Escrito por Pedro Tsuchie
Alguns exercícios para você estudar a teoria estudada. O grau de dificuldade dos problemas está indicado com *. Problemas com * são equivalentes a problemas de primeira fase da OBF, ** equivalentes à segunda fase e *** equivalentes à terceira fase.
Problema 01*
Para empurrar um bloco de massa 10kg, João aplica uma força F. Se João aplicar a mesma força em um bloco de massa , qual a razão das acelerações ? Desconsidere quaisquer outras forças.
Usando temos para o corpo de massa 10kg :
Para o corpo de 20kg:
Fazendo a divisão:
A razão é
Problema 02*
Uma força é aplicada a um corpo de massa , inicialmente parado. Determine a posição em função do tempo, considerando que ele começa na posição . Desconsidere quaisquer outras forças.
Pela segunda lei de Newton,
Usando a fórmula
Como o corpo está inicialmente parado, e como ele começa em 0,
Logo:
Problema 03*
Calcule a aceleração do bloco ao longo do plano.
Problema 4*
São dadas as massas , e a aceleração local , encontre a aceleração dos blocos e a tração no fio. Considere o fio inextensível e sem massa. Despreze os atritos entre todas as superfícies.
Balanceando as forças nos corpos e ,respectivamente:
Como o fio é inextensível:
Resolvendo as equações:
OBS: aponta para baixo no plano e aponta para cima
Problema 5*
Encontre o coeficiente de atrito estático mínimo para que o bloco de massa permaneça no plano.
Para resolver o problema devemos marcar as forças em na direção do plano e na direção perpendicular ao plano:
Perceba que a força de atrito deve assumir seu valor máximo para que seja mínimo. Resolvendo as equações:
Problema 6*
Henrique, um aluno de física muito aplicado, fica intrigado com a dificuldade em mover uma caixa na direção paralela ao solo. Ele pensava qual seria a força de resistência e por que ela aumentava com a massa. Depois de uma aula com seu professor de física, Henrique finalmente entendeu qual a força que resistia o movimento: o atrito! Considere que a força de atrito seja
Em que é a força normal e uma constante que depende do chão e da caixa. Detalhe: o atrito é sempre contrário ao movimento . Determine a força ,completamente horizontal, mínima que deve ser aplicada à fim de movimentar o bloco. Considere dado a massa, a gravidade e . A fórmula do atrito fornecida deve ser memorizada, já que é muito necessária para fazer provas de olimpíadas e vestibulares.
Balanceando as forças na vertical e percebendo que o bloco não sobe nem desce:
Forças na horizontal, considerando o atrito máximo:
A força mínima é tal que a aceleração é zero:
Problema 7**
Henrique, depois de alguns testes percebeu que existiam direções em que ele precisava fazer forças menores. Considere dado a massa, a gravidade e .
a) Escreva a equação que fornece em função do ângulo que a força faz com a horizontal. Considere que o bloco nunca sai do chão.
b) Diga o que minimiza a força para e encontre a força mínima. Dica:
a)
Percebendo que o corpo não deve perder contato com o solo e balanceando as forças na vertical:
Forças na horizontal, considerando que no caso mínimo a aceleração é zero:
b)
Para temos:
Para minimizar em função de devemos maximizar o denominador, isto é, maximizar:
Para maximizar esta função vamos chamá-la de e elevar os dois lados ao quadrado:
Usando que temos que:
Queremos maximizar y e ,portanto, maximizar . Logo queremos tal que seja máximo. O que maximiza é o 45°.
Logo °
A força é, substituindo:
a)
b)
°
Problema 8*
Na maioria dos problemas ignoramos a massa das cordas. Neste problema, porém, considere uma corda de massa , uniformemente distribuída, e tamanho pendurada no teto. Podemos considerar a tração constante por toda a corda? Encontre a Tração como função da altura. Considere o ponto mais baixo da corda como a altura .
Problema 9*
Escreva a posição em função do tempo de um bloco de massa que começa no repouso e à partir de está sujeito à uma força horizontal . Considere que o coeficiente de atrito entre o bloco e o chão é .
Escrevendo a segunda lei de Newton para o bloco:
Logo a aceleração é:
Usando a fórmula :
Problema 10**("Introduction to Classical Mechanics", David Morin)
Uma corda de densidade linear e tamanho está presa em um plano inclinado de ângulo e coeficiente de atrito estático . Encontre os valores que a tração do topo da corda pode assumir. Considere que o topo está preso ao plano e que .
A chave deste problema está em lembrar que o atrito pode assumir as duas direções.
Considerando o atrito para cima na direção do plano obtemos a Tração mínima:
A tração máxima ocorre quando o atrito aponta para baixo:
Logo
Problema 11** ("Competitive physics", Bernard Ricardo")
Para a máquina de atwood abaixo, encontre as acelerações das massas e a tração no fio que segura
Assim como todos os problemas de máquinas de atwood, devemos marcar as forças e encontrar um vínculo geométrico que represente a constância do fio.
Considerando para cima como positivo e marcando as forças nos corpos:
Forças em :
Forças em :
Utilizando a ideia de trabalho resultante igual a 0: se sobe e sobe então, igualando o trabalho total a zero:
Cortando a tração e derivando duas vezes( se você não sabe o que é derivar, pense que estamos dividindo ambos os lados por um muito pequeno duas vezes):
Temos ,assim, o seguinte sistema de equações:
Resolvendo o sistema chegamos em :
Problema 12**
Esse problema será muito importante para a solução do problema , portanto, recomenda-se resolvê-lo antes do próximo problema. Neste problema buscaremos introduzir o conceito de massa equivalente, em que, basicamente, substituímos uma polia e duas massas por uma massa que produz o mesmo efeito. Para ajudá-lo considere a situação na figura à seguir. Qual massa devemos escolher para substituir as massas e ?
Escrevendo a segunda lei para as três massas, considerando para baixo como positivo:
O vínculo geométrico pode ser encontrado pelo método do trabalho 0:
Resolvendo o sistema chegamos em:
Comparando com a expressão de da máquina de atwood clássica() chegamos a conclusão que:
Problema 13***("Introduction to classical mechanics", David Morin)
Encontre a aceleração da primeira massa de uma máquina de atwood infinita como mostrado na figura à seguir. Dica: O resultado da questão anterior será muito útil.
Considere que o sistema é equivalente a uma massa acoplada a uma massa equivalente . Caso adicionemos mais uma massa à esse sistema, sua massa equivalente não pode mudar, já que o sistema é infinito.
Portanto deve satisfazer:
Isolando :
Logo todo nosso sistema excluindo a primeira massa é equivalente a uma massa de 3m. L0go basta acharmos a aceleração da massa quando acoplada a uma massa em uma mesma polia. Para isso basta substituir esses valores na fórmula para a máquina de atwood tradicional:
Ou seja o corpo de cima acelera a metade da gravidade para cima!
Problema 14***
Neste problema estudaremos conjuntos de massa m, isolados do restante do universo, de maneira que as únicas forças atuantes são de natureza gravitacional. Considere que a força que uma massa faz em uma de é em que r é a distância entre elas , uma constante e o vetor unitário que aponta na direção de , de para . Observação: para este problema a fórmula fornecida não será tão importante, porém é necessário tê-la decorada, já que é muito cobrada na OBF. Considere que as massas estão presas aos vértices.
a) Se dispormos 3 massas m na forma de um triângulo equilátero de lado l e uma ao centro, qual a força na massa central?
b) Repita a mesma pergunta para um quadrado de lado l e uma massa ao centro.
c) O que acontece se retirarmos uma das massas do quadrado? Qual é, agora ,a força na massa do centro?
d) Faça o mesmo que o item a) para um polígono de n lados. Considere que a distância de um vértice ao centro é r.
e) Encontre a força na massa central de um polígono de n lados com uma massa faltando.
a)
O centro do triângulo equilátero é equidistante de seus vértices e é incentro e baricentro do triângulo. Por conta disso, as retas que ligam seus vértices ao seu centro formam ângulos de 120°. Aqui podemos usar uma propriedade de soma de vetores bastante conhecida: a soma de dois vetores de mesmo módulo ,com um ângulo de 120°entre eles, possui o mesmo módulo que um dos vetores e aponta para a bissetriz. Usando este fato, é bastante intuitivo que a soma é . Observe a imagem:
b)
Este é ainda mais fácil: o centro do quadrado é o encontro das diagonais e ,portanto, existem duas massas simetricamente opostos cujas forças cancelam-se. Logo a força é .
c)
Método 1
O primeiro método consiste em usar a simetria que utilizamos no item b), um par de massas irá se cancelar e a outra massa faz a força resultante. A força será a de duas massas m com distância de metade de uma diagonal, ou seja:
Colocando esse r na fórmula fornecida:
Método 2
O segundo método, importantíssimo para uma generalização, consiste em notar que a situação descrita no item c) é equivalente à situação inicial superposta à uma só massa -m no vértice que falta uma das massas. De fato, juntando estes casos teremos 3 vértices preenchidos com massa m e um com massa , justamente como queríamos. Basta, portanto, somar as duas forças, a primeira é zero por simetria e a segunda é simplesmente a força de duas massas m, só que com o sentido invertido devido ao sinal negativo da massa*. Dessa forma chegamos ao mesmo valor que no método 1:
*Observe que não estamos assumindo que exista massa negativa, apenas usamos esta ferramenta puramente algébrica para simplificar o problema.
d)
Precisamos somar muitos vetores que partem do centro até os vértices de um polígono regular, no caso, de n lados. Existem diversas formas de provar que o resultado da soma é zero, mas utilizaremos a forma mais simples. Considere que os lados do polígono são na realidade vetores que apontam em um sentido, por exemplo horário, é sabido que a soma deles é 0. Separe o polígono em triângulos compostos de um dos lados do polígono e dois vetores que ligam vértices ao centro. Olhe a figura
Da figura temos
Repetindo este processo, somaremos todos os vetores que são lados do polígono 1 vez e todos os vetores que ligam o centro até um vértice 2 vezes. Teremos então que a soma de todos os vetores centro-vértices somados duas vezes mais a soma dos vetores lado é igual a . Porém, sabemos que a soma dos vetores lado é e ,portanto, a soma dos vetores centro-vértices é também. Na forma de equações:
Em que são os vetores centro-vértices e os vetores lado. Portanto, a força na massa central é .
e)
Depois de provado que a força resultante é zero, podemos usar o mesmo argumento do método 2 do item c e superpor um polígono com massas e um vértice com uma massa . Logo a força é idêntica:
Lembre-se que definimos de maneira diferente que .
a)
b)
c)
d)
e)
Problema 15***
Um clássico problema consiste em analisar blocos em planos inclinados. Até agora, tratamos de plano que se encontram imóveis, isto é apenas o bloquinho se movia. Neste problema considere que o bloquinho tem massa m e o plano inclinado de e massa M. Encontre a aceleração do plano. Desconsidere o atrito.
Este problema dispõe de duas soluções: na primeira, usamos conceitos mais básicos e na segunda usaremos o conceito de forças inerciais.
Solução 1
A primeira solução consiste em marcas as forças e escrever as leis de Newton para os dois blocos. Neste caso, como temos acelerações na horizontal é melhor adotarmos o plano cartesiano normal com o x sendo positivo para a direita e o y positivo para cima. Marcando as forças em x no bloquinho e no plano, respectivamente:
Em que é a aceleração do bloquinho. Escrevendo a segunda lei na vertical para o bloquinho:
Analisando as equações percebemos que algo está faltando: a condição para que o bloquinho não perda o contato com o plano. Suponha que o bloco ande x para a direita e y para cima e o plano X para a direita. Para que o bloco se mantenha no plano é necessário que:
Dividindo em cima e em baixo por 2 vezes:
Lembre-se que é negativo por nossa convenção.
Resolvendo as equações temos que :
Solução 2
Passemos para o referencial do plano inclinado que se move com . Disso surgirão forças inerciais no bloco e no Plano. Desta vez, como o plano está parado, adotaremos as direções paralela e perpendicular ao plano.
Segunda lei para o bloquinho na direção paralela do plano:
Segunda lei para o bloquinho na perpendicular:
Forças no plano na horizontal:
Para solucionar só precisamos das últimas duas equações e chegamos na mesma resposta: