Problemas Aula 2.5 - Segunda Lei da Termodinâmica

Escrito por Pedro Tsuchie

Alguns exercícios para você estudar a teoria estudada. O grau de dificuldade dos problemas está indicado com *. Problemas com * são equivalentes a problemas de primeira fase da OBF, ** equivalentes à segunda fase e *** equivalentes à terceira fase.

Nos problemas à seguir considere os gases como ideais e que o zero absoluto é -273\rm{^ \circ C}.

Problema 1*

Qual a máxima eficiência para uma máquina térmica com reservatórios à temperaturas de 0 \rm{^ \circ C} e 200 \rm{^ \circ C} ?

Solução

Sabemos que a máxima eficiência é a da máquina de Carnot e sabemos que ela é dada por \eta=1-\dfrac{T_{F}}{T_{Q}}. Lembrando de converter para Kelvin:

\eta=1-\dfrac{273}{473}=0,42

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Gabarito

\eta=0,42

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Problema 2*

Explique porque podemos dizer que um processo adiabático é também um processo isentrópico( entropia constante). Desenhe o ciclo de Carnot em um diagrama S-T. Qual o formato do ciclo?

Solução

Da definição de entropia, se não há troca de calor, a variação de entropia é zero. Ou seja, se um processo é adiabático, é também isentrópico. Dessa forma, é muito fácil desenhar o diagrama: as isotérmicas são linhas retas e as adiabáticas também! O formato será de um retângulo.

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Problema 3*

Usando a entropia, verifique que a passagem de calor de um corpo de temperatura T_1<T_2 para um corpo de temperatura T_2 não é espontâneo.

Solução

Para verificarmos a espontaneidade de um processo, devemos olhar para a variação de entropia do UNIVERSO. Calcularemos a variação de entropia do universo somando as variações individuais.

Para o corpo 1:

dS_1=-\dfrac{dQ}{T_1}

Para o corpo 2:

dS_2=\dfrac{dQ}{T_2}

Logo, como a variação total é a soma:

dS_{universo}=dS_1+dS_2=\dfrac{dQ}{T_2}-\dfrac{dQ}{T_1}

Isso é evidentemente menor que zero, já que T_1<T_2. Logo, o processo não é espontâneo, pois há uma diminuição da entropia do universo.

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Problema 4*

Após sua aula sobre entropia, GGG, um aluno de física, começou a pensar em alguns processos de seu dia a dia e tentou ver a variação de entropia destes processos. Fazendo isto, ele se deparou com um problema: ao calcular a variação de entropia de seu corpo após entrar no chuveiro com água fria percebeu que a variação seria negativa. GGG encontrou uma falha na Segunda lei da termodinâmica?

Solução

Como era de se esperar, GGG não encontrou uma falha na Segunda Lei, pois por mais que sua entropia tenha diminuído, a Segunda Lei vale apenas para sistemas fechados, e GGG troca calor com o ambiente (água fria), que não está tendo sua entropia contabilizada. De fato, usando uma ideia similar à do problema anterior, é possível provar que a variação de entropia da água é positiva e é maior em módulo do que a variação negativa do corpo de GGG. Esse é um fato muito importante que pode gerar confusões: a variação de entropia do UNIVERSO é sempre positiva( ou zero), um corpo pode ter sua entropia diminuída tranquilamente.

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Problema 5*

Prove que a variação da entropia do universo no ciclo de Carnot é nula.

Solução

Você poderia , é claro, fazer as contas e provar isso, mas é possível argumentarmos sem fazer nenhuma conta! As trocas de calor ( únicos processos sujeitos a uma variação de entropia) são isotérmicos, isto é, ocorrem entre dois corpos com a mesma temperatura( gás e reservatório) .Olhando para o problema anterior, se T_1=T_2, a variação de entropia é nula, ou seja, todos os processos conservam a entropia. Isso demonstra que ao final de um ciclo a entropia do universo se mantém.

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Problema 6**

Utilizando o problema anterior calcule a eficiência da máquina de uma maneira muito menos trabalhosa.

Solução

Sabemos que a entropia é uma função de estado, ou seja, só depende dos pontos finais e iniciais. Ou seja, em um ciclo, a variação de entropia do gás é zero. Porém, mostramos que a variação de entropia do universo também é zero, logo os reservatórios não variam suas entropias após um ciclo. No formato de equações, com T_1 sendo a temperatura do reservatório quente e T_2 do reservatório frio:

\dfrac{Q_{rec}}{T_1}+\dfrac{Q_{ced}}{T_2}=0

\dfrac{Q_{rec}}{Q_{ced}}=-\dfrac{T_1}{T_2}

Usando que \eta=1+\dfrac{Q_{ced}}{Q_{rec}}:

\eta=1-\dfrac{T_2}{T_1}

Chegamos na mesma eficiência com muito menos trabalho!

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Problema 7**( "Concepts in thermal physics", Stephen Blundell, adaptado)

Na tentativa de esfriar um objeto de capacidade térmica 1KJ/K  de uma temperatura de 200K para 100K, GGG possui dois métodos: aproximá-lo de uma fonte fria de temperatura constante 100K ou aproximá-lo primeiro de uma fonte de temperatura 150K e depois de uma fonte de temperatura 100K. Calcule a variação de entropia do universo para ambos os processos. Use calculadora.

Solução

Como vimos na aula, a variação de entropia de um corpo de capacidade térmica C que vai de T_1 até T_2 é :

\Delta S= Cln\left(\dfrac{T_2}{T_1}\right)

Para o primeiro caso:

\Delta S_{universo}=1000ln\left(\dfrac{1}{2}\right)+\dfrac{1000(200-100)}{100}=306 J/K

Em que o segundo termo é a variação de entropia da fonte.

Para o segundo caso:

\Delta S_{universo}=1000ln\left(\dfrac{150}{200}\right)+1000ln\left(\dfrac{100}{150}\right)+\dfrac{1000\left(200-150\right)}{150} +\dfrac{1000\left(150-100\right)}{100}=140 J/K

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Gabarito

Primeiro caso: \Delta S_{universo}=306 J/K

Segundo caso:\Delta S_{universo}=140 J/K

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Problema 8*

Calcule a eficiência da máquina térmica apresentada no diagrama PV à seguir, em que opera um mol de gás monoatômico. Use P_A, V_A, V_B e P_C

Solução

Para este problema, é melhor utilizarmos o trabalho realizado e o calor que entra no gás, \eta=\dfrac{W}{Q_{rec}}. O calor entra no gás em AB e DA, como você pode verificar. Encontraremos primeiro o trabalho realizado.

Trabalho em AB:

dW=pdV=P_A\left(V_B-V_A\right)

Trabalho em CD:

dW=pdV=P_C\left(V_A-V_B\right)

Calor que entra em AB:

\Delta Q=\Delta U + W= \dfrac{3}{2}P_A\left(V_B-V_A\right)+P_A\left(V_B-V_A\right)=\dfrac{5}{2}P_A\left(V_B-V_A\right)

Calor que entra em DA:

\Delta Q=\Delta U + W=\dfrac{3}{2}V_A\left(P_A-P_C\right)+ 0

O trabalho total é:

W=P_A\left(V_B-V_A\right)+P_C\left(V_A-V_B\right)=\left(P_A-P_C\right)\left(V_B-V_A\right)

O calor total que entra é:

\Delta Q=\dfrac{5}{2}P_A\left(V_B-V_A\right)+\dfrac{3}{2}V_A\left(P_A-P_C\right)

\eta=\dfrac{W}{Q_{rec}}=\dfrac{\left(P_A-P_C\right)\left(V_B-V_A\right)}{\dfrac{5}{2}P_A\left(V_B-V_A\right)+\dfrac{3}{2}V_A\left(P_A-P_C\right)}

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Gabarito

\eta=\dfrac{W}{Q_{rec}}=\dfrac{\left(P_A-P_C\right)\left(V_B-V_A\right)}{\dfrac{5}{2}P_A\left(V_B-V_A\right)+\dfrac{3}{2}V_A\left(P_A-P_C\right)}

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Problema 9**

Calcule a eficiência do ciclo de Otto (diagrama PV abaixo), em que opera um gás de coeficiente adiabático \gamma. Use V_C e V_D. As transformações AB e CD são adiabáticas e BC e DA isocóricas.

Solução

Podemos adotar dois métodos: calcular os calores que entram e saem, ou calcular o trabalho total e o calor que entra. Escolheremos o primeiro apenas por simplicidade, mas recomendamos que você utilize os dois métodos para treinar.

Com uma rápida olhada no ciclo, percebemos que o calor entra em DA e sai em BC, pois em DA ele ganha energia interna sem realizar trabalho, e em BC ele perde energia interna sem realizar trabalho.

Calculando o calor recebido:

Da primeira lei:

\Delta U=Q_{rec}

A variação de energia interna é (c0m0 o volume é constante):

\Delta U=\dfrac{V_D\left(P_A-P_D\right)}{\gamma -1}=Q_{rec}

De maneira análoga, o calor cedido é a variação de energia interna que é :

\Delta U=\dfrac{V_C\left(P_C-P_B\right)}{\gamma -1}=Q_{ced}

Para acharmos a relação entre as pressões usaremos que PV^{\gamma}=constante para processos adiabáticos.

P_AV_D^{\gamma}=P_BV_C^{\gamma}

P_CV_C^{\gamma}=P_DV_D^{\gamma}

O que nos interessa é a razão \dfrac{Q_{ced}}{Q_{rec}}.

Somando as equações:

P_AV_D^{\gamma}-P_BV_C^{\gamma}+P_CV_C^{\gamma}-P_DV_D^{\gamma}=0

V_D^{\gamma}\left(P_A-P_D\right)=V_C^{\gamma}\left(P_B-P_C\right)

\dfrac{P_B-P_C}{P_A-P_D}=\left(\dfrac{V_D}{V_C}\right)^{\gamma}

Logo:

\dfrac{Q_{ced}}{Q_{rec}}=\dfrac{V_C}{V_D}\dfrac{P_C-P_B}{P_A-P_D}=-\dfrac{V_C}{V_D}(\dfrac{V_C}{V_D})^{-\gamma}

\eta=1+\dfrac{Q_{ced}}{Q_{rec}}=1-\left(\dfrac{V_C}{V_D}\right)^{1-\gamma}

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Gabarito

\eta=1-\left(\dfrac{V_C}{V_D}\right)^{1-\gamma}

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Problema 10**

Calcule a eficiência da máquina de Joule(diagrama PV abaixo) em que opera um gás de constante adiabática \gamma. Considere AB e CD isobáricas e BC e DA adiabáticas. Use P_A e P_D.

Solução

Novamente podemos adotar dois métodos, trabalho e calor recebido ou calor recebido e calor cedido, mas escolheremos os calores por simplicidade. Olhando atentamente o diagrama, é claro que o calor entra em AB, pois ganha energia interna realizando trabalho, e sai em CD , pois perde energia interna realizando trabalho negativo. Na forma de equações:

Q_{rec}=\Delta U+ P_A(V_B-V_A)

Q_{rec}=\dfrac{P_A(V_B-V_A)}{\gamma - 1}+P_A(V_B-V_A)=P_A(V_B-V_A)(\dfrac{\gamma}{\gamma -1})

Analogamente

Q_{ced}=\Delta U+ P_D(V_D-V_C)

Q_{ced}=P_D(V_D-V_C)(\dfrac{\gamma}{\gamma -1})

Logo

\dfrac{Q_{ced}}{Q_{rec}}=\dfrac{P_D}{P_A}\dfrac{V_D-V_C}{V_B-V_A}

Para relacionarmos os volumes, usaremos que PV^{\gamma}=constante para processos adiabáticos.

P_DV_D^{\gamma}=P_AV_A^{\gamma}

P_AV_B^{\gamma}=P_DV_C^{\gamma}

Substituindo na equação acima temos que :

\dfrac{Q_{ced}}{Q_{rec}}=-(\dfrac{P_D}{P_A})^{(1-\dfrac{1}{\gamma})}

\eta=1+\dfrac{Q_{ced}}{Q_{rec}}=1-(\dfrac{P_D}{P_A})^{(1-\dfrac{1}{\gamma})}

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Gabarito

\eta=1-(\dfrac{P_D}{P_A})^{(1-\dfrac{1}{\gamma})}

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Problema 11**

Calcule a variação de entropia de um mol de gás monoatômico quando esse passa por um processo isotérmico de temperatura e vai de V_1 para V_2

Solução

Em um processo isotérmico temos que \Delta U=0. Pela primeira lei:

dQ=pdV

Usando pV=nRT:

dQ=RT\dfrac{dV}{V}

Da definição de entropia temos que dQ=TdS, logo:

TdS=RT\dfrac{dV}{V}

\Delta S=Rln\dfrac{V_2}{V_1}

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Gabarito

\Delta S=Rln\dfrac{V_2}{V_1}

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Problema 12**

Calcule a variação de entropia de um mol de gás monoatômico quando esse passa por um processo isobárico e vai de T_1 para T_2.

Solução

Para resolver este problema apresentaremos dois métodos

Método 1

Em um processo isobárico:

dQ=C_PdT

Mas dQ=TdS, logo:

TdS=C_PdT

dS=C_P\dfrac{dT}{T}

Integrando:

\Delta S=C_Pln\dfrac{T_2}{T_1}

Para um gás monoatômico, C_P= \frac{5}{2}R

\Delta S=\dfrac{5}{2}Rln\dfrac{T_2}{T_1}

Método 2

Pela primeira lei:

TdS=pdV+dU

Para um gás monoatômico dU= \frac{3}{2}pdV

Logo:

dS=\dfrac{\dfrac{5}{2}pdV}{T}

Usando que T=\frac{pV}{R}

dS=\dfrac{R\dfrac{5}{2}pdV}{pV}=\dfrac{R\dfrac{5}{2}dV}{V}

Integrando:

\Delta S=R\dfrac{5}{2}ln\dfrac{V_2}{V_1}

Usando pV=RT, percebemos que as duas formas são equivalentes, já que as pressões são iguais.

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Gabarito

\Delta S=\dfrac{5}{2}Rln\dfrac{T_2}{T_1}

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Problema 13**

Calcule a variação de entropia de um mol de gás monoatômico que passa por um processo isocórico e sai de T_1 e vai para T_2

Solução

Em um processo isocórico, dQ=C_VdT

Mas dQ=TdS, logo:

dS=C_V\dfrac{dT}{T}

\Delta S=C_Vln\dfrac{T_2}{T_1}

Para um gás monoatômico, C_V=\dfrac{3}{2}R

Logo

\Delta S=\dfrac{3}{2}Rln\dfrac{T_2}{T_1}

Novamente, seria possível utilizar a primeira lei e chegar ao mesmo resultado, como fizemos no método 2 do problema anterior.

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Gabarito

\Delta S=\dfrac{3}{2}Rln\dfrac{T_2}{T_1}

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Problema  14***(OBF 2011)

Há um copo de água em contato com o ambiente, e ambos se encontram a uma temperatura T_0.
a) Mostre, usando o conceito de entropia (e a segunda lei da termodinâmica), que não é natural ver a água do copo variar sua temperatura e resolver se manter em equilíbrio a uma temperatura diferente de T_0.
Dicas: A variação de entropia associada à variação de temperatura de uma massa m de um corpo com calor
específico c, que vai de uma temperatura T_0 até T é:

\Delta S = mc ln \left(\dfrac{T}{T_o} \right)

Onde ln é o logaritmo natural.
Você pode usar também a desigualdade ln(1+x) <x ,para todo x>1 e diferente de 0.
b) Dois corpos em contato térmico se encontram isolados do resto do universo. Eles possuem massas e calores específicos m_1, c_1 e m_2, c_2, com os índices (1, 2) se referindo a cada corpo. Se ambos estão na mesma temperatura T_0, mostre que não é esperado que eles troquem calor e se equilibrem (termicamente) em temperaturas diferentes.
Dica: use que (1+x)^n \approx 1 +nx , se x<<1

Solução

a) Devemos resolver o problema levando em conta que, pela segunda lei da Termodinâmica, um processo físico é possível se a entropia do universo aumentar ou permanecer constante. Portanto, vejamos o que acontece com a entropia da água+ambiente, que, nesse problema, representa o "universo". A variação de entropia da água é dado pela relação fornecida no enunciado, já para o ambiente, que é um reservatório térmico, é simplesmente \dfrac{\Delta{Q}}{T_0}, visto que sua temperatura não muda. Agora, suponhamos que a água no copo atinga o equilíbrio com temperatura T=T_0+\Delta{T}, dessa forma, o calor que sai do reservatório será

\Delta{Q}=-mc\Delta{T}

Negativo pois o calor sai do ambiente. Agrupando essas informações, somos capazes de encontrar a variação de entropia total:

\Delta{S}=mc\left(\ln\left(\dfrac{T_0+\Delta{T}}{T_0}\right)-\dfrac{\Delta{T}}{T_0}\right)

Definindo \dfrac{\Delta{T}}{T_0}=x, a equação acima vira:

\Delta{S}=mc\left(\ln\left(1+x\right)-x\right)

que, pela informação do enunciado, é menor que 0. Logo, esse processo não é possível.

b) Podemos proceder da mesma forma que no item anterior: escrevemos a variação de entropia total e vejamos se isso é menor que zero. Nesse caso, nosso universo é o sistema formado pelos dois corpos. Suponhamos que o corpo 1 terá a maior temperatura no final do processo: T_1=T_0+\Delta{T_1}, e 2 terá uma temperatura menor: T_2=T_0-\Delta{T_2}, com \Delta{T_1} e \Delta{T_2} ambos positivos. A relação entre essas variações de temperatura podem ser obtidas impondo que o calor total é zero:

m_1c_1\Delta{T_1}=m_2c_2\Delta{T_2}

Podemos usar a relação acima para escrever a variação de entropia total como função apenas de um parâmetro:

\Delta{S}=m_1c_1\ln\left(\dfrac{T_0+\Delta{T_1}}{T_0}\right)+m_2c_2\ln\left(\dfrac{T_0-\Delta{T_2}}{T_0}\right)

Eliminando todos os parâmetros (calor específico e massa) contendo índices 2 da equação acima:

\Delta{S}=m_1c_1\left(\ln\left(1+\dfrac{\Delta{T_1}}{T_0}\right)+\dfrac{\Delta{T_1}}{\Delta{T_2}}\ln\left(1-\dfrac{\Delta{T_2}}{T_0}\right)\right)

\Delta{S}=m_1c_1\left(\ln\left(1+\dfrac{\Delta{T_1}}{T_0}\right)+\ln\left(1-\dfrac{\Delta{T_2}}{T_0}\right)^{\dfrac{\Delta{T_1}}{\Delta{T_2}}}\right)

\Delta{S}=m_1c_1\ln\left(\left(1+\dfrac{\Delta{T_1}}{T_0}\right).\left(1-\dfrac{\Delta{T_2}}{T_0}\right)^{\dfrac{\Delta{T_1}}{\Delta{T_2}}}\right)

Agora, consiremos termos de até primeira ordem em \Delta{T_2}. Utilizando a aproximação fornecida no enunciado, ficamos com

\Delta{S}=m_1c_1\ln\left(\left(1+\dfrac{\Delta{T_1}}{T_0}\right).\left(1-\dfrac{\Delta{T_1}}{\Delta{T_2}}\dfrac{\Delta{T_2}}{T_0}\right)\right)

\Delta{S}=m_1c_1\ln\left(1-\left(\dfrac{\Delta{T_1}}{T_0}\right)^2\right)

Como o logaritmo natural de um número menor que 1 é negativo, segue que

\Delta{S}<{0}

Sendo assim, esse processo não é possível.

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Problema 15***  (Problema avançado da semana 166)

GGG, um ótimo aluno de física, está participando de uma competição de física em que lhe foi dado 2 corpos idênticos de temperatura T_2 e um de temperatura T_1<T_2. Os competidores precisam, utilizando máquinas térmicas, maximizar a temperatura de um dos corpos. Assuma que os corpos possuem capacidade térmica constante.

a) Construa a melhor composição de máquinas térmicas para maximizar a temperatura de um dos corpos.

b) Dada esta máquina calcule a máxima temperatura deste corpo.

OBS: se as equações estiverem corretas você chegará em uma equação do terceiro grau, porém uma solução é facilmente tirada das condições iniciais do problema.

c) A grande quantidade de equações e a complexidade de desenhar a máquina tornam este problema muito trabalhoso. Porém, há uma solução que ignora completamente a construção da máquina! Considere a variação de entropia do universo. Calcule-a como função dos parâmetros e use-a para resolver o problema.

d) Percebendo que sua estratégia era a melhor, GGG resolve atrapalhar seus adversários deixando em contato um corpo de T_2 com o de T_1 até que atinjam o equilíbrio térmico. Qual o aumento da entropia deste processo? Ele de fato dá vantagem a GGG? Considere que a Capacidade térmica dos corpos seja C.

e) Calcule o tamanho da vantagem para T_2= 400K e T_1=200K.Considere que os oponentes de GGG utilizem a mesma técnica que ele depois de serem atrapalhados.

Solução

a) Para obtermos a melhor associação de máquinas térmicas possível, vamos utilizar máquinas de Carnot e fazer o seguinte esquema: Pegaremos um dos corpos de temperatura inicial(chamaremos de corpo 3) T_2 e um de T_1 (chamaremos de corpo 1) e faremos uma máquina de Carnot normal. Com o trabalho que sai, iremos alimentar uma máquina de Carnot inversa(Refrigerador) para o calor fluir do corpo 1 para o outro corpo de T_2 ( chamaremos este de corpo 2). O esquema se encontra na imagem abaixo. Perceba que a máquina vale para um instante qualquer, por isso os corpos 2 e 3 estão com temperaturas diferente.

b) Vamos escrever as equações típicas de conservação de energia e da máquina de Carnot.

dQ_Q=dW+dQ_F (i)

dQ'_Q=dQ'_F +dW (ii)

dQ_Q=-CdT_3 (iii)

dQ'_Q=CdT_2 (iV)

dQ_F-dQ'_F=CdT_1 (V)

\dfrac{T_3}{T_1}=\dfrac{dQ_Q}{dQ_F} (Vi)

\dfrac{T_2}{T_1}=\dfrac{dQ'_Q}{dQ'_F} (Vii)

Pegando as duas primeiras equações e "eliminando" o trabalho temos:

dQ_Q-dQ'_Q=dQ_F-dQ'_F

Substituindo os dQ com as equações iii, iV e V e integrando chegamos em:

\Delta T_1+\Delta T_2 + \Delta T_3=0(Viii)

De fato este resultado já era esperado, a soma das temperaturas no início deve ser a mesma que a soma no final! Substituindo as duas primeiras equações por essa, percebemos que faltará uma equações acerca das temperaturas finais. Como queremos a máxima temperatura, iremos deixar a máquina funcionando o máximo de tempo funcionando. No fim, portanto, os corpos 1 e 3 terão a mesma temperatura! Na forma de equações:

2T_{2}+ T_{1}=2T_{1f}+T_{2f}(iX)

Resolvendo o sistema de equações chegamos na seguinte equação:

\dfrac{dT_3}{T_3}+\dfrac{dT_2}{T_2}+\dfrac{dT_1}{T_1}=0

Integrando e elevando os dois lados a e temos:

\dfrac{T_{1f}^2T_{2f}}{T_2^2T_1}=1

Agora basta usar a equação iX e chegaremos na seguinte equação:

-2T_{1f}^3+T_{1f}^2(2T_2+T_1)-T_2^2 T_1=0

A equação do terceiro grau pode parecer difícil de resolver, mas sabemos uma solução: se deixarmos a máquina ligada por um tempo muito curto, a temperatura final de 3 será de T_2. Como você pode verificar, T_2 é solução da equação! Agora esta equação se reduz a uma equação do segundo grau:

2T_{1f}^2-T_1T_{1f}-T_1T_2=0

Encontramos duas raízes e escolhemos a positiva( lembre-se que estamos no SI então não há temperatura negativa):

T_{1f}=\dfrac{T_1+\sqrt{T_1^2+8T_1T_2}}{4}

Achamos também o T_{2f}, que é o que queremos:

T_{2f}=2T_2+T_1-\dfrac{T_1+\sqrt{T_1^2+8T_1T_2}}{4}

c) Para maximizarmos o processo, devemos fazer com que a variação de entropia seja 0. A variação de entropia é:

dS=\dfrac{CdT_3}{T_3}+\dfrac{CdT_2}{T_2}+\dfrac{CdT_1}{T_1}=0

A mesma equação(basta cortar o C) que encontramos antes depois de muito mais trabalho!

Escrevendo a conservação de energia:

\Delta T_1+\Delta T_2 + \Delta T_3=0

Basta usarmos ,também, que ao final dois corpos terão a mesma temperatura, juntando isto com a equação acima:

2T_{2}+ T_{1}=2T_{1f}+T_{2f}

Chegamos no mesmo sistema de equações e, utilizando o mesmo método, chegamos na mesma resposta:

T_{2f}=2T_2+T_1-\dfrac{T_1+\sqrt{T_1^2+8T_1T_2}}{4}

d) Uma pequena variação de entropia é:

dS=\dfrac{CdT_1}{T_1}+\dfrac{CdT_2}{T_2}

A temperatura final dos corpos será:

\dfrac{T_1+T_2}{2}

Integrando a primeira equação:

\Delta{S}=Cln(\dfrac{\dfrac{T_1+T_2}{2}}{T_1})-Cln(\dfrac{T_2}{\dfrac{T_1+T_2}{2}})

\Delta{S}=Cln(\dfrac{(T_1+T_2)^2}{4T_1T_2})

Perceba que este valor é sempre positivo como você pode demonstrar (dica: use a desigualdade das médias).

e)Colocamos os números na fórmula para T_{2f} que encontramos e chegamos em:

T_{2f}=744K

Colocamos agora 300K em T_2 e T_1=400.Chegamos em:

T'_{2f}=635K

A vantagem é de, portanto, 109K.

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