Problemas Aula 1.9 - Estática e Noções de Dinâmica Rotacional para OBF

Escrito por Alex de Sousa

Alguns problemas para você praticar a teoria estudada. O grau de dificuldade dos problemas está indicado com asteriscos (*). Problemas com 1 asterisco é o equivalente a um problema de primeira fase de OBF, 2 asteriscos (**) um de segunda fase,  e 3 asteriscos (***) um de terceira fase.

Problema 01 *

Depois de um longo dia na casa dos Ualypessons, o pai de Hemétrio, após parar momentaneamente de construir seu gaveteiro, deixa um martelo com massa igual a 0,7 \, \textrm{kg} em cima da mesa, e Hemétrio e pega-o para brincar. Ele decide tentar deixá-lo na ponta de uma mesa, mas achando a posição máxima que ele não caia, conforme a imagem a seguir:

O problema é que hemétrio deixou justamente a parte mais pesada, a cabeça do martelo que tem cerca de 0,5 \, \textrm{kg}, pro seu lado! Assumindo que o cabo e a cabeça do martelo são cilíndricos, e sabendo que o comprimento do cabo é igual a 30 \, \textrm{cm} e que o diâmetro da cabeça é igual a 6 \, \textrm{cm}. Descubra:

(a) Qual a distância máxima d_{max} que a cabeça do martelo pode ficar da mesa sem que ele caia?

(b) Para d = 3 \, \textrm{cm} qual o destino de Hemétrio?

Solução

(a) O martelo só cai caso o centro de massa deste fique do lado de fora da mesa, assim acarretando em um torque que a mesa não poderia contrapor.

 

Disto já se pode concluir que d < \dfrac{L}{2}, senão nem mesmo o cabo poderia impedir o martelo de tombar.

Calculando o valor do centro de massa a partir da ponta da mesa temos:

x_{cm} = \dfrac{M_{cabo} \cdot \left( \dfrac{L}{2} - d \right) - M_{cabeca} \cdot \left( \dfrac{D}{2} + d \right) }{M}

Como M = 0,7 \, \textrm{kg} e M_{cabeca} = 0,5 \, \textrm{kg}, vale que M_{cabo} = 0,2 \, \textrm{kg}, assim:

x_{cm} = \dfrac{0,2 \cdot \left( \dfrac{30}{2} - d \right) - 0,5 \cdot \left( \dfrac{6}{2} + d \right) }{0,7}

x_{cm} = \dfrac{1,5}{0,7} - d

Para a nossa condição limite queremos que o martelo esteja a ponto de cair, ou seja que x_{cm} = 0, assim:

\boxed{d_{max} = \dfrac{15}{7} \approx 2,3 \, \textrm{cm}}

(b) Como d > d_{max}, o martelo cai e Hemétrio sofre um destino infeliz.

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Gabarito

(a) \boxed{d_{max} = \dfrac{15}{7} \approx 2,3 \, \textrm{cm}}

(b) Um infeliz.

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Problema 02 *

Chegou um novo equilibrista na cidade, o equilibrista Ualabay! Ele decide começar seu show com uma entrada fantástica, se equilibrando numa corda muitos metros acima do chão, conforme a imagem abaixo.

Assumindo que a corda e as polias são ideais, e que a posição acima é a posição de equilíbrio, determine o valor do ângulo \alpha.

Solução

Desenhando o diagrama de forças, temos:

 

Assim, se escrevermos a segunda lei de Newton para o ponto da corda onde o equilibrista está, temos:

2 \cdot \dfrac{2}{3} mg \cdot \sin \alpha = mg

\dfrac{4}{3} \sin \alpha = 1

\boxed{\alpha = \sin^{-1} \left( \dfrac{3}{4} \right)}

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Gabarito

\boxed{\alpha = \sin^{-1} \left( \dfrac{3}{4} \right)}

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Problema 03 *

Um dia Ualype e Hemétrio vão em um passeio romântico a Morro Branco, mas infelizmente, o pneu do carro do casal fura. Felizmente eles possuem um extra, e para trocar precisam primeiro retirar o que foi furado. Ualype, com 75 \, \textrm{kg}, para soltar o primeiro parafuso usa uma chave de roda de 30 \, \textrm{cm}, deixando-a inclinada de tal maneira que seu comprimento na horizontal seja equivalente a 20 \, \textrm{cm}, e ele só consegue soltar quando coloca todo seu peso para agir na outro fim da chave. Hemétrio, com 51 \, \textrm{kg}, para soltar o segundo parafuso que estava tão apertado quanto o primeiro, utiliza a mesma chave de roda mas a deixa na horizontal, e também apoia todo seu peso para agir no outro fim da chave. Ele consegue desparafusar o segundo parafuso?

Solução

Se calcularmos o torque exercido por Ualype, veremos que este vale:

\tau_U = P_U \cdot b_U

Onde b_U, o braço do torque que Ualype exerce, equivale a 20 \, \textrm{cm}, portanto:

\tau_U = 75 \cdot 10 \cdot 0,2 = 150 \, \textrm{Nm}

Agora calculando o torque exercido pelo Hemétrio:

\tau_H = P_H \cdot b_H

Onde b_H, vale o comprimento total da chave, portanto:

\tau_H = 51 \cdot 10 \cdot 0,3 = 153 \, \textrm{Nm}

Portanto, sim, ele consegue desparafusar o segundo parafuso.

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Gabarito

Sim

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Problema 04 *

Lucas é tão obcecado com seus músculos gigantescos e lindos, que ele queria dar uma olhada em como funciona o seu bíceps. Depois de uma procura rápida no Google ele achou a seguinte imagem:

Na imagem vemos o bíceps ligado de uma ponta do osso úmero (o que se mostra quase paralelo ao bíceps) até um pouco depois da articulação entre ele e o osso rádio. Pode-se entender então que usamos uma espécie de alavanca para usarmos o bíceps, com a articulação entre os ossos sendo o ponto de apoio. Se imaginarmos então os ossos da mão como uma prolongação do rádio e que alguém está levantando um bloco com uma das mãos, podemos fazer o esquema simplificado a seguir:

Explicando todas as forças:

f \rightarrow esta é a força que o úmero exerce sobre o rádio;

F \rightarrow esta é a força que o bíceps exerce sobre o rádio;

P_{radio} \rightarrow esta é a força peso do sistema braço-mão, que possui massa igual a 3,0 \, \textrm{kg};

P_{Bloco} \rightarrow esta é a força peso do bloco, que possui massa igual a 20 \, \textrm{kg};

(a) Diga qual o tipo de alavanca mostrado neste sistema;

(b) Sabendo que o sistema se encontra em equilíbrio, calcule o módulo da força F. Considere que a aceleração da gravidade g vale 10 \, \textrm{m/s}^2.

Solução

(a) Como o ponto de apoio não se encontra entre as forças potente e resistente, e a força resistente está mais distante dele do que a potente, este é um exemplo de uma alavanca interpotente.

(b) Se o sistema está em equilíbrio podemos entender então que o torque no sistema é nulo, portanto se calcularmos o torque em torno do ponto O, temos:

F \cdot 5 - P_{radio} \cdot 20 - P_{Bloco} \cdot (30 + 5) = 0

F \cdot 5 - 3,0 \cdot 10 \cdot 20 - 20 \cdot 10 \cdot 35 = 0 \Rightarrow F - 120 - 1400 = 0

\boxed{F = 1520 \, \textrm{N}}

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Gabarito

(a) Interpotente

(b) \boxed{F = 1520 \, \textrm{N}}

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Problema 05 *

Quebra-nozes é uma ferramenta que utiliza os princípios de uma alavanca. A imagem a seguir exemplifica um modelo:

Podemos ver que o ponto de apoio fica na extremidade esquerda da imagem. O centro desta câmara redonda fica a 3 \, \textrm{cm} do ponto de apoio, e o cabo possui 15 \, \textrm{cm} de comprimento.

(a) Diga qual o tipo de alavanca mostrado neste sistema;

(b) Se a força exercida de cada lado para quebrar uma noz seja igual a 80 \, \textrm{N}, ache a força necessária que alguém tenha que colocar em cada cabo para quebrar a noz usando o quebra-nozes.

Solução

(a) Como o ponto de apoio não se encontra entre as forças potente e resistente, e a força potente está mais distante dele do que a resistente, este é um exemplo de uma alavanca inter-resistente.

(b) Se calcularmos o torque exercido de cada lado pela força quebrando a noz, temos:

\tau = 80 \cdot 0,03 = 2,4 \, \textrm{Nm}

Queremos que seja exercido o mesmo torque pela nossa mão, portanto:

\tau = F \cdot L \Rightarrow 2,4 = F \cdot 0,15

\boxed{F = 16 \, \textrm{N}}

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Gabarito

(a) Inter-resistente

(b) \boxed{F = 16 \, \textrm{N}}

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Problema 06 **

Ponciano está numa enrascada, seu chefe, Ítalo, o mandou equilibrar uma tábua que segura o seu maior tesouro, uma foto curiosa de uma pessoa com uma mão na boca. Ele diz para Ponciano que já mandou um dos seus outros capangas encher um dos baldes que vai ser usado para deixar a tábua estável, mas que se Ponciano falhasse nesta tarefa Ítalo mostraria a ele todos os seus golpes de karatê. O esquema do sistema é mostrado a seguir:

A foto se encontra exatamente no meio da tábua, e possui massa desprezível. A tábua tem uma massa igual a 30 \, \textrm{kg} e em cada uma das suas extremidades encontram-se os baldes com água pura, de densidade igual a 1 \, \textrm{g/cm}^3. Encontre os volumes mínimo V_{min} e máximo V_{max} do balde que Ponciano deve encher para não ter que ver os golpes de karatê de Ítalo.

Solução

O volume mínimo e máximo aparecerão nas situações de extremo, onde se colocarmos o mínimo de água veríamos a tábua quase tombando para o lado direito e quase se desconectando do apoio esquerdo, e no máximo seria a tábua quase tombando para o lado esquerdo e quase se desconectando do apoio direito. Tendo uma boa visão do que acontece, vamos para a solução:

Caso Mínimo

Desenhando as forças ficamos com o esquema a seguir:

Como nesse caso a tábua está quase caindo para a direita, o apoio da esquerda não participa e portanto devemos calcular o torque em torno do ponto que não nos interessa, ou seja o ponto C_1. Primeiro vamos calcular cada uma das forças: (Lembrando que 1 \, \textrm{g/cm}^3 = 1 \, \textrm{kg/L})

P = 30 \cdot g, P_1 = 25 \cdot 1 \cdot g e P_1 = V \cdot 1 \cdot g

Agora calculando o torque (Note que as forças em vermelho fazem com que a tábua tenda para uma rotação no sentido horário, e as em verde para o sentido anti horário!):

\tau = 25 g \cdot (40 - 15) - 30 g \cdot 15 - V_{min} g \cdot (40 + 15) = 0

625 - 450 - 55 V_{min} = 0

\boxed{V_{min} = \dfrac{35}{11} \approx 3,2 \, \textrm{L}}

Caso Máximo

Novamente, desenhando as forças, temos:

Como nesse caso a tábua está quase caindo para a esquerda, o apoio da direita não participa e portanto devemos calcular o torque em torno do ponto que não nos interessa, ou seja o ponto C_2. Calculando o torque:

\tau = 25 g \cdot (40 + 25) + 30 g \cdot 25 - V_{max} g \cdot (40 - 25) = 0

1625 + 750 - 15 V_{max} = 0

\boxed{V_{max} = \dfrac{475}{3} \approx 168,3 \, \textrm{L}}

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Gabarito

\boxed{V_{min} \approx 3,2 \, \textrm{L}} e \boxed{V_{max} \approx 168,3 \, \textrm{L}}

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Problema 07 **

A mãe de Endy é uma mulher muito rígida que pede a sua filha que ajude a colocar a geladeira da família no caminhão de construção, pois estão se mudando para que Endy possa viver mais perto de Akira. Ela diz que pretende empurrar a geladeira em pé pela garagem até lá já que a geladeira tem suportes de borracha e não vai se arrastar no chão, mas a mãe diz que se ela fizer isso a geladeira tombará. Sabendo que a garagem é um plano inclinado com atrito suficiente para que a geladeira não deslize e de ângulo de inclinação \alpha, e que a geladeira possui dimensão da base d (a base paralela a direção da descida) e altura h, calcule a condição da altura para que a mãe de Endy esteja certa.

Solução

Se desenharmos os ângulos importantes e a força peso, ficamos com:

Para que a geladeira realmente não tombe, a condição chave aqui é que o peso não aja onde a normal não consiga agir, assim fazendo com que a geladeira gire. Como a normal é a força de contato da geladeira com o chão se entende que o peso não pode agir fora dessa região em azul de contato (essa ideia é super comum em problemas assim!). Portanto, o nosso objetivo é fazer com que o segmento de reta BE seja menor ou igual a AB. Olhando para o triângulo BME e usando a Lei dos Senos conseguiremos descobrir, mas antes precisamos só usar um pouco de álgebra em um dos ângulos, portanto chamando \tan^{-1} \left( \dfrac{h}{d} \right) de \theta, temos:

\tan \theta = \dfrac{h}{d} \therefore \sin \theta = \dfrac{h}{\sqrt{h^2 + d^2}} e \cos \theta = \dfrac{d}{\sqrt{h^2 + d^2}}

Agora sim, usando a Lei dos Senos temos:

\dfrac{\sqrt{h^2 + d^2}}{2 \sin (90 ^{\circ} - \alpha)} = \dfrac{l}{\sin (90 ^{\circ} + \alpha - \theta)} \Rightarrow \dfrac{\sqrt{h^2 + d^2}}{2 \cos \alpha} = \dfrac{l}{\cos (\alpha - \theta)}

Sabendo que \cos(\gamma - \beta) = \cos \gamma \cos \beta + \sin \gamma \sin \beta, temos:

l = \dfrac{\sqrt{h^2 + d^2}}{2} \cdot \dfrac{ \cos \alpha \cos \theta + \sin \alpha \sin \theta}{\cos \alpha} \Rightarrow l = \dfrac{\sqrt{h^2 + d^2}}{2} \cdot ( \cos \theta + \tan \alpha \sin \theta )

A condição aqui é l \leq d:

\dfrac{\sqrt{h^2 + d^2}}{2}\cdot ( \cos \theta + \tan \alpha \sin \theta ) \leq d \Rightarrow (h^2 + d^2) \cdot ( \cos^2 \! \theta + \tan^2 \! \alpha \! \sin^2 \theta + 2 \tan \alpha \sin \theta \cos \theta ) \leq d^2

\dfrac{h^2 + d^2}{4} \cdot (\dfrac{d^2}{h^2 + d^2} + \tan^2 \! \alpha \cdot \dfrac{h^2}{h^2 + d^2} + 2 \tan \alpha \cdot \dfrac{h}{\sqrt{h^2 + d^2}} \cdot \dfrac{d}{\sqrt{h^2 + d^2}}) \leq d^2

d^2 + h^2 \tan^2 \! \alpha + 2 h d \tan \alpha \leq 4 d^2 \Rightarrow \tan^2 \! \alpha \, h^2 + 2 \tan \alpha \, d h - 3 d^2 \leq 0

Como é uma função com a concavidade para cima, os valores de h que a satisfazem estão entre as raízes dessa equação, portanto:

\Delta = (2 \tan \alpha \, d)^2 - 4 \cdot \tan^2 \! \alpha \cdot (- 3 d^2) = 16 \tan^2 \! \alpha \, d^2

h = \dfrac{- 2 \tan \alpha d \pm \sqrt{16 \tan^2 \! \alpha d^2}}{2 \tan^2 \! \alpha}

h_+ = \dfrac{d}{\tan \alpha} e h_- = \dfrac{-3 d}{\tan \alpha}

Como h não pode ser maior que zero, fica claro que a condição é:

\boxed{h \leq \dfrac{d}{\tan \alpha}}

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Gabarito

\boxed{h \leq \dfrac{d}{\tan \alpha}}

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Problema 08 **

Num episódio de pica-pau nós vemos o passarinho maluco, fazer coisas mais loucas que qualquer humano, mas em certos episódios podemos ver ele agindo como... bem, um pica_pau.

Mas note como ele se prende na árvore, ao invés do desenho, onde ele agarra com as mãos e pés como um humano, o pica-pau real usa suas garras e sua cauda para se manter apoiado na árvore, e nós vamos estudar isso. O pica-pau tem uma massa de 500 \, \textrm{g}, e se fizermos um esquema dele apoiado, temos:

O ponto C é onde o pássaro se apoia com a cauda, e o ponto G onde ele se apoia com as garras. Determine:

(a) Qual o sentido de \overrightarrow{F_g}.

(b) Determine a intensidade das forças \overrightarrow{F_g} e \overrightarrow{F_c}. Use a aproximação \sqrt{3} \approx 1,7

Solução

(a) Pelo Teorema das 3 Forças, sabemos que se houverem apenas 3 forças agindo num corpo, que elas devem se encontrar em um mesmo ponto ou serem paralelas (não o caso aqui), e como a força \overrightarrow{F_c} aponta para o centro de massa, então \overrightarrow{F_g} aponta ou para o centro de massa, ou no sentido oposto a ele. Mas pensemos que de cara, dizer que aponta para ele seria como dizer que o pássaro está se empurrando da árvore, não se agarrando a ela, portanto concluímos que \overrightarrow{F_g} aponta para um sentido diretamente oposto ao centro de massa.

(b) Começando com o desenho:

Escrevendo o torque em torno de C:

\overrightarrow{F_g} \cdot 32 = P \cdot 32 \sin 30 ^{\circ} \Rightarrow \overrightarrow{F_g} \cdot 32 = 0,5 \cdot 32 0,5

\boxed{\overrightarrow{F_g} = 0,125 \, \textrm{N}}

Agora o torque em torno de G:

\overrightarrow{F_c} \cdot 32 \tan 30 ^{\circ} = P \cdot 32 \sin 30 ^{\circ} \Rightarrow \overrightarrow{F_g} \cdot \dfrac{32}{\sqrt{3}} = 8

\boxed{\overrightarrow{F_g} = 0,125 \sqrt{3} \approx 0,2125 \, \textrm{N}}

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Gabarito

(a) Oposto ao centro de massa.

(b) \boxed{\overrightarrow{F_g} = 0,125 \, \textrm{N}} e \boxed{\overrightarrow{F_g} = 0,125 \sqrt{3} \approx 0,2125 \, \textrm{N}}

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Problema 09 *

Talvez você já tenha visto um experimento muito famoso relacionado a momento angular, um que se parece muito com este aqui:

Alguém é posto a girar em um banco enquanto segura halteres nas mãos, mas ao colocá-los para perto do corpo é notável que ela sofre uma aceleração significante e passa a girar bem mais rápido. É um experimento muito interessante, com muitas sacadas úteis que tentaremos concluir agora.

(a) Que princípio é o principal responsável pelo fenômeno demonstrado no experimento?

(b) Sabendo que cada halter tem 5 \, \textrm{kg}, que a distância do halteres até o eixo de rotação na posição afastada é igual a 1 \, \textrm{m} e na posição fechada igual a 0,4 \, \textrm{m}, calcule a perda percentual de momento de inércia proveniente dos halteres na posição fechada em relação à aberta.

Solução

(a) O Príncipio da Conservação de Momento Angular. Este fenômeno acontece pois quando os pesos são aproximados do eixo de rotação, o momento de inércia diminui, mas como não há nenhum torque agindo no sistema, o momento angular não pode mudar; como L = I \omega, o que sobra então é a velocidade angular aumentar para compensar.

(b) Calculando o momento de inércia na posição aberta:

I_1 = m R^2 + m R^2 = 2 \cdot 5 \cdot 1^2 = 10 \, \textrm{kg m}^2

Na fechada:

I_2 = 2 m r^2 = 2 \cdot 5 \cdot 0,4^2 = 1,6 \, \textrm{kg m}^2

Calculando a perda percentual:

f = \dfrac{I_1 - I_2}{I_1} = \dfrac{10 - 1,6}{10}

\boxed{f = 84\%}

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Gabarito

(a) O Príncipio da Conservação de Momento Angular.

(b) \boxed{f = 84\%}

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Problema 10 *

Clara Voyance é uma vendedora de portas muito experiente, estando há mais de 20 anos trabalhando como vendedora da Portas & Portas, um dia ela vai em uma amostra de portas, vê uma porta que a chama atenção, e diz: "Esta porta vai quebrar." A porta se parece um pouco com isto:

Sabendo que a junta padrão de uma porta aguenta uma força máxima de 200 \, \textrm{N}, determine: a vendedora está certa? Considere g = 10 \, \textrm{m/s}^2.

Solução

Para começar, vamos desenhar todas as forças agindo no sistema:

 

Escrevendo a Segunda Lei de Newton para as componentes verticais:

2 F_y = P \Rightarrow F_y = \dfrac{30 \cdot 10}{2} \therefore F_y = 150 \, \textrm{N}

Escrevendo o torque em qualquer um das fechaduras:

F_x \cdot h - P \cdot \dfrac{l}{2} = 0 \Rightarrow F_x = \dfrac{30 \cdot 10 \cdot 0.5}{0.8} \therefore F_x = 187.5 \, \textrm{N}

Calculando a força total que age em cada fechadura:

F = \sqrt{F_x^2 + F_y^2} = \sqrt{187.5^2 + 150^2} \therefore F \approx 240 \, \textrm{N}

Então sim, a vendedora está certa.

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Gabarito

Sim

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Problema 11 **

Em uma montanha do lado de um rio, uma agência oferece um serviço de bungee jumping para que todos possam pular da montanha e sobreviver para contar a história. Um bungee jump funciona assim: A pessoa fica amarrada por uma corda a um apoio na montanha, ela sobe numa prancha e pula para experienciar queda livre de verdade por alguns poucos segundos. Obviamente para que tudo seja seguro, tanto a corda, o apoio e até mesmo a prancha tem de estar dentro de certos parâmetros. Vamos dar uma olhada na prancha:

A prancha possui 8 \, \textrm{m} de comprimento e 20 \, \textrm{kg} de massa. O principal apoio dela é o fixador na sua outra extremidade, ele é feito para suportar uma pessoa de até 100 \, \textrm{kg} pulando. Imaginemos exatamente essa situação, alguém de 100 \, \textrm{kg} vai pular, mas temos que ter em vista que quando ela pula ela não só anda e cai para frente, é também esperado que ela tente se impulsionar na prancha para se lançar mais alto. Imagine que esse impulso ocorra assim: A pessoa pula na prancha atingindo a altura máxima de 20 \, \textrm{cm} e cai, e a prancha a impulsiona com a mesma velocidade que teve quando pulou. Leve em conta que o tempo dessa impulsão da prancha leva 0,5 \, \textrm{s} e que a força máxima exercida nesse impulso é o dobro da média. Calcule a força máxima que o fixador deve suportar. Considere g = 10 \, \textrm{m/s}

Solução

Para começar, vamos calcular a velocidade que ele adquire no pulo:

v = \sqrt{2gh} = \sqrt{2 \cdot 10 \cdot 0,2} \therefore v = 2 \, \textrm{m/s}

Usando o teorema do impulso F \Delta t = \Delta P, vamos calcular a força média exercida no impacto:

f \Delta t = m v - (- m v) \Rightarrow f \cdot 0,5 = 2 \cdot 100 \cdot 2 \therefore f = 800 \, \textrm{N}

Finalmente, calculando o torque em torno do apoio marrom:

( P_{homem} + f ) \cdot 3 - P_{barra} \cdot 1 - F \cdot 4 = 0 \Rightarrow (100 \cdot 10 + 800) \cdot 3 - 20 \cdot 10 = 4 F

\boxed{F = 1300 \, \textrm{N}}

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Gabarito

\boxed{F = 1300 \, \textrm{N}}

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Problema 012 **

Mario, um trabalhador de construção, está no processo de colocar os azulejos em uma piscina, mas ele precisa saber onde colocar a escada para ele possa subir e descer. A piscina é dividida em 2 áreas, cada uma com uma profundidade diferente, a mais rasa possui profundidade h e a mais profunda profundidade H. O chão em cima está molhado, e portanto, liso. Sabendo que o trabalhador possui massa M, a escada massa m = \dfrac{M}{5}, calcule qual o intervalo de valores de \mu, o coeficiente de atrito da escada com o chão da piscina, para que o trabalhador possa colocar a escada na parte mais profunda, mas não na mais rasa.

                     

Solução

 

Na horizontal, nós temos N_2 e a força de atrito f \leq \mu N_1, então:

N_2 = f

No vertical, nós temos N_1, o peso do homem Mg e o peso da barra mg = \dfrac{Mg}{5}:

N_1 = Mg + \dfrac{Mg}{5} = \dfrac{6 M g}{5}

Aqui temos uma separação dos casos pra cada profundidade:

Mais Raso

Neste primeiro caso, o torque no sentido anti-horário, ganha do sentido horário, assim, se calcularmos o torque em torno do ponto de contato da escada com o chão, temos:

Mg \cdot L \cos \alpha + \dfrac{M g}{5} \cdot \dfrac{L}{2} \cos \alpha > N_2 \cdot h, com \cos \alpha = \dfrac{\sqrt{L^2 - h^2}}{L}

\dfrac{11 M g L}{10} \dfrac{\sqrt{L^2 - h^2}}{L} > f \cdot h, e como estamos considerando um caso além do limite, colocaremos o valor máximo de f = \mu N_1 = \dfrac{6 \mu M g}{5}.

\dfrac{6 \mu M g h}{5} < \dfrac{11 M g }{10} \sqrt{L^2 - h^2} \therefore \mu < \dfrac{11 \sqrt{L^2 - h^2}}{12 h}

Mais Profundo

Neste segundo caso, o torque se balanceia, se calcularmos o torque em torno do mesmo ponto, temos:

\dfrac{11 M g L}{10} \dfrac{\sqrt{L^2 - H^2}}{L} = f \cdot H, e como f \leq \dfrac{6 \mu M g}{5}:

\dfrac{11 M g}{10} \dfrac{\sqrt{L^2 - H^2}}{H} \leq \dfrac{6 \mu M g}{5} \therefore \mu \geq \dfrac{11 \sqrt{L^2 - H^2}}{12 H}

Portanto conclui-se que:

\boxed{\dfrac{11 \sqrt{L^2 - H^2}}{12 H} \leq \mu < \dfrac{11 \sqrt{L^2 - h^2}}{12 h}}

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Gabarito

\boxed{\dfrac{11 \sqrt{L^2 - H^2}}{12 H} \leq \mu < \dfrac{11 \sqrt{L^2 - h^2}}{12 h}}

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Problema 13 **

Uma esfera de massa m e raio r se encontra rolando, sem sofrer nenhum deslizamento, num plano, quando acaba indo parar em uma esteira que move seu chão com velocidade v. A velocidade do seu centro de massa era V_0 em relação a Terra, antes de ir parar na esteira, e V_0 e v são contrários, portanto a esfera corre o risco de ter sua velocidade invertida. Sabendo que o coeficiente de atrito entre a esteira e a esfera vale \mu e que o momento de inércia de uma esfera maciça vale I = \dfrac{2 m R^2}{5}, calcule:

(a) O valor da velocidade final do centro de massa da esfera em relação a Terra, quando para de deslizar na esteira.

(b) Qual a condição da velocidade v para que a esfera acabe indo na direção contrária.

Solução

(a) Primeiro, precisamos olhar a condição de não deslizamento. Sabemos que a esfera não deslizar significa o mesmo que ter seu ponto de contato com o chão parado em relação ao mesmo, conforme a imagem abaixo: (confira o problema 7 dos problemas da aula 1.3 para mais esclarecimento.)

Então a velocidade do ponto de contato é igual a \omega_0 \cdot r - V_0 para aa esquerda, onde \omega_0 = \dfrac{V_0}{r}.

Agora, quando ela entra na esteira, a situação muda, o seu ponto de contato com o chão, parado em relação a Terra, não está parado em relação a esteira, e assim sua velocidade do centro de massa e velocidade angular começam a mudar.

Escrevendo a segunda lei de Newton nós temos:

m a = - \mu m g \therefore a = - \mu g

Escrevendo a fórmula do torque em função da aceleração angular:

\tau = I \alpha \Rightarrow \mu m g \cdot r = \dfrac{2 m r^2}{5} \alpha \therefore \alpha = \dfrac{5 \mu g}{2 r}

Então, escrevendo as funções horárias da velocidade linear do centro de massa e a velocidade angular, temos:

V (t) = V_0 - \mu g t e \omega (t) = \dfrac{V_0}{r} + \dfrac{5 \mu g}{2 r} t

Nós então temos que achar a nova condição de deslizamento. Se antes ela era que V_0 - \omega_0 r = 0, agora que está em cima da esteira que se move com v para trás ela é V - \omega r = - v, portanto:

(V_0 - \mu g t) - \left( \dfrac{V_0}{r} + \dfrac{5 \mu g}{2 r} t \right) r = - v \Rightarrow \dfrac{7 \mu g}{2} t = v

t = \dfrac{2 v}{7 \mu g}

Assim:

\boxed{V = V_0 - \dfrac{2 v}{7}}

(b) Para achar essa condição, só precisamos fazer com que V < 0, assim:

 V_0 - \dfrac{2 v}{7} < 0 \therefore \boxed{v > \dfrac{7 V}{2}}

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Gabarito

(a) \boxed{V = V_0 - \dfrac{2 v}{7}}

(b) \boxed{v > \dfrac{7 V}{2}}

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Problema 14 ***

Cientistas querem fazer um teste de tombamento, para tentar entender o que seria mais perigoso quando um corpo está se movendo, ser atingido abaixo ou acima do seu centro de massa. O experimento funciona assim, eles mandam um paralelepípedo de densidade homogênea deslizando por um chão de coeficiente de atrito \mu, com uma carga negativa colada nele em diferentes alturas, e em um certo momento surge um campo elétrico uniforme para a direita, conforme a imagem:

O objeto de carga negativa possui massa e dimensões desprezíveis, e no lugar que ele é colocado no paralelepípedo age uma força igual a \overrightarrow{F}, para a esquerda.

(a) a aceleração a do centro de massa da prateleira;

(b) a menor altura h, na qual \overrightarrow{F} pode ser aplicada sem que o paralelepípedo tombe;

(c) a maior altura H, na qual \overrightarrow{F} pode ser aplicada sem que o paralelepípedo tombe.

Solução

(a) Aqui teremos a força de atrito e a força proveniente da carga, portanto:

F - \mu N = m a, e como N = mg

\boxed{a = \dfrac{F}{m} - \mu g}

(b) Neste caso a prateleira quase tomba pela rotação no sentido horário, assim com seu pé esquerdo quase saindo do chão. E aqui tem um ponto interessante para se ter atenção, qual ponto consideramos o polo? Quase sempre, se um ponto de apoio sai da equação, nós escolhemos o outro, mas nesse caso, não podemos fazer isso. É importante lembrar que o sentido de físico do torque só se mantêm se 1 de 2 condições forem cumpridas: ou o corpo está em equilíbrio dinâmico ou o polo é colocado no centro de massa, pelo nosso objeto estar acelerando, não podemos colocar no polo, mas somente no seu centro de massa. Assim:

F \cdot \left( \dfrac{L}{2} - h \right) = N \cdot \dfrac{d}{2} + \mu N \cdot \dfrac{L}{2} \Rightarrow F \cdot \left( \dfrac{L}{2} - h \right) = mg \cdot \left( \dfrac{d}{2} + \mu \dfrac{L}{2} \right)

\boxed{h = \dfrac{L}{2} - \dfrac{mg}{F} \left( \dfrac{d}{2} + \mu \dfrac{L}{2} \right)}

(c) Agora, ela quase tomba por rotação no sentido anti-horário, com seu pé direito quase saindo do chão. Balanceando o torque:

F \cdot \left( H - \dfrac{L}{2} \right) + \mu m g \cdot \dfrac{L}{2} = m g \cdot \dfrac{d}{2}

\boxed{H = \dfrac{L}{2} + \dfrac{mg}{F} \left( \dfrac{d}{2} - \mu \dfrac{L}{2} \right)}

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Gabarito

(a) \boxed{a = \dfrac{F}{m} - \mu g}

(b) \boxed{h = \dfrac{L}{2} - \dfrac{mg}{F} \left( \dfrac{d}{2} + \mu \dfrac{L}{2} \right)}

(c) \boxed{H = \dfrac{L}{2} + \dfrac{mg}{F} \left( \dfrac{d}{2} - \mu \dfrac{L}{2} \right)}

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Problema 15 *

Imagine que você é o ser humano mais forte de uma Terra sombria, cheia de demônios, e que para matá-los você carrega uma espada de 100 \, \textrm{kg} de puro aço. Vamos tentar calcular o quão absurdo sua força teria que ser para conseguir usar tal espada.

(a) Primeiro, calcule o trabalho necessário para tirá-la do chão e segurá-la na horizontal a uns 1,80 \, \textrm{m} do chão. Considere g = 10 \, \textrm{m/s}^2.

(b) Agora a parte divertida, calcule a energia cinética que carrega a espada, quando você balança-a com uma velocidade angular igual \omega = 30 \, \textrm{rad/s}. Considere a espada como uma barra homogênea de comprimento igual a 2 \, \textrm{m}, e que o momento de inércia de uma barra homogênea a partir da sua extremidade seja igual a I = \dfrac{m L^2}{3}. Você pode e deve usar que a energia cinética associada a um movimento de rotação é igual a E_{cin} = \dfrac{I \omega^2}{2}.

Solução

(a) Para tirá-la do chão precisamos realizar trabalho contra o trabalho gravitacional, portanto:

W = m g h = 100 \cdot 10 \cdot 1,80 \therefore \boxed{W = 1800 \, \textrm{J}}

(b) Agora que estamos balançando a espada, usamos a fórmula da energia cinética dada:

E_cin = \dfrac{m L^2}{3} \cdot \dfrac{\omega^2}{2} = \dfrac{100 \cdot 2^2}{3} \cdot \dfrac{30^2}{2} \therefore \boxed{E_{cin} = 60 kJ }

Se colocarmos em termos de carga, pensemos que os homens mais fortes do mundo conseguem realizar repetições levantando 2 toneladas no leg press por uns 50 \, \textrm{cm}, que só dá uma trabalho de \tau = 10 kJ. Mesmo sendo \dfrac{1}{6} da energia em um balanço da espada, temos que considerar algo mais incrível ainda, que é o fato de que para balançar e parar a espada, você não usa os músculos fortes como o quadríceps e o glúteo, mas sim os ombros e o abdômen, portanto você seria de fato um super humano!

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Gabarito

(a) \boxed{E_{cin} = 60 kJ }

(b) \boxed{W = 1800 \, \textrm{J}}

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