo de cada distância percorrida, dividindo os 3 trechos temos:

d_{per} = \left| R \cdot (3 \cdot 5) \right| + \left| R \cdot (-2 \cdot 6) \right| + \left| R \cdot (4 \cdot 4) \right| = 15 R + 12 R + 16 R = 43 \cdot 2

\boxed{d_{per} = 86 \, \textrm{m}}

[collapse]
Gabarito

(a) \boxed{\Delta S = 2 \, \textrm{m} }

(b) \boxed{d_{per} = 86 \, \textrm{m}}

[collapse]

Problema 06 **

Três corredores vestindo blusas e chapéus neon praticam atletismo em uma pista circular dando voltas. O de camisa verde corre com velocidade v_1 = 4 \, \textrm{m/s}, o de camisa azul com velocidade v_2 = 5 \, \textrm{m/s} e o de camisa roxa com velocidade v_3 = 6 \, \textrm{m/s}, todos em seus respectivos sentidos da figura. O raio da trajetória da raia mais interna vale R = 4 \, \textrm{m} e a largura uniforme de cada raia vale d = 1 \, \textrm{m}. Determine:

(a) A velocidade angular de cada corredor;

(b) O intervalo de tempo até o enésimo encontro entre o corredor de roupa verde e o de roupa roxa. Considere \pi \approx 3.

Solução

(a) Usando a relação da velocidade angular com a velocidade tangencial v = \omega \cdot R, temos:

\omega = \dfrac{v}{R}

Fazendo isso para cada corredor:

\omega_1 = \dfrac{v_1}{R} = \dfrac{4}{4} \Rightarrow \boxed{\omega_1 = 1 \, \textrm{rad/s}}, \omega_2 = \dfrac{v_2}{R + d} = \dfrac{5}{5} \Rightarrow \boxed{\omega_2 = 1 \, \textrm{rad/s}}, e \omega_3 = \dfrac{v_3}{R + 2d} = \dfrac{6}{6} \Rightarrow \boxed{\omega_3 = 1 \, \textrm{rad/s}}

(b) Temos 2 maneiras de fazer isso, e vamos passar por cada uma delas:

1º Resolução:

Como o corredor de roupa verde e o de roupa roxa estão em caminhos opostos e possuem velocidades angulares iguais, pode-se concluir que o primeiro encontro vai se dar na posição oposta a de partida, e dessa posição, o próximo encontro vai ser oposto a ela, ou seja o segundo encontro vai ser na posição inicial, e dele o próximo vai ser na posição oposta... Já está claro onde queremos chegar, e para visualizar isso e o tempo para cada encontro melhor, observemos a imagem a seguir:

Portanto cada encontro vai ocorrer a cada meio período, portanto:

\Delta t (n) = n \cdot \dfrac{T}{2} = n \cdot \left( \dfrac{2 \pi}{\omega} \right) \cdot \dfrac{1}{2} = n \cdot \dfrac{3}{1}

\boxed{\Delta t (n) = 3 n \, \textrm{s}}

2º Resolução:

Vamos utilizar um referencial não inercial para resolver, um referencial girante. Tecnicamente isso tem diversas implicações se houverem outras componentes da nossa velocidade, e portanto não deve ser usado de forma leniente. Entrando em um referencial com eixo central igual ao da pista e que gira com velocidade angular \omega no sentido anti-horário, veremos os corredores de roupa verde e azul parados, e o roxo com uma velocidade angular diferente igual a:

\omega_3 ' = \omega_3 - \omega_1

Por \omega_1 estar no sentido contrário a \omega_3 ele é negativo, portanto:

\omega_3 ' = 1 - (-1) = 2 \, \textrm{rad/s}

Então nós vemos o corredor de roupa roxa atravessar a pista 2 vezes mais rápido que o normal, com os outros parados, portanto os tempos de encontro vão ser iguais aos múltiplos do novo período:

\Delta t (n) = n \cdot T'

Mas como a partícula é 2 vezes mais rápida, o período é 2 vezes menor, portanto segue que:

\Delta t (n) = n \cdot \dfrac{T}{2}

Refazendo os passos:

\boxed{\Delta t (n) = 3 n \, \textrm{s}}

[collapse]
Gabarito

(a) \boxed{\omega_1 = \omega_2 = \omega_3 = 1 \, \textrm{rad/s} }

(b) \boxed{\Delta t (n) = 3 n \, \textrm{s}}

[collapse]

Problema 07 **

A derrapagem é algo muito visto em filmes, e pode ocorrer com todos dirigindo um ponto ou outro, mas porque este fenômeno acontece? As rodas normalmente se movimentam numa superfície num regime chamado de rolamento perfeito, onde o ponto de contato da roda está sempre parado em relação ao chão. Se esta condição for cumprida, este ponto não se movimenta em contato com o asfalto, portanto a roda não é arrastada.

A derrapagem acontece justamente quando essa condição não é cumprida, seja por algo diminuir a fricção do chão (como água num dia chuvoso), o que limita a aceleração máxima onde a derrapagem não acontece, seja pela tentativa de fazer uma curva de maneira muito rápida, onde a velocidade ultrapassa os requerimentos da aceleração centrípeta necessária.

 

Sabendo disso, imagine uma roda de raio R se movimentando com velocidade v, e calcule quanto deve valer a sua velocidade angular \omega para que ocorra o rolamento perfeito.

Solução

Para entender a situação vamos imaginar uma roda de raio R rolando no chão com velocidade linear v e velocidade angular \omega:

Temos que o centro do círculo se move com velocidade v, e todos os pontos da roda giram em torno do centro com velocidade angular \omega, portanto se olharmos o ponto debaixo:

Então, se quisermos que este ponto esteja parado em relação ao solo, temos:

\omega \cdot R = v \Rightarrow \boxed{\omega = \dfrac{v}{R}}

[collapse]
Gabarito

\boxed{\omega = \dfrac{v}{R} }

[collapse]

Problema 08 **

Três corredores olímpicos irão percorrer os 200 m. Mas como você deve imaginar, devido aos raios de curvatura de cada raia ser diferente devem ocorrer ajustes as posições de cada corredor em relação ao outro. Portanto vamos ajudá-los e depois podemos nos preocupar com a corrida.

Sabendo que o raio da trajetória da raia mais interna vale R, e que as larguras iguais de cada raia valem d, determine:

(a) Quanto devem valer os ângulos \varphi_1 e \varphi_2 de ajuste entre os corredores 2 e 3 em relação a 1, para que a corrida seja totalmente justa.

Agora que a corrida está totalmente justa, vamos à corrida!

(b) Inicialmente, até todos saírem da parte semicircular da pista, os corredores têm a mesma velocidade angular \omega, e após saírem desta seção adquirem velocidades iguais v. Calcule o quão a frente os corredores 3 e 2 ficam em relação a 1 na parte reta do percurso.

Solução

(a) Para que ela seja totalmente justa, todos os trechos circulares de cada corredor devem ser iguais, portanto:

R \cdot \theta = (R + d) \cdot (\theta - \varphi_1) = (R + 2 d) \cdot (\theta - \varphi_2)

Para \varphi_1:

R \cdot \theta = (R + d) \cdot (\theta - \varphi_1) \therefore 0 = d \theta - (R + d) \varphi_1 \Rightarrow \boxed{\varphi_1 = \dfrac{d}{R + d} \theta}

Para \varphi_2:

R \cdot \theta = (R + 2d) \cdot (\theta - \varphi_2) \therefore 0 = 2d \theta - (R + 2d) \varphi_2 \Rightarrow \boxed{\varphi_2 = \dfrac{2d}{R + 2d} \theta}

(b) Para calcularmos essa vantagem, devemos calcular primeiramente quanto de tempo economizado os corredores 3 e 2 tem em comparação com o 1. Então vamos calcular os tempos que cada um gasta para terminar os percursos na parte circular:

\Delta t_1 = \dfrac{\theta}{\omega}, \Delta t_2 = \dfrac{\theta - \varphi_1}{\omega} e \Delta t_3 = \dfrac{\theta - \varphi_2}{\omega}

A vantagem espacial de 2 deve ser:

x_{2,1} = v \cdot (\Delta t_1 - \Delta t_2) = v \cdot \left[ \dfrac{\theta}{\omega} - \left( \dfrac{\theta - \varphi_1}{\omega} \right) \right] \therefore x_{2,1} = \dfrac{v \, \varphi_1}{\omega}

\boxed{x_{2,1} = \dfrac{d}{R + d} \cdot \dfrac{v \, \theta}{\omega}}

Analogamente a vantagem espacial de 3 é:

\boxed{x_{3 ,1} = \dfrac{2d}{R + 2d} \cdot \dfrac{v \, \theta}{\omega}}

[collapse]
Gabarito

(a) \boxed{\varphi_1 = \dfrac{d}{R + d} \theta} e \boxed{\varphi_2 = \dfrac{2d}{R + 2d} \theta}

(b) \boxed{x_{2,1} = \dfrac{d}{R + d} \cdot \dfrac{v \, \theta}{\omega}} e \boxed{x_{3 ,1} = \dfrac{2d}{R + 2d} \cdot \dfrac{v \, \theta}{\omega}}

[collapse]

Problema 09 *

No programa do Bom Dia & Cia da rede SBT, há 2 rodas que selecionam vários prêmios. O jogo funciona assim, alguém liga pedindo um prêmio, e um dos apresentadores mirins coloca a roda para girar, e atrás da roda há um leve freio e estacas dividindo os prêmios, quando as estacas batem no freio é produzido o barulho característico da roda e ela perde um pouco da sua velocidade.

Sabendo que há 12 prêmios na roda, que a roda começa no início do primeiro prêmio com uma velocidade angular de  \omega_0 = 20 \pi \, \textrm{rad/s}, e que ela é desacelerada a \alpha = \dfrac{\pi}{3} \, \textrm{rad/s}^2, determine em qual prêmio a roda vai parar.

Solução

A função horária padrão da fase angular:

\varphi (t) = \varphi_0 + \omega_0 t + \dfrac{\alpha}{2} t^2

Fazendo \varphi_0 = 0 e substituindo valores temos:

\varphi (t) = 20 \pi t - \dfrac{\pi}{2 \cdot 3} t^2

Guardemos a função da fase angular e olhemos agora a função da velocidade angular:

\omega = \omega_0 + \alpha t \therefore \omega = 20 \pi - \dfrac{\pi}{3} t

Como ele diz o prêmio no qual a roda para, devemos calcular o tempo que leva para a velocidade angular zerar e substituir isso na função da fase angular, então:

0 = 20 \pi - \dfrac{\pi}{3} t \Rightarrow t = 60 \, \textrm{s}

Substituindo:

\varphi = 20 \pi \cdot 60 - \dfrac{\pi}{6} \cdot 60^2 \Rightarrow \varphi = 600 \pi \, \textrm{rad}

Portanto o prêmio dá 300 voltas completas e para novamente no primeiro prêmio.

[collapse]
Gabarito

Primeiro prêmio

[collapse]

Problema 10 ***

João tem uma pista de carrinhos de brinquedo com um formato circular onde pode colocar seus carrinhos para competirem e correrem uns com os outros, fazendo o gráfico das velocidades angulares de 2 de seus carrinhos durante os primeiros 18 segundos, temos:

Sabendo que ambos os carrinhos estão se movimentando no mesmo sentido, determine:

(a) Quantas voltas o carrinho B está a frente do carrinho A no instante t = 10 \, \textrm{s}, considere \pi \approx 3;

(b) Quem está a frente e qual a diferença de voltas entre os carrinhos no instante t = 18 \, \textrm{s}.

(c) Quantos encontros ocorrem entre os 2 carrinhos até o final do período considerado?

Solução

(a) Para isto vamos calcular as áreas embaixo de cada função até o instante pedido. Começando com o carrinho A:

\Delta \varphi_A (10) = \dfrac{10 \cdot 12}{2} \Rightarrow \Delta \varphi_A (10) = 60 \, \textrm{rad}

Para o carrinho B:

\Delta \varphi_B (10) = \dfrac{(12 + 8) \cdot 6}{2} + 8 \cdot (10 - 6) \Rightarrow \Delta \varphi_B (10) = 92 \, \textrm{rad}

Assim temos que a diferença entre \Delta \varphi_B (10) e \Delta \varphi_A (10) é igual a 32 \, \textrm{rad}, e como uma volta completa são 2 \pi \approx 6, temos que o carrinho B está 10 voltas a frente do A.

\boxed{\Delta N_a = 10 \, \textrm{voltas}}

(b) Novamente, vamos calcular as áreas embaixo do gráfico de cada função, começando com o carrinho A:

\Delta \varphi_A (18) = \Delta \varphi_A (10) + 12 \cdot (18 - 10) \Rightarrow \Delta \varphi_A (18) = 156 \, \textrm{rad}

Para o carrinho B:

\Delta \varphi_B (18) = \Delta \varphi_B (10) + 8 \cdot (18 - 10) \Rightarrow \Delta \varphi_B (18) = 156 \, \textrm{rad}

Assim temos que a diferença entre \Delta \varphi_B (18) e \Delta \varphi_A (18) é nula!! Portanto não há nenhuma diferença de voltas e nenhum carrinho está com a vantagem.

\boxed{\Delta N_b = 0}

(c) Vamos dividir os trechos em 3, e vamos novamente usar referenciais não inerciais girantes! Vai ser novamente muito semelhante a como usamos no movimento retilíneo, sem as complicações que poderiam aparecer em situações mais complicadas.

Mas antes vamos escrever as funções da velocidade angular de cada carrinho no referencial da Terra (não vou estar mostrando os cálculos para chegar nessas funções por ser pura matemática, mas convido a todos que chequem por conta própria):

Carrinho A \left\{ \begin{array}{1} \omega_A (t) = 1,2 \, t \textrm{, para} \; 0 \leq t \leq 10 \, \textrm{s} \\ \omega_A (t) = 12 \, \textrm{rad/s, para} \; 10 \leq t \leq 18 \, \textrm{s} \end{array} \right.

Carrinho B \left\{ \begin{array}{1} \omega_B (t) = 12 - \dfrac{2}{3} t \textrm{, para} \; 0 \leq t \leq 6 \, \textrm{s} \\ \omega_B (t) = 8 \, \textrm{rad/s, para} \; 6 \leq t \leq 18 \, \textrm{s} \end{array} \right.

Daqui em diante estaremos no referencial de A o tempo todo, portanto os cálculos serão feitos com isto em mente. Assim sendo, vamos calcular a velocidade angular de B no referencial de A \omega_B ' = \omega_B - \omega_A(prestem atenção no t!!):

Carrinho B' \left\{ \begin{array}{1} \omega_B ' (t) = 12 - \dfrac{28}{15} t \textrm{, para} \; 0 \leq t \leq 6 \, \textrm{s} \\ \omega_B ' (t) = 8 - 1,2 \, t \textrm{, para} \; 6 \leq t \leq 10 \, \textrm{s} \\ \omega_B ' (t) = -4 \, \textrm{rad/s, para} \; 10 \leq t \leq 18 \, \textrm{s} \end{array} \right.

1º Trecho (de 0 s a 6 s):

Agora temos que calcular quantas voltas B dá para este trecho, com a seguinte atenção: Caso o \omega_B ' ficasse negativo alguma hora, teríamos uma complicação extra porque o B poderia voltar e depois dar mais voltas, portanto temos que contar de maneira diferente caso a partícula estivesse indo no sentido contrário. Por enquanto no entanto essa não é uma complicação, portanto vamos direto para a formulação da função horária da fase angular de B neste referencial:

\varphi_B ' (t) = 12 \, t - \dfrac{14}{15} t^2, para 0 \leq t \leq 6

Achando a fase angular percorrida nesse trecho:

\varphi_B ' (6) = 12 \cdot 6 - \dfrac{14}{15} \cdot 6^2 = 38,4 \, \textrm{rad}

Como uma volta completa equivale a 2\pi \approx 6 \, \textrm{rad}, também podemos dizer que o primeiro trecho termina com 6 voltas e \varphi_B ' (6) = 2,4 \, \textrm{rad}.

2º Trecho (de 6 s a 10 s):

Novamente vamos escrever a função horária da fase angular de B neste referencial, mas vamos só ter 2 cuidados. Primeiro, como a velocidade angular muda abruptamente temos que adotar um procedimento passo-a-passo, e por isso vamos lembrar como é a definição real da função horário da posição:

\Delta x = v_{t_1} \Delta t + \dfrac{a}{2} ( \Delta t )^2

O \Delta x normalmente se mantém nesta equação, mas sempre reduzimos \Delta t para t. O motivo é que esta fórmula vem de calcular a área do gráfico da função da velocidade no tempo, e quando fazemos isso nós sempre calculamos a área entre dois instantes de tempo (\Delta t = t_2 - t_1), gerando assim um deslocamento (\Delta x = x_2 - x_1), mas por convenção o tempo inicial ser zero a escrita comum só escreve t diretamente. Além disso devemos lembrar que a velocidade inicial que normalmente usamos é de verdade a velocidade no instante t_1. Contudo, nestes trechos nós consideramos períodos fora do inicial portanto as nossas fórmulas do movimento circular também devem ser expressadas como:

\Delta \varphi = \omega_{t_1} \Delta t + \dfrac{\alpha}{2} ( \Delta t )^2

Tendo isso em vista:

\varphi_B ' (t) - \varphi_B ' (6)= \omega_B ' (6) \cdot (t - 6) - 1,2 (t - 6)^2 \Rightarrow \varphi_B ' (t) = 2,4 + 0,8 (t - 6) - 1,2 (t - 6)^2, para 6 \leq t \leq 10 \, \textrm{s}

A preocupação que não tivemos no trecho anterior finalmente aparece aqui. Se analisarmos novamente a velocidade angular de B no referencial de A:

\omega_B ' (t) = 8 - 1,2 \, t \textrm{, para} \; 6 \leq t \leq 10 \, \textrm{s}

Podemos ver que neste trecho o sentido de B altera de horário para anti-horário. Portanto com muita cautela vamos executar 3 passos:

1º Passo: Calcular o instante da virada

Esse seria o instante onde o sentido é alterado, ou seja quando \omega_B ' (t_{inv}) = 0, portanto:

0 = 8 - 1,2 t_{inv} \Rightarrow t_{inv} = \dfrac{20}{3} \, \textrm{s}

2º Passo: Calcular a fase angular neste instante

Agora nós queremos achar a fase angular para ver quantas voltas a mais B deu antes de dar a volta, portanto:

\varphi_B ' (t_{inv}) = 2,4 + 0,8 (\dfrac{20}{3} - 6) - 1,2 (\dfrac{20}{3} - 6)^2 = 2,4 + 0,8 \cdot \dfrac{2}{3} - 1,2 \cdot \left( \dfrac{2}{3} \right)^2 \Rightarrow \varphi_B ' (t_{inv}) = 3,4 + \dfrac{1}{15} \, \textrm{rad}

Lembrando que como uma volta completa equivale a 2\pi \approx 6 \, \textrm{rad}, não há nenhuma volta adicional dada no sentido horário.

3º Passo: Calcular a fase angular final quase normalmente

Agora podemos voltar ao normal e só calcular a fase angular final desse trecho \varphi_B ' (10):

\varphi_B ' (10) = 2,4 + 0,8 (10 - 6) - 1,2 (10 - 6)^2 = 3,6 + 0,8 \cdot 4 - 1,2 \cdot 4^2 = - 13,6 \, \textrm{rad}

Observação: Caso B tivesse dado voltas adicionais no sentido horário, teríamos uma preocupação a mais, pois esta fase angular não contabiliza que voltas inteiras na prática não aumentam de fato a fase angular, já que a partícula só voltou a uma posição inicial. Teríamos que descontar as voltas dadas no sentido horário.

Podemos dizer então que o segundo trecho termina com 6 + 2 = 8 voltas e \varphi_B ' (10) = -1,6 \, \textrm{rad}.

3º Trecho (de 10 s a 18 s):

Tendo o mesmo em vista que no item passado:

\varphi_B ' (t) - \varphi_B ' (10) = \omega_B ' (10) \cdot (t - 10) \Rightarrow \varphi_B ' (t) = - 1,6 - 4 (t - 10), para 10 \leq t \leq 18 \, \textrm{s}

Achando a fase angular percorrida nesse trecho:

\varphi_B ' (18) = - 1,6 - 4 (18 - 10) = - 33,6 \, \textrm{rad}

Podemos dizer então que o terceiro trecho termina com 8 + 5 = 13 voltas. E como no referencial de ele está parado, para toda volta que B dá, temos um encontro contabilizando então:

\boxed{13 \, \textrm{encontros}}

[collapse]
Gabarito

(a) \boxed{\Delta N_a = 10 \, \textrm{voltas}}

(b) \boxed{\Delta N_b = 0}, nenhum carrinho

(c) \boxed{13 \, \textrm{encontros}}

[collapse]

Problema 11 *

No reino fictício de Circulolândia, o povo usava uma catapulta bem diferenciada. Ao invés de se aproveitar da força de cordas e tensão, eles decidiram usar o poder das rodas dentadas. O esquema a seguir mostra uma roda grande cheia de alavancas de raio R_1 = 4 \textrm{m}, conectada a uma roda bem menor de raio R_2 = 0,25 \textrm{m}. A ideia é que girando a roda grande com uma certa velocidade angular ela será muito amplificada na roda menor, e esta lançará com grande velocidade o projétil quando bater numa trava. Determine:

 

 

(a) Em qual sentido devem rodar a roda grande para que a tecnologia funcione;

(b) Qual a razão entre a velocidade angular da roda menor e a da roda maior;

(c) Considerando que a roda grande é girada com \omega_{maior} = 2 \, \textrm{rad/s}, e que o braço da catapulta tem tamanho L = 3 \, \textrm{m}, calcule a velocidade do projétil ao ser lançado da catapulta.

Solução

(a) Para que a catapulta gire para o sentido correto, a roda menor deve rodar no sentido horário, e como as 2 rodas giram pelo contato entre os dentes das rodas, elas giram em sentidos contrários, então a roda grande deve girar no sentido Anti-Horário.

(b) Como a velocidade de contato entre os dentes das rodas deve ser igual, então as velocidades nas extremidades de cada roda deve ser igual:

\omega_{menor} \, R_2 = \omega_{maior} \, R_1 \; \therefore \; \omega_{menor} \, 0,25 = \omega_{maior} \, 4

\boxed{\dfrac{\omega_{menor}}{\omega_{maior}} = 16}

(c) A velocidade do projétil é v = \omega_{menor} \cdot L , usando a relação do item anterior e depois substituindo os valores:

v = 16 \cdot \omega_{maior} \cdot L = 16 \cdot 2 \cdot 3

\boxed{v = 96 \, \textrm{m/s}}

[collapse]
Gabarito

(a) Anti-Horário

(b) \boxed{\dfrac{\omega_{menor}}{\omega_{maior}} = 16}

(c) \boxed{v = 96 \, \textrm{m/s}}

[collapse]

Problema 12 *

Calebo pedala na sua bicicleta no caminho para sua escola em São Carlos todos os dias, e ficou interessado no movimento da correia da sua bicicleta, que poderia ser considerado razoavelmente um dos mecanismos mais importantes da sua bicicleta. Ele sabe que a "engrenagem" do seu pedal tem um raio R = 10 \, \textrm{cm}, e a da sua roda tem um raio r = 5 \, \textrm{cm}. A correia que conecta as 2 está bem encaixada, e ele parte do repouso com aceleração angular no pedal igual \alpha_{pedal} = 3 \, \textrm{rad/s}^2. Ache a função horário angular da roda.

Solução

Obtendo a função horário da velocidade angular no pedal, onde \omega_{pedal,0} = 0 :

\omega_{pedal} = \omega_{pedal,0} + \alpha_{pedal} \, t = 3 \, t

Como as engrenagens de cada parte são conectadas por uma mesma correia, podemos dizer que a velocidades tangenciais de suas extremidades são iguais, portanto:

\omega_{pedal} \cdot R = \omega_{roda} \cdot r \; \therefore \; (3 \, t) \cdot 10 = \omega_{roda} \cdot 5 \Rightarrow \omega_{roda} = 6 \, t

Agora se compararmos isto com a função horária padrão da velocidade angular, conseguimos descobrir que:

\omega_{roda,0} = 0 e \alpha_{roda} = 6 \, \textrm{rad/s}^2

Portanto a função horária angular da roda é:

\varphi_{roda} (t) = \varphi_{roda, 0} + \omega_{roda, 0} t + \dfrac{\alpha_{roda}}{2} t^2 = 0 + 0 + \dfrac{6}{2} t^2

\boxed{\varphi_{roda} (t) = 3 t^2}

[collapse]
Gabarito

\boxed{\varphi_{roda} (t) = 3 t^2}

[collapse]

Problema 13 *

Um grupo de amigos estão participando de um jogo chamado de InPong, que consiste em uma plataforma giratória com um copo preso na extremidade, e outra pessoa tentando acertar uma bola de pingue pongue dentro do copo.  Sabendo que a plataforma gira com velocidade angular igual a \omega = 4 \pi \, \textrm{rad/s} e que a bola de pingue pongue leva em média 0,8 segundos para chegar ao copo, calcule quais os possíveis momentos de lançamento considerando que a bola sempre vai ser arremessada no mesmo lugar e que o copo começa na posição certa.

Solução

Primeiro calcularemos os tempos em que a bola deve chegar ao copo, estes são iguais a múltiplos inteiros dos períodos, já que o copo começa na posição certa e só precisamos que ele volte à ela no momento que a bola chegar. Mas a bola deve ser lançada antes para levar em conta o tempo do lançamento, portanto:

t = n T - \Delta t_{lan} = n \, \dfrac{2 \pi}{\omega} - \Delta t_{lan}

Substituindo valores:

t = \dfrac{2 \pi}{4 \pi} \, n - 0,8

\boxed{t = \dfrac{n}{2} - 0,8 \, \textrm{para todo} \, n \geq 2, n \in \mathbb{N} }

[collapse]
Gabarito

\boxed{t = \dfrac{n}{2} - 0,8 \, \textrm{para todo} \, n \geq 2, n \in \mathbb{N} }

[collapse]

Problema 14 **

Se tivermos um avião A que sai de Macapá e decide dar a volta no mundo com velocidade constante v_{av} = 250 \, \textrm{m/s} em relação a superfície da Terra, se mantendo na linha do Equador indo ao oeste, e um avião B com a mesma velocidade e modelo de A, que quer fazer o mesmo, mas indo ao leste, determine:

(a) Qual dos dois completará seu objetivo primeiro? Ou ambos completarão ao mesmo tempo?

(b) Para um referencial localizado no centro da Terra, qual o módulo das velocidades dos aviões A e B, em m/s, e para qual sentido estão indo? Considere o raio da Terra R_T = 6372 \textrm{km} e \pi \approx 3.

Solução

(a) Como ambos possuem a mesma velocidade em relação a superfície da Terra, ambos completam o seu objetivo ao mesmo tempo.

(b) Temos que fazer a mudança de um referencial localizado na superfície para o localizado no centro da Terra, e portanto iremos novamente utilizar da transformação de velocidades angulares para referenciais não inerciais girantes.

Como é mostrado na figura acima, se temos que os aviões possuem velocidades v_{av} para o Leste e -v_{av} para o Oeste, e a Terra gira com um \omega_{rot} para o Leste, temos que as velocidades angulares de cada avião no novo referencial são:

\omega_{L} ' = \omega_{rot} + \dfrac{v_{av}}{R_T}, para o avião indo a Leste

\omega_{O} ' = \omega_{rot} - \dfrac{v_{av}}{R_T}, para o avião indo a Oeste

Como o período de rotação da Terra é T_{rot} = 1 \, \textrm{dia} \approx 86400 \, \textrm{s}, e \omega = \dfrac{2 \pi}{T}, temos que a velocidade do avião que ia para o Leste neste referencial vale:

\omega_{L} ' = \dfrac{2 \pi}{T_{rot}} + \dfrac{v_{av}}{R_T} = \dfrac{\dfrac{2 \pi R_T }{T_{rot}} + v_{av}}{R_T} \Rightarrow

\Rightarrow v_L ' = \omega_L ' \cdot R_T = \dfrac{2 \pi R_T }{T_{rot}} + v_{av} = \dfrac{2 \cdot 3 \cdot 6372 \cdot 10^3}{86400} + 250

\boxed{\Rightarrow v_L ' = 692,5 \, \textrm{m/s}} para o Leste.

Analogamente, para o avião que ia para o Oeste:

\Rightarrow v_O ' = \omega_O ' \cdot R_T = \dfrac{2 \pi R_T }{T_{rot}} - v_{av} = \dfrac{2 \cdot 3 \cdot 6372 \cdot 10^3}{86400} - 250

\boxed{\Rightarrow v_O ' = 192,5 \, \textrm{m/s}} para o Leste.

[collapse]
Gabarito

(a) Ao mesmo tempo

(b) \boxed{v_L ' = 692,5 \, \textrm{m/s}} e \boxed{v_O ' = 192,5 \, \textrm{m/s}}, ambos para Leste.

[collapse]

Problema 15 ***

Upylau, Ualype, Epylau, Ulaybe e Ualysson são fascinados por RPGs (Role Playing Games) de fantasia e jogam todos os finais de semana, e no último jogo o grupo deles se encontrou numa enrascada: O grupo deles estava fugindo de um Dragão Apodrecido quando se deparam com uma plataforma girante coberta de gelo, com um porém, 1/4 dessa plataforma não tinha chão e abaixo dela havia um poço de ácido. O feiticeiro está sem magia, o paladino não possui nenhuma magia útil, e o resto do grupo não são usuários de magia. Eles só tem uma opção: começarem a correr e deslizar no gelo, torcendo para que não caiam.

Eles começam a correr no instante acima e por conta do gelo, não há como mudar nem o módulo nem o sentido de suas velocidades iguais a v. Considere que o grupo possui dimensões desprezíveis em relação ao ambiente, e que eles correm na direção do diâmetro do círculo. Para quais velocidades angulares o grupo sobrevive?

Solução

Para descobrirmos isso, devemos dividir os trechos da primeira e da segunda metade, já que o que importa é quando a parte sem chão vai estar no primeiro ou no segundo.

Primeiro trecho

Neste primeiro trecho temos que considerar 2 casos:

Primeiro Caso

O primeiro caso que devemos evitar é do ângulo \varphi ficar menor que 0 durante a travessia desse primeiro trecho. Vamos calcular o tempo dessa travessia:

\Delta t = \dfrac{\Delta S}{v} \Rightarrow t_1 = \dfrac{R}{v}

Calculando a função horária do ângulo:

\varphi (t) = \varphi_0 + \omega t = \pi - \omega t

Como não queremos que o ângulo fique negativo até o final da travessia, o caso limite é o de \varphi (t_1) \geq 0:

 \pi - \omega \dfrac{R}{v} \geq 0 \Rightarrow \pi \geq \omega \dfrac{R}{v}

\boxed{\omega \leq \dfrac{\pi v}{R}}

Segundo Caso

O segundo caso que temos é que evitar é o de logo após a travessia do primeiro trecho, o grupo dar de cara com o ácido, em outras palavras não queremos que \dfrac{\pi}{2} < \varphi (t_1) < \pi, o que nos diz que a condição limite é \varphi (t_1) \leq \dfrac{\pi}{2}, portanto:

 \pi - \omega \dfrac{R}{v} \leq \dfrac{\pi}{2} \Rightarrow \dfrac{\pi}{2} \leq \omega \dfrac{R}{v}

\boxed{\omega \geq \dfrac{\pi v}{2 R}}

Segundo trecho

Neste segundo trecho só há uma preocupação: Não queremos que a parte aberta dê a volta completa até o final da segunda travessia. Para começar vamos calcular o tempo de travessia total:

t_2 = 2 \cdot t_1 = \dfrac{2 R}{v}

 Com isso podemos entender que não queremos que \varphi (t_2) < - \pi (- \pi significa que ele deu uma volta no sentido negativo e voltou ao ângulo inicial). Como a condição limite é \varphi (t_2) \geq -\pi, temos:

 \pi - \omega \dfrac{2 R}{v} \geq -\pi \Rightarrow 2 \pi \geq \omega \dfrac{2 R}{v}

\boxed{\omega \leq \dfrac{\pi v}{R}}

Esta condição já foi cumprida, e já poderíamos ter percebido isso pensando que, para a maior velocidade angular possível para sobreviverem o primeiro trecho o poço só teria um deslocamento angular de \pi , portanto até o final do segundo trecho, só iria aumentar esse deslocamento na mesma quantidade, não sendo o necessário pra matar nossos heróis.

Juntando os limites achados, temos:

\boxed{\dfrac{\pi v}{2 R} \leq \omega \leq \dfrac{\pi v}{R}}

[collapse]
Gabarito

\boxed{\dfrac{\pi v}{2 R} \leq \omega \leq \dfrac{\pi v}{R}}

[collapse]