Escrito por Gabriel Hemétrio
Alguns exercícios para você estudar a teoria estudada. O grau de dificuldade dos problemas está indicado com *. Problemas com * são equivalentes a problemas de primeira fase da OBF, ** equivalentes à segunda fase e *** equivalentes à terceira fase.
Problema 01*
Um carrinho de massa , deslocando-se com velocidade sobre um trilho horizontal sem atrito, colide com outro carrinho de massa , inicialmente em repouso sobre o trilho. Sabendo que a colisão é inelástica, qual é a perda de energia mecânica no processo?
Como a colisão é inelástica, teremos, pela conservação do momento angular que:
Logo:
Por fim, calculando a energia dissipada:
Simplificando:
Problema 02**
Uma bola de gude de raio e uma bola de basquete de raio são lançadas contra uma parede com velocidade horizontal e com seus centros a uma altura . A bola de gude e a bola de basquete estão na iminência de contato entre si, assim como ambas contra a parede. Desprezando a duração de todas as colisões e quaisquer perdas de energia, calcule o deslocamento horizontal da bolinha de gude ao atingir o solo.
Nesse caso, após colidir com a parede, a bola de basquete retornará com velocidade e, após isso, colidirá com a bola de gude, de modo que, pela conservação de momento linear:
Como a colisão é elástica, , então:
Ou seja:
Assim:
Como , teremos:
Logo:
De tal modo, é de imediato, que:
Problema 03*
Durante um jogo de Futebol Americano um jogador cuja massa é salta em direção a um jogador adversário, inicialmente em repouso, atingindo-o com uma velocidade de . Eles se seguram e passam a se mover com uma velocidade de . As velocidades antes e depois da colisão possuem mesma direção e sentido. Despreza as perdas com as interações com o gramado.
(a) Qual a massa, em , do jogador adversário?
(b) Qual a perda mecânica mecânica na colisão, em ?
(a) Como não há forças externas (como a interação com o gramado), podemos conservar o momento linear na horizontal:
Em que definimos como sendo a massa do jogador inicialmente em movimento, a massa do jogador inicialmente em repouso, a velocidade inicial e a velocidade final. Note que consideramos a colisão inelástica já que os jogadores passam a se mover juntos após o impacto. Dessa forma, temos:
(b) Para calcular a energia dissipada, basta encontra a variação de energia cinética, já que nenhuma parcela se transforma em potencial:
Numericamente encontramos:
(a)
(b)
Problema 04**
Uma bola de basquete pode ser usada para impulsionar uma bola de tênis a uma altura surpreendente. A figura abaixo, fora de escala, representa a configuração inicial de um sistema formado por uma bola de tênis, raio e massa , que está apoiada sobre uma bola de basquete, raio e massa , cuja base está a uma altura acima de um piso horizontal liso. Determine a máxima altura que o centro de cada bola atinge após serem abandonadas do repouso. Considere que a colisão da bola de basquete com o piso é instantânea, de modo que, efetivamente, a bola de basquete em ascensão colide com a bola de tênis enquanto essa está descendo e que todas as colisões são perfeitamente elásticas. (As especificações das bolas são aproximadas e não estão, necessariamente, nos intervalos aceitos oficialmente em cada modalidade esportiva.)
Chamaremos aqui de a massa da bola de basquete e a massa da bola de tênis. Considere o instante em que a bola de basquete bate no chão, temos ambas as bolas com velocidade:
Após a colisão da bola de basquete com o solo seu movimento é invertido e a mesma colide com a bola de tênis. Adotaremos como para cima o sentido positivo de velocidades. Conservando o momento nessa colisão, temos:
Pelo coeficiente de restituição:
Substituindo , obtemos:
Sabemos que , logo:
Substituindo, obtemos :
As alturas do centro são dadas então por:
Problema 05**
A figura abaixo mostra dois níveis de referência e , localizados em relação ao solo pelas distâncias verticais e respectivamente. Um corpo de massa é abandonado do nível e após colidir com o solo eleva-se até o nível e assim sucessivamente o corpo quica várias vezes com o solo elevando-se a novos níveis.
Desprezando os efeitos do ar e considerando o coeficiente de restituição de energia () durante a colisão, determine:
a) os trabalhos da força gravitacional entre os níveis e e os classifique como motor ou resistente
b) a altura do nível atingido por este corpo após colisões sucessivas.
a) A massa está inicialmente em repouso e, devido à atração gravitacional da terra, ela começa a acelerar para baixo. Como o trabalho da força gravitacional está aumentando a velocidade, em módulo, do corpo, então pode-se dizer que o trabalho é motor. O trabalho de uma força pode ser facilmente encontrado pela definição dele. O trabalho de uma força é o produto do valor dessa força pelo deslocamento do corpo na direção desta. Portanto, como a força de atração gravitacional é vertical e aponta para baixo, sendo o trabalho:
b) Para encontrar essa altura tem de se primeiro pensar em como a energia mecânica da massa varia no tempo. A energia mecânica do sistema é dada por:
Na altura máxima do sistema, pode-se dizer que a velocidade da partícula é zero, pois do contrário a altura iria aumentar se você olhasse a posição dela num tempo maior ou menor. Portanto, num trecho do movimento da partícula em que a energia mecânica se conserva, pode-se dizer que, caso o ponto de altura máxima esteja nele:
Onde é a altura máxima da partícula. Por esse resultado, caso a partícula tivesse energia mecânica constante ao longo do movimento todo, ela teria a altura máxima, após cada colisão com o chão, constante em todas colisões e igual a . Ademais, a energia também pode ser encontrada se você souber a velocidade da partícula quando a energia potencial gravitacional da partícula é mínimo, i.e, no nosso caso, a velocidade da partícula se :
A interação gravitacional não dissipa energia mecânica, portanto a perda de energia ocorre apenas durante as colisões. Assume-se por simplicidade que o problema espera que você considere o caso mais trivial dessa perda de energia: A colisão da bola com o chão não é perfeitamente elástica. Quando a colisão entre dois corpos é não-perfeitamente elástica, pode-se dizer que a velocidade relativa de aproximação se relaciona com a velocidade relativa de afastamento deles por um coeficiente :
E experimentalmente se encontra que esse coeficiente é função apenas das propriedades intrísecas dos dois corpos em questão. Como o chão está parado no referencial da terra, a velocidade relativa de afastamento ou aproximação da massa com ele é apenas a própria velocidade dessa massa. Portanto, vale que, sendo a velocidade da partícula após a colisão e a velocidade da partícula antes da colisão:
Ademais, se após a colisão a partícula sai do chão com velocidade , após cair nele novamente ela ainda terá velocidade , porém com sinal invertido, devido à conservação de energia mecânica durante o tempo em que a partícula está voando. Portanto, se inicialmente, antes da primeira colisão, a partícula tinha velocidade , vale, e em geral, imediatamente após a n-ésima colisão ela tem velocidade :
E, em geral, vale que:
Como desde a colisão até a altura máxima da partícula vale a conservação da energia mecânica, então:
Onde é a altura máxima da partícula após a n-ésima colisão. Portanto:
Já que vale que é a altura máxima da partícula antes de ela colidir com o chão. Podemos encontrar o resultado também a partir de e . Vale que:
Portanto:
Como , o fator é menor que um e a cada colisão a altura máxima da partícula após quicar diminui.
a) Motor.
b)
Problema 06**
Uma esfera de massa é abandonada de uma altura em relação ao ponto no declive da cunha triangular de massa montada sobre rodas, conforme mostra figura abaixo. A esfera choca-se elasticamente, com a cunha no ponto , que se encontra a uma altura do solo (ver figura) e após a colisão é lançada horizontalmente até atingir o solo no ponto . Desprezando os efeitos de possíveis forças de resistência existentes no sistema, determine a velocidade da esfera ao atingir o ponto .
A bola colidir elasticamente com a cunha no ponto implica que a energia do sistema é conservada durante a colisão, sendo a mesma antes e depois dela. Contudo, deve-se ter cuidado, pois a conservação da energia deve-se fazer imediatamente depois da colisão, antes da cunha colidir com a terra e passar a se mover só na horizontal, já que essa colisão pode não conservar energia. A conservação de energia e todos os passos serão feitos considerando a colisão da bola com a cunha apenas, considerando portanto o movimento da partícula e da cunha antes da colisão da cunha com o chão. A energia cinética da bola ao chegar em pode ser encontrada facilmente, pois está é igual ao trabalho da força gravitacional na bola até chegar em , visto que esta parte do repouso:
Ademais, o sistema não tem quantidade de movimento na direção , e como não há nenhuma força horizontal agindo no sistema durante esse meio tempo, visto que o chão é liso, no final essa quantidade de movimento continuará zero.Portanto, sendo a velocidade da bola imediatamente após a colisão e a velocidade da cunha em imediatamente após a colisão, e sendo ambas horizontais, a conservação de quantidade de movimento do sistema na direção implica que:
Antes da cunha de massa colidir com o chão, sendo o momento que estamos analisando, a quantidade de movimento na direção que a massa tinha inicialmente vai toda para a cunha. Portanto, para a cunha:
Ademais, como a energia cinética do sistema se conserva, a energia cinética da bola no começo é igual à soma da energia cinética da cunha e da bola no final.
E até atingir o ponto , a bola estará sob efeito apenas da interação gravitacional e portanto terá sua energia mecânica conservada. Como não há força horizontal nela, ela continuará com velocidade horizontal constante e igual a , e a velocidade que ela chega em pode ser encontrada uma vez que se encontra a velocidade vertical da bola em . Essa velocidade vertical encontra-se trivialmente com o teorema de Torriceli, pois a bola cairá com aceleração vertical constante e ela parte em repouso em , implicando que, sendo sua velocidade vertical :
Usando pitágoras para encontrar a velocidade final total :
Usando as relações do problema:
Problema 07***
Uma massa começa a mover-se a partir de um piso horizontal com uma velocidade vertical e uma velocidade horizontal . Sempre que colide com o chão, a sua velocidade vertical resultante vertical resultante é uma fração e da que tinha antes da colisão. Se o coeficiente de de atrito cinético entre o solo e a massa é , e a velocidade horizontal da massa se torna zero após exatamente colisões, determine .
Seja e as velocidades vertical e horizontal, respectivamente, da massa imediatamente após a i-ésima colisão, teremos:
Logo:
Os impulsos recebidos pela normal e pela força de atrito podem ser calculados por:
De modo que, a partir disso, conseguimos calcular a velocidade final da seguinte maneira:
No caso em que a velocidade se anula:
Ou seja:
Como é inteiro, temos que, na verdade, pegar o menor númerio inteiro que é maior que a expressão encontrada anteriomente, ou seja, deveremos utilizar a função teto:
Problema 08*
Com base na figura, as duas esferas à direita estão inicialmente em repouso e a esfera da esquerda incide sobre a do centro com velocidade . Supondo que as colisões sejam frontais e elásticas, mostre que se há duas colisões e se há três colisões.
Primeiramente analisando se um corpo de massa m colidir com um corpo de massa M em repouso em cada caso de relação entre as massas.
Se , m continua o seu caminho na mesma direção que inicialmente, enquanto M vai com velocidade maior para essa direção.
Se , o corpo de massa m passa a ficar em repouso enquanto o corpo de massa M passa a ter a velocidade inicial do corpo de massa m.
Se , o corpo de massa m, após colidir, passa a se mover na direção contrária e o corpo de massa M se move na direção inicial.
Analisando esses casos, a primeira colisão das esferas de massa faz com que a primeira esfera fique parada e a segunda se mova com . Após isso, a esfera de massa colide com a de massa , e analisando os casos, se ou , so há duas colisões. Enquanto se , a segunda esfera volta e causa uma terceira colisão com a primeira esfera.
Demonstração acima
Problema 09*
Uma bola com coeficiente de restituição é atirada com uma velocidade horizontal. Determine a que distância, , a bola atinge o ponto P. Despreze a resistência do ar.
Para calcular a distância total , Podemos dividi-la em duas parte s: a distância percorrida até ela encostar no chão após ser lançada; e a distância percorrida após ricochetear e chegar no ponto P. Escrevendo as equações de movimento na horizontal e vertical, respectivamente:
Onde é o tempo que a bola leva até quicar. Resolvendo para na segunda equação e substituindo na primeira:
Agora podemos encontrar escrevendo as mesmas equações de movimento na horizontal e vertical para o instante após o quique:
(relação 1)
Onde adotamos como sendo a altura máxima que a bola alcança no movimento parabólico após ricochetear. Algo interessante a se notar é que, a velocidade na equação para o movement na horizontal se manteve , pois como a reação normal da superfície atua apenas na vertical neste caso (assumimos que não há atrito), a única componente da velocidade que sofrerá alteração é a da vertical! Além disso, o tempo que colocamos na segunda equação é , e a velocidade inicial . Fizemos isto pois consideramos apenas metade do movimento (até chegar no topo), e de trás para frente, para não ter que lidar com equações do segundo grau. Encontrando com Torricelli:
(relação 2)
Onde é a velocidade vertical após a colisão, que pode ser encontrada usando o coeficiente de restituição e a velocidade vertical antes da colisão :
Assim, igualando as duas relações para para encontrar :
Portanto:
Assim, a distância total pode ser escrita como:
Problema 10***
Em uma colisão bidimensional, uma esfera de massa é lançada com uma certa velocidade para colidir elasticamente com uma esfera de massa em repouso. Calcule o maior ângulo de espalhamento possível da esfera de massa em relação a direção inicial do seu movimento.
No referencial do centro de massa, a esfera de maior massa possui velocidade dada por:
Sabemos que o módulo dessa velocidade não mudará antes e depois da colisão, sendo assim, podemos escrever:
Onde é a velocidade final da esfera de massa em relação à terra e é a velocidade final da massa em relação ao , com módulo calculado anteriormente. Podemos esquematizar então:
Onde a circunferência foi desenhada para indicar que podemos variar a direção de ao longo da mesma. No caso do maior ângulo , o vetor tangencia a circunferência, conforme no esquema a seguir:
Utilizando a definição de seno e o fato de que a tangente à uma circunferência é perpendicular ao raio da mesma, obtemos:
Logo, nossa resposta final é:
É importante ressaltar que essa solução é incrivelmente curta quando comparada a solução no referencial da Terra, que pode ser encontrada em um problema da semana.
Problema 11***
Uma massa com velocidade inicial , atinge um sistema massa-mola,cuja massa é , inicialmente em repouso, mas livre para se movimentar. A mola é ideal e possui constante elástica conforme a figura. Não há atrito com o solo.
a) Qual é a compressão máxima da mola?
b) Se, após um longo tempo, ambos os objetos, se deslocam na mesma direção, qual serão as velocidades finais e das massas e , respectivamente?
a) Primeiramente, deve-se perceber que o instante da compressão máxima é quando as velocidades de ambas as massas são iguais, pois enquanto a massa tiver velocidade maior a mola continuará a ser comprimida cada vez mais. Sabendo disso, podemos descobrir a velocidade das massas nesse instante a partir da conservação da quantidade de movimento.
Agora, note que não atuam forças dissipativas nesse sistema, portanto:
b) Como na situação final só haverá a energia cinética das massas e o momento se conservará, temos simplesmente uma colisão perfeitamente elástica, portanto, podemos utilizar o conceito de coeficiente de restituição:
Pela conservação do momento linear (quantidade de movimento), temos:
Igualando, obtemos então:
E, substituindo na equação para , temos:
a)
b)
e
Problema 12*
Duas partículas de massas e estão movendo-se em direções opostas sobre uma superfície plana sem atrito. Elas têm velocidades constantes, cujos módulos são e e colidem. A colisão é frontal e perfeitamente elástica. Calcule as velocidades finais das partículas.
Pela conservação da quantidade de movimento, temos:
Por outro lado, a relação do coeficiente de restituição nos dá:
Substituindo na expressão da conservação da quantidade de movimento, temos:
Logo:
Problema 13**
Uma massa com velocidade na direção colide elasticamente com uma massa estacionária , onde é um número real. Depois da colisão é observado que ambas as massas têm velocidades iguais na direção . Qual o ângulo que a velocidade da massa faz com o eixo ?
Conservação da quantidade de movimento no eixo x:
Conservação da quantidade de movimento no eixo y:
Conservação de energia:
Logo,como e são iguais, o ângulo que a massa faz com o eixo x é .
Problema 14*
Uma bolinha de massa viaja a uma velocidade ate que se choca com outra, de massa que estava parada. Sabendo que na colisão da energia foi perdida, qual a velocidade final de ambas as massas?
Conservação da momento:
(I) -
Relação das energias:
(II) -
Aplicando (I) em (II):
Resolvendo a equação do segundo grau, obtemos:
Aplicando (I), obtemos :
Problema 15*
Considere uma partícula de massa que se move com velocidade iniciamente em direção a um espelho. Sabendo que , mostre que a velocidade da partícula é conservada e que .
Como a colisão é elástica, a energia é conservada, de modo que:
Ou seja:
Além disso, como , teremos, calculando as velocidades relativas de aproximação e afastamente em relação à normal do espelho:
Assim:
Uma vez que , concluímos que:
Demonstração.