Problemas Aula 2.3 - Gases Perfeitos

Escrito por Matheus Felipe R. Borges

Alguns problemas para você praticar a teoria estudada. O grau de dificuldade dos problemas está indicado com asteriscos (*). Problemas com 1 asterisco é o equivalente a um problema de primeira fase de OBF, 2 asteriscos (**) um de segunda fase,  e 3 asteriscos (***) um de terceira fase.

Problema 01 *

(Problema da semana 50) Dois recipientes idênticos são separados por uma válvula que somente deixa gás passar se a diferença de pressão entre os recipiente for maior ou igual a 1.1 atm. Inicialmente um dos recipientes tem temperatura 27^{\circ}C e pressão de 1.0 atm, e o outro está à vácuo. então ambos são aquecidos até 107^{\circ}C. Qual a pressão que o segundo recipiente terá após o aquecimento?

Solução

Situação Física: Sabemos, pela equação dos gases ideais, que a pressão é proporcional a temperatura e ao número de mols, e é inversamente proporcional ao volume. Como a temperatura e o volume neste caso são tratados como constantes, temos que o equilíbrio de pressões de dará pelo número de mols no recipiente, ou seja, se no recipiente 1 a pressão for mais que 1.1atm maior que no 2, o equilíbrio ocorrerá pela passagem de partículas, ou seja, de mols.

Resolução: Primeiramente, a relação dos gases ideais:

PV=nRT

Na situação inicial temos:

1V=nR300

Lembrando que a temperatura deve estar em Kelvins e que para converter de Celsius para tal medida, se soma 273. Para após o aquecimento:

P'V=nR380

Dividindo as duas encontramos:

P'=\dfrac{380}{300}=\dfrac{19}{15}=1,2666...

Porém, no final devemos ter:

(I) - P_{1}=P_{2}+1.1

E como os parâmetros totais se mantém constantes (temperatura, volume e número de mols do sistema todo), sabemos que:

(II) - P_{1}+P_{2}=P'=1,2666...

Por fim, colocando (1) em (2):

2P_{2}+1.1=1,2666...\rightarrow P_{2}=\dfrac{0,1666...}{2}=0,08

\boxed{P_{2}=0,08\,\rm{atm}}

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Gabarito

{\rho=\dfrac{4m}{h\pi(D^2-d^2)}}

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Problema 02 *

(Problema da semana 24) Sabendo que para um gás ideal vale:

PV=nRT

e que estamos trabalhando em CNTP (V=22,4\,\rm{L}, P=1\,\rm{atm}, T=273\,\rm{K}) e n=1 ache a constante universal dos gases (R)

Solução

Nós sabemos que a CNTP, por convenção, temos:

T=0^{\circ}\,\rm{C}=273\,\rm{K}

P=1\,\rm{atm}=10^5\,\rm{Pa}

V=22,4 L=22,4 . 10^{-3} m^{3}

E com n= 1 mol,podemos plotar na equação de Clapeyron e achar a constante R

PV=nRT

R=\dfrac{PV}{nR}=8,2 \dfrac{J}{K mol}

\boxed{R=8,2 \dfrac{J}{K mol}}

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Gabarito

R=8,2 \dfrac{J}{K mol}

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Problema 03 **

(Problema da semana 37) Considere os efeitos mágicos do problema. Temos um balão de volume V, cujo material de revestimento pode esticar sem qualquer esforço, não tem massa e, de um modo especial, conserva a temperatura. A gravidade local é g. Ele está em meio a uma atmosfera cuja densidade varia da forma \rho_{ar}=\rho_{o}\left(1-\dfrac{Mgz}{RT}\right), sendo a temperatura do ar constante em T e z a altura em relação ao solo. Sua pressão interna é, inicialmente, P, tendo dentro de si N mols de moléculas, de massa molar M, de um gás a uma temperatura T. Misteriosamente \dfrac{N}{2} mols desaparecem de seu interior e sua temperatura cai para \dfrac{T}{2}.

a) A densidade do balão vai aumentar ou diminuir? Qual a diferença de z entre o ponto em que ele é solto e o que para?

b) Você pode considerar que o balão para assim  que entra em equilíbrio mecânico.

Solução

a)

Situação física: Quando diminuímos a quantia de mols de moléculas e a temperatura do balão, para um mesmo volume sua pressão abaixa (equação de Clapeyron). Porém, o balão altera seu volume para que sua pressão iguale a exterior para que haja o equilíbrio de forças, e não temos que considerar qualquer força exercida pelo revestimento do balão pois o enunciado propôs que este se deforma muito facilmente. Como inicialmente o balão já estava nesse equilíbrio, temos que a pressão se manterá constante, e como a temperatura é fixada em \dfrac{T}{2} portanto seu volume terá de alterar. O balão estará em equilíbrio mecânico quando o empuxo total for 0, ou seja, quando as densidades do balão e da atmosfera forem iguais.

Ps.: normalmente um objeto que estava sob ação de uma força continua a se mover mesmo que a força cesse, pois continua a possuir velocidade, porém se o mesmo se mover muito lentamente, por exemplo, podemos aproximar e dizer que neste momento já estaria estático.

Por Clapeyron:

P=\dfrac{NRT}{V} \rightarrow P'=\dfrac{(\frac{N}{2}R\frac{T}{2})}{V'}

Onde R é a constante dos gases ideais. Temos, portanto, que

P=P'\rightarrow V'=\dfrac{V}{4}.

A densidade se dá por:

\rho=\dfrac{(\frac{N}{2}M)}{V'}

Portanto:

\rho_{f}=\dfrac{2MN}{V}=2\rho_{i}

\boxed{\rho_{f}=2\rho_{i}}

b)

Sendo \rho_{f} a densidade final do balão e \rho_{i} a inicial, e assim constatamos que a densidade aumenta. Para o equilíbrio \rho_{f}=\rho_{ar}, portanto:

\rho_{f}=\frac{2MN}{V}=\rho_{o}(1-\frac{Mgz}{RT})

E finalmente:

\boxed{ Z=\dfrac{RT\left(1-\frac{2MN}{\rho_{o}V}\right)}{Mg}}

Observe que caso as paredes do balão não fossem especiais, de modo a manter a temperatura constante após a mudança "mágica", a densidade do balão não mudaria.

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Gabarito

a) \rho_{f}=2\rho_{i}

b)  Z=\dfrac{RT(1-\frac{2MN}{\rho_{o}V})}{Mg}

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Problema 04 ***

(Problema da semana 113) Quando desenvolveu a teoria cinética dos gases, Clausius corrigiu o modelo do gás ideal introduzindo um parâmetro b, o volume próprio das moléculas de gás. Dessa forma, a chamada equação de estado corrigida para um mol de gás de Clausius fica:

p\left(V-b\right)=RT

Em contraste com a mesma para um mol de gás ideal, que é:

pV=RT

Sendo p a pressão do gás, V o volume do gás, T a temperatura do gás e R a constante dos gases ideais.

O processo 1-2 é realizado por um mol de gás ideal e depois por um mol do gás de Clausius. Determine a diferença das temperaturas máximas dos gases dos dois experimentos e indique a maior entre elas. Expresse sua resposta em função de p_0, b e R, a constante universal dos gases. Obs: V_0 data-recalc-dims=>b" />.

 

Solução

A equação da reta é facilmente obtida:

P=P_0\left(1-\dfrac{V}{V_0}\right)

Pela lei dos gases dada no enunciado:

P=\dfrac{RT}{V-b}

Igualando as duas expressões acima, chegamos em uma equação quadrática de T(V):

T=\dfrac{-PoV^2}{RV_0}+\dfrac{P_0V}{R}\left(1+\dfrac{b}{V_0}\right)-\dfrac{P_0b}{R}

Para achar as temperaturas máximas, basta utilizarmos a conhecida fórmula do vértice da parábola, o reusltao é:

T_m=\dfrac{-P_0b}{R}+\dfrac{P_0V_0}{4R}\left(1+\dfrac{b}{V_0}\right)^2

Para o caso do gás ideal, basta fazermos b=0 na equação acima. Utilizando a aproximação binomial, chega-se na diferença entre as temperaturas máximas:

\boxed{\Delta{T}=\dfrac{P_0b}{2R}}

Evidentemente, a maior temperatura é obtida no caso de um gás ideal.

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Gabarito

\Delta{T}=\dfrac{P_0b}{2R}

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Problema 05 *

(OBF 2020) Uma massa gasosa, considerada ideal, numa pressão P_0 e numa temperatura T_0 expande de forma isobárica até ocupar o dobro do volume. Em seguida, esta massa sofre a realização de um trabalho de forma isotérmica, passando a ocupar o volume inicial. Ao final da transformação isotérmica, o gás está a uma pressão P e a uma temperatura T, tais que:

a) P=P_0; T data-recalc-dims=T_0" />

b) P data-recalc-dims=P_0" />; T<T_0

c) P<P_0; T data-recalc-dims=T_0" />

d) P data-recalc-dims=P_0" />; T data-recalc-dims=T_0" />

e) P<P_0; T=T_0

Solução

Conforme dito no enunciado, a amostra gasosa é ideal. Portanto, devemos utilizar a lei dos gases ideias, que relaciona as quantidades P, V e T: PV=nRT. A primeira transformação do gás é isobárica, ou seja, a pressão constante. Da lei dos gases, inferi-se que a temperatura, assim como o volume, é dobrada. A segunda transformação é isotérmica, logo, a temperatura final é dada por 2T_0. Como o volume final é dado por V_0, segue, pela lei dos gases, que a pressão foi dobrada. Portanto, o item correto é o item d), visto que ambas as quantidades tiveram seus valores dobrados devido às duas transformações.

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Gabarito

Item d)

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Problema 06 ***

(OBF 2015) O Método de Ruchardt pode ser empregado para determinar o coeficiente de Poisson  \gamma = (c_{P}/c_{V}), isto é, a relação entre os coeficientes de calor específico com pressão e com volume constante, envolvendo transformações adiabáticas. Utilizando um balão de vidro com ar em seu interior, ajusta-se uma bolinha metálica de raio a e massa m, que veda a boca do balão. Na posição x = 0 a bolinha encontra-se em equilíbrio e o balão de vidro tem um volume V_{0} . Ao ser deslocada na vertical de sua posição de equilíbrio a bolinha move-se, executando oscilações em um movimento harmônico simples.

no title (6)

Considerando o atrito desprezível, mostre que o período de oscilação em função das variáveis do problema é dado por:

T=\frac{2}{a^{2}} \sqrt{\frac{mV_{0}}{\gamma P}}

Solução

Para resolver este problema precisamos relembrar certas propriedades de processos adiabáticos, principalmente a propriedade que em um processo adiabático a quantia  PV^{\gamma} é conservada.

Sabendo disso, vamos relacionar as características originais do sistema PV_{0}, com as  características após uma pequena perturbação, onde V=V_{0} +\delta VP'=P+\delta P. Onde as variações relativas de volume e  pressão são extremamente pequenas.

Usando que  PV^{\gamma} é conservado, temos que PV^{\gamma}=(P+\delta P)(V_{0} +\delta_{V})^{\gamma}, e usando a aproximação que (1+x)^{n}\approx 1+nx, obtemos que:

\frac{\delta P}{P}=-\gamma\frac{\delta V}{V_{0}}

Note que podemos escrever uma pequena variação de volume \delta V em  função da area de secção do tubo S=\pi a^{2} e do deslocamento da bola x, como \delta V=Sx=-\pi x a^{2}.

Assim, temos que \delta P=\gamma\frac{\pi x a^{2}}{V_{0}}.

Agora, podemos analisar as forças que atuam na bola. Para as forças, temos o peso da bola mg, a força exercida pela pressão atmosférica P_{0}S=\pi a^{2}P_{0} e a força exercida pela pressão interna, dada por P_{Dentro}S=\pi a^{2} P'. Assim a equação de movimento é:

ma=mg+\pi a^{2}P_{0}-\pi a^{2} P_{Dentro}

Onde a representa a aceleração da bola.

Sabemos que inicialmente a bola está em repouso, em x=0. De modo que mg+\pi a^{2}P_{0}=\pi a^{2} P. Onde P representa a pressão no interior do tubo quando a bola está em x=0.

Porém, apos uma pequena perturbação, a pressão no seu interior varia levemente para P_{Dentro}=P'=P+\delta P, de modo que a equação de movimento é simplificada para:

ma=-\pi a^{2}\delta_{P}=-\gamma(\pi a^{2})^{2}P\frac{x}{V_{0}}

De modo que podemos escrever a aceleração da bola, a, como a=-\gamma(\pi a^{2})^{2}P\frac{x}{m V_{0}}. Cuja equação é característica de um movimento harmônico simples de frequencia angular \omega =\pi a^{2}\sqrt{\frac{\gamma P}{mV_{0}}}.

E como o periodo é dado por T=2 \pi/\omega, temos que

T=\frac{2}{a^{2}} \sqrt{\frac{mV_{0}}{\gamma P}}

como queriamos demonstrar.

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Gabarito

Demonstração acima

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Problema 07 ***

(OBF 2012) A figura mostra um recipiente cilíndrico de área A e altura H . O recipiente possui um
pistão leve e sem atrito que o separa em duas regiões. A região inferior contém um gás ideal e a região superior está cheia de água. O pistão está inicialmente posicionado a uma altura h=H/2 do fundo. Transfere-se calor para o gás através da parte inferior do recipiente provocando o deslocamento do pistão e, assim, fazendo com que a água transborde. Qual é a relação (T1/T2) entre as temperaturas do gás até que toda água transborde? Suponha que o pistão é feito de um isolante térmico e, portanto, a água não troca calor com o ar. Usar: pressão atmosférica = 10^5\, Pa, densidade da água = 10^3\, kg/m^3, aceleração da gravidade = 10 m/s^2.

quest12012

Solução

Para encontrar a razão entre as temperaturas antes de começar a expansão e no instante que a água toda transborda, podemos começar escrevendo a equação de estado dos gases ideais:

\frac{P_0 V_0}{T_0} = \frac{P_f V_f}{T_f}

Assim, Podemos escrever a razão \frac{T_0}{T_f}, que no enunciado é \frac{T_1}{T_2} (assumimos que T_0 e T_f são equivalentes a T_1 e T_2, pelo uso usual de certos subscritos):

\frac{T_0}{T_f} = \frac{P_0 V_0}{P_f V_f}  (equação 1)

Onde o índice "0" representa "inicial", e "f" final, para cada variável termodinâmica. O P_0 do gás, como inicialmente ele está em equilíbrio, precisa ser igual à pressão que a água exerce no pistão. Assim, Podemos escrever:

P_0 = P_{atm} + \rho_a g (H - h)

Onde \rho_a é a massa específica da água. Como h = \frac{H}{2} no momento inicial:

P_0 = P_{atm} + \frac{\rho_a g (H)}{2}

Escrevendo V_0:

V_0 = \frac{A H}{2}

Agora, escrevendo a pressão final e volume final quando a água toda transbordar:

P_f = P_{atm}

V_f = A H

Substituindo os valores na equação 1:

\frac{T_0}{T_f} = \frac{(P_{atm} + \frac{\rho_a g H}{2}) \frac{A H}{2}}{P_{atm} A H}

\frac{T_0}{T_f} = (\frac{1}{2} + \frac{\rho_a g H}{4 P_{atm}})

Substituindo os valores dados no enunciado:

\frac{T_0}{T_f} = (\frac{1}{2} + \frac{10^4 H}{4 10^5})

\frac{T_0}{T_f} = (\frac{1}{2} + \frac{H}{40})

\frac{T_0}{T_f}=\frac{T_1}{T_2} = (\frac{H+ 20}{40})

Observação: os números 20 e 40, apesar de não aparentarem, possuem dimensão de metro. No momento que transformamos o \frac{1}{2} em \frac{20}{40}, precisamos multiplicar também por metro/metro, para a soma se tornar algo com significado físico.

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Gabarito

\frac{T_0}{T_f} =\frac{T_1}{T_2} = (\frac{H+20}{40})

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Problema 08 ***

(OBF 2011) Um cilindro de paredes condutoras térmicas possui um embolo de massa m bem ajustado (mas sem atritos), cuja secção de área transversal é S. O cilindro contem água e vapor à temperatura T =100 ^oC, ou seja, estão na temperatura de condensação.

Observa-se que o embolo cai vagarosamente à velocidade constante v, porque alguma quantidade de calor flui através das paredes do cilindro e fazendo que um pouco de vapor se condense continuamente. A densidade de vapor no interior do recipiente é \rho.

a) Calcule a taxa de condensação do vapor, variação de massa de vapor por unidade de tempo, em termos dos parâmetros dados no problema.

b) A que taxa o calor flui para fora do cilindro? Dê o resultado em função do calor de condensação L da água e dos outros dados do problema.

c) Qual a taxa de variação da energia interna do vapor? O calor específico molar a volume constante da água é C_v e sua massa molar é M.

d) E qual a taxa de variação da energia interna da água líquida?

Solução

a) A massa de vapor no recipiente é

m_v={\rho}V

Onde V é o volume definido pela posição do pistão e o fundo do recipiente. Logo:

\dfrac{\Delta{m_v}}{\Delta{t}}={\rho}\dfrac{\Delta{V}}{\Delta{t}}=-{\rho}Av

Negativo pois o volume está diminuindo. Observe que estamos desconsiderando o aumento de volume de água do fundo do recipiente. Isso é uma boa aproximação visto que o acrésimo de volume de água liquida para uma determinada massa de vapor que se condensa é cerca de 1000 vezes menor que a diminuição do volume de vapor (densidade da água liquida 1000 vezes a de vapor)

b) A taxa com que o calor sai é o produto de L pela taxa de vapor que diminui:

\dfrac{\Delta{Q}}{\Delta{t}}=L{\rho}Av

c) Temos que

\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}=\dfrac{\Delta\left(\dfrac{m_v}{M}C_vT\right)}{\Delta{t}}

Como a temperatura é constante, a variação na energia interna surge da variação da massa de vapor:

\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}=\dfrac{C_vT}{M}\dfrac{\Delta{m_v}}{\Delta{t}}

\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}=-\dfrac{C_vT}{M}{\rho}Av

d) Considere o sistema água líquida+vapor. Pela primeira lei da Termodinâmica:

\left(\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}\right)_{sis}=\left(\dfrac{\Delta{Q}}{\Delta{t}}\right)_{sis}-\left(\dfrac{\Delta{\tau}}{\Delta{t}}\right)_{sis}

O primeiro termo pode ser reescrito como

\left(\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}\right)_{sis}=\left(\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}\right)_{agua}+\left(\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}\right)_{vapor}

O calor que sai do sistema é o mesmo calculado no item b (o negativo disso). E o último termo é devido ao trabalho realizado pelo pistão no sistema. Esse termo é positivo pois o trabalho realizado pelo sistema é negativo. Como o pistão desce com velocidade constante, o mesmo está em equilíbrio, logo, a pressão exercida no pistão pelo vapor é

P=P_0+\dfrac{mg}{S}

Onde P_0 é a pressão atmosférica e g é a aceleração da gravidade. A taxa na qual o sistema realiza trabalho é, portanto:

\left(\dfrac{\Delta{\tau}}{\Delta{t}}\right)_{sis}=-P\dfrac{\Delta{V}}{\Delta{t}}=-PAv

Agrupando esses termos, obtemos

\left(\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}\right)_{agua}=Sv\left(\dfrac{C_vT{\rho}}{M}+P_0+\dfrac{mg}{S}-L\rho\right)

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Gabarito

a) 

-{\rho}Av

b) 

\dfrac{\Delta{Q}}{\Delta{t}}=L{\rho}Av

c) 

\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}=-\dfrac{C_vT}{M}{\rho}Av

d) 

\left(\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}\right)_{agua}=Sv\left(\dfrac{C_vT{\rho}}{M}+P_0+\dfrac{mg}{S}-L\rho\right)

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Problema 09 ***

(Simulado NOIC T4) Quando o ar no fundo de um recipiente é aquecido, ele se torna menos denso que o ar ao seu redor e sobe. Simultaneamente, o ar mais frio cai para baixo. Este processo de transferência de calor para cima é conhecido como convecção, e é extremamente importante no estudo de interiores estelares. Para modelar simplificadamente esse fenômeno, considere uma caixa fechada em formato de paralelepípedo de altura h, localizada em uma mesa horizontal. A caixa está cheia de ar com temperatura uniforme T_0. Em seguida, suponha que o fundo da caixa seja aquecido de modo que o ar próximo à base alcance instantaneamente a temperatura T_0 + \Delta T. Devido a isso, uma pequena parcela de ar quente na parte inferior começa a subir a partir do repouso - de forma praticamente isotérmica - até atingir o topo da caixa, onde sua temperatura é instantaneamente reduzida para T_0. Determine, em função de g, h, T_0 e \Delta T, o tempo necessário para a parcela ascender ao topo. Considere que o ar é um gás ideal e que a altura $h$ é pequena o suficiente para que a pressão e a densidade do ar variem muito pouco ao longo do recipiente. Negligencie transferências de calor e atrito entre a parcela de ar e o ar que a circunda.

Solução

Primeiramente, vamos escrever a equação de movimento da parcela. Note que o movimento ascendente é ocasionado pela resultante entre as duas forças atuantes: o empuxo e seu peso. Sendo assim, pela 2ª Lei de Newton:

E-mg=ma

Chamando a densidade da parcela de $\rho$ e a do ar circundante de $\rho_0$:

\rho_0 V g - \rho V g = \rho V a \rightarrow a=\left(\dfrac{\rho_0}{\rho}-1\right)g

Agora, escrevamos \rho_0 e \rho em função dos parâmetros do problema. Como ambos ar e parcela podem ser tratados como gases ideais, temos, pela equação de Clapeyron para a densidade de um gás ideal:

\rho_0 = \dfrac{P \mu}{RT_0}  (ar)                   \rho = \dfrac{P \mu}{R\left(T_0+\Delta T\right)}  (parcela)

Em que \mu é a massa molar do ar, a qual é irrelevante para este problema. Note que assumimos válido o equilíbrio mecânico da parcela com o ar, i.e. a pressão $P$ da parcela é a mesma do ar circundante. Note que, como a pressão e a densidade variam muito pouco ao longo do recipiente, elas podem ser consideradas essencialmente constantes, utilizamos a temperatura da parcela como T_0+\Delta T durante todo o movimento de subida. Dividindo as equações e substituindo o resultado na aceleração, temos:

\dfrac{\rho_0}{\rho}=1+\dfrac{\Delta T }{T_0} \rightarrow a=\dfrac{g\Delta T}{T_0}

Portanto, o movimento da parcela é uniformemente acelerado. Sendo assim, o tempo necessário, a partir do repouso, para esta percorrer uma distância h e subir ao topo é dado por:

t=\sqrt{\dfrac{2h}{a}} \implies \boxed{t=\sqrt{\dfrac{2h}{g}\dfrac{T_0}{\Delta T}}}

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Gabarito

t=\sqrt{\dfrac{2h}{g}\dfrac{T_0}{\Delta T}}

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Texo para os  problemas 10 e 11:

Se o leitor já viajou de avião, provavelmente já sentiu um certo desconforto no ouvido durante a decolagem ou aterrissagem. Isso ocorre em função da mudança brusca de pressão. O avião em pleno voo, mesmo sendo pressurizado, ainda possui uma pressão reduzida, quando comparada com a pressão próxima ao solo. No interior do ouvido humano, há uma região com ar e a diferença entre as pressões interna e externa que causam o desconforto característico.

Problema 10**

(OBOF 2023) Ling Diren, campeão mundial de Damas, vai embarcar em um voo para a China e decide aproveitar a oportunidade para realizar um pequeno experimento. Ling possui duas garrafas plásticas comuns, A e B, vazias. Assim que entra no avião, ele deixa a garrafa A fechada, e a B aberta. Quando o avião termina o processo de decolagem, enquanto Ling estiver no avião em pleno voo, podemos afirmar que:

a) A garrafa A estará estufada.

b) A garrafa B estará estufada.

c) A garrafa A estará murcha.

d) A garrafa B estará murcha.

e) Nada acontecerá com as garrafas.

Solução

A chave para resolver este problema é lembrar dos conceitos de gases e pressão. A pressão atmosférica próxima ao solo é maior do que a pressão quando o avião estiver em pleno voo. Como a garrafa A foi fechada quando Ling estava no aeroporto (nível do solo), quando o avião finalizar a decolagem, a garrafa estará com uma pressão interna maior do que a externa. Como a pressão interna é maior, a garrafa ficará estufada, portanto, a resposta é o item a). Nada acontece com a garrafa B pois ela estava aberta, então a pressão interna é sempre igual à pressão externa.

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Gabarito

item a)

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Problema 11**

(OBOF 2023) Esse problema está inserido no mesmo contexto do anterior. Enquanto o avião estava em pleno voo, Ling abriu a garrafa A e fechou a garrafa B. Posteriormente, quando o avião aterrissar, podemos afirmar que:

a) A garrafa A estará estufada.

b) A garrafa B estará estufada.

c) A garrafa A estará murcha.

d) A garrafa B estará murcha.

e) Nada acontecerá com as garrafas.

Solução

Quando a garrafa A é aberta, sua pressão interna passa a ser igual à externa e, quando o avião aterrisar, nada acontecerá com ela. A garrafa B, no entanto, foi fechada quando o avião estava em pleno voo, de forma que o ar contido na garrafa B possui uma pressão menor que a pressão atmosférica no nível do solo. Quando o avião aterrisar, a pressão interna da garrafa B será menor, então a garrafa B ficará murcha, portanto, a resposta é o item d).

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Gabarito

item d)

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Problema 12*

(OBFEP 2023) Em 1592, Galileu Galilei criou um mecanismo (1) que comparava a temperatura entre pessoas: o nível da água seria diferente se as temperaturas das pessoas fossem diferentes. Porém, uma mudança na pressão atmosférica, por causa do clima, interfere no nível da água. Para neutralizar essa fonte de erro, em 1708, Fahrenheit confinou uma porção de álcool em um recipiente hermeticamente fechado (2). Pessoas com temperaturas diferentes provocava uma diferença no nível do álcool. Entretanto, com as mudanças de temperatura, o álcool se transforma em vapor e vice-versa, o que interfere no nível de álcool. Em 1721, esse problema foi satisfatoriamente contornado quando o álcool foi substituído por mercúrio - um líquido mais raro que dilata menos que o álcool, porém possui um baixo teor de vaporização (3).

Sobre os processos térmicos que ocorrem nesses termômetros, identifique a alternativa correta.

a) No termoscópio de Galileu, o nível da água será mais alto em pessoas febris.

b) Quando o termômetro é aquecido, o líquido dilata e o recipiente de vidro não dilata.

c) Quando o termômetro é aquecido, o líquido dilata e o recipiente de vidro não dilata.

d) A alteração da pressão atmosférica não interfere no termômetro porque ele é um recipiente fechado.

Solução

Vamos analisar alternativa por alternativa:

a) Falso. Perceba que, nesse caso, quanto maior a temperatura, maior será o volume ocupado pelo gás, de tal modo que o nível de água diminuirá.

b) Falso. Além da água, o vidro também dilata, apesar de desprezivelmente.

c) Falso. A mudança no nível do termometro se deve à dilatação do líquido.

d) Correto. Por ser hermeticamente fechado, a pressão atmosférica não influencia no temormêtro.

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Gabarito

Item d)

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Problema 13***

(OBF 2010) Nebulosas são formações parecidas com nuvens, compostas exclusivamente por gás Hidrogênio. Um astrônomo mediu o diâmetro de uma nebulosa, encontrando 45 anos-luz e sua temperatura em 7500 K e uma densidade de apenas 80 átomos por m^3 . A temperatura foi obtida a partir da análise do comprimento de onda da luz observada na Terra. Com os dados obtidos pelo astrônomo faça uma estimativa da pressão do gás hidrogênio no interior da Nebulosa, considerando-o como ideal.

Solução

Primeiramente, deve-se saber que um ano possui aproximadamente:

3,15*10^7 s

Agora devemos calcular o raio dessa nebulosa:

2R=45*3*10^{8}*3,15*10^{7} m

R=2,12625*10^{17} m \approx 2*10^{17} m

Sabendo disso, podemos calcular o volume da nebulosa:

V=\frac{4\pi R^3}{3}

V=4*R^{3}

V=3,845*10^{52} m^3 \approx 4*10^{52} m^3

A partir disso, podemos descobrir o número de átomos de Hidrogênio na nebulosa:

N_{H}=3,845*10^{52}*80 \rightarrow N_{H}=3,076*10^{54} átomos \approx 3*10^{54} átomos

N_{H_{2}}=1,538*10^{54} átomos \approx 2*10^{54} átomos

Dividindo pelo número de Avogadro, se obtém o número de mols de H_{2}:

n_{H_{2}}=2,563*10^{30} mol\approx 3*10^{30} mol

Agora, podemos utilizar a equação de Clapeyron para descobrir a pressão na nebulosa:

PV=n_{H_{2}}RT

P=\frac{2,563*10^{30}*8,3*7500}{3,845*10^{52}}

P=4,15*10^{-18} Pa \approx 4*10^{-18} Pa

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Gabarito

P=4,15*10^{-18} Pa \approx 4*10^{-18} Pa

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Problema 14***

(OBF 2009) Uma caixa isolante é dividida em duas partes A e B com volumes constantes por uma parede que não deixa passar calor de um lado para o outro da caixa. Na parte A existe um gás monoatômico de uma determinada substância com n_{1} moles a uma temperatura T_{1i}. No lado B, o número de moles da mesma substância é n_{2} a uma temperatura T_{2i}, como mostra a figura 12. Em um dado momento, por algum mecanismo, é permitido fluir calor de um lado da caixa para o outro sem que o volume de cada lado mude. Em uma situação final de equilíbrio termodinâmico, calcule:

obf 2

a) A temperatura de equilíbrio entre os dois sistemas A e B

b) A energia final no lado A em função da energia total

c) A energia final do lado B em função da energia total.

Solução

a) Conservando a energia do sistema:

\Delta U_{1} + \Delta U_{2} = 0

n_{1}C{V}(T_{eq} - T_{1i}) + n_{2}C_{V}(T_{eq} - T_{2i}) = 0

(n_{1} + n_{2})T_{eq} = n_{1}T_{1i} + n_{2}T_{2i}

T_{eq} = \frac{n_{1}T_{1i} + n_{2}T_{2i}}{n_{1} + n_{2}}

b) A energia final do lado A será então:

U_{A} = n_{1}C_{V}T_{eq} = \frac{n_{1}C_{V}(n_{1}T_{1i} + n_{2}T_{2i})}{n_{1} + n_{2}}

Por outro lado, a energia total será:

U_{total} = U_{A} + U_{B}

U_{total} = C_{V}(n_{1}T_{1i} + n_{2}T_{2i})

Portanto:

\frac{U_{A}}{U_{total}} = \frac{n_{1}}{n_{1} + n_{2}}

U_{A} = \frac{n_{1}}{n_{1} + n_{2}}U_{total}

c) Novamente, como:

U_{total} = U_{A} + U_{B}

Daí:

\frac{n_{1}}{n_{1} + n_{2}}U_{total} + U_{B} = U_{total}

U_{B} = \frac{n_{2}}{n_{1} + n_{2}}U_{total}

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Gabarito

a) T_{eq} = \frac{n_{1}T_{1i} + n_{2}T_{2i}}{n_{1} + n_{2}}

b) U_{A} = \frac{n_{1}}{n_{1} + n_{2}}U_{total}

c) U_{B} = \frac{n_{2}}{n_{1} + n_{2}}U_{total}

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Problema 15**

(OBF2008) Um recipiente cilíndrico, de área de secção reta de 300 cm^{2} contém 3 moles de gás ideal diatômico ( C_{v} = 5R/2 ) que está à mesma pressão externa. Este recipiente contém um pistão que pode se mover sem atrito e todas as paredes são adiabáticas, exceto uma que pode ser retirada para que o gás fique em contato com uma fonte que fornece calor a uma taxa constante (veja figura 4). Num determinado instante o gás sofre um processo termodinâmico ilustrado no diagrama PV abaixo e o pistão se move com velocidade constante de 16,6 mm/s.

a) Qual foi a variação de temperatura do gás depois de decorridos 50 s?

b) Obtenha a quantidade de calor transferida ao gás durante esse intervalo de tempo.

Solução

a) Como PV=nRT, sabemos que \delta_{T}=\frac{P\delta_{V}}{nR}, e como \delta_{V}=A*v*\delta{T}, obtemos que:

\delta_{T}=100 K.

b) Sabemos que o calor pedido sera:

Q=nC_{P}\delta_{T}

E como C_{P}=C_{V}+R=7R/2. Temos que:

Q=7nR\delta_{T}/2=8715 J

 

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Gabarito

a) \delta_{T}=100 K.

b) 8715 J

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