Escrito por Paulo Henrique
Iniciante
Dois pontos no espaço se movem numa reta. O ponto se move com velocidade constante , e o ponto com aceleração constante . Sabendo que no tempo , o ponto está a uma distância de , está momentaneamente em repouso e sempre se move com a aceleração . Para que os dois pontos se encontrem a aceleração de não pode exceder um valor. Suponha que se mova com essa aceleração. Esse valor depende de . Plote o gráfico da aceleração de em função de . é mantido constante. Qual é essa curva? Determine seus parâmetros.
Intermediário
Parte A
Nessa primeira parte, vamos analisar o movimento de um projétil num campo gravitacional constante em algumas situações. O nosso objetivo principal, álém de revisar conceitos familiares de lançamentos, é determinar a velocidade mínima que um projétil deve ser lançado, a partir do polo norte de um hemisfério de raio , de modo a conseguir abandonar o hemisfério sem colidir com o mesmo. Veja a figura abaixo:
É possível determinar essa velocidade de pelo menos duas formas, que serão tratadas aqui.
a) Primeiramente, determinemos essa velocidade usando o resultado de um problema auxiliar e façamos a extensão ao nosso problema. O problema auxiliar é o seguinte: Um projétil é lançado da base de um plano inclinado de inclinação com a horizontal. O projétil é lançado com velocidade e ângulo com a horizontal.
A equação da trajetória (como origem no ponto de lançamento) é dado por
Determine e , ambos em função de .
b) Qual a equação do plano inclinado? Ou seja, qual expressão de em função de ? Onde e são coordenadas de um ponto genérico do plano.
c) O projétil atingirá o plano quando e . Sendo assim, mostre que o alcance ao longo do plano é dado por
Determine a constante em função de alpha.
d) Para uma velocidade fixa , com que ângulo o projétil deve ser lançado, de modo que seja máximo? Qual é esse alcance máximo?
e) Agora, o projétil é posto para galgar um muro de altura a uma distância do mesmo. Qual o ângulo de lançamento para que o projétil ultrapasse o muro com velocidade mínima? Mostre que essa velocidade é dada por
f) Voltemos para nosso problema original. Podemos imaginar o hemisfério como sendo um conjunto infinito de muros com altura variável. Para que o projétil abandone o hemisfério, deve ser suficiente para galgar o muro mais "dificultoso". Com o sistema de coordenadas abaixo, a relação entre a altura desses muros e sua posição horizontal, é dada aplicando pitágoras
Sendo assim, a velocidade mínima necessária para galgar um muro de altura é dado pela fórmula já encontrada (observe que nesse caso todas as alturas são negativas)
Ou seja, nosso problema inicial é reduzido a determinar qual a velocidade mínima para galgar um muro imaginário de altura tal que a função tenha seu valor máximo para . Com todas essa informações em mãos, resolva o problema proposto. Expresse a velocidade mínima da seguinte forma
Determine o número .
g) Outra forma de obter é utilizando os conceitos de parábola de segurança. A parábola de segurança é definida como sendo a envoltória de todas as parábolas possível para o lançamento de um projétil com velocidade inicial fixada . As possível trajetórias (parábolas) são obtidas variando o ângulo de lançamento. Observe que com essa definição, a parábola de segurança define uma região, denominada zona de seguração, na qual o projétil está confinado, ou seja, não é possível atingir um ponto externo à parábola de segurança. Sabendo que a equação da parábola de segurança é da forma
Determine e . Expresse suas respostas em função da velocidade de lançamento e da gravidade .
i) Por definição, pelo menos um ponto da trajetória do projétil (independente do ângulo de lançamento) toca a parábola de segurança e no caso extremo, a trajetória tangencia a superfície do hemisfério em um ponto. Dado que, para a velocidade mínima a parábola de segurança também toca a esfera, determine .
Parte B
Essa parte é independente da primeira. Aqui analisaremos o movimento de um sistema massa mola num referencial acelerado. Considere um sistema massa mola (massa e constante elástica ) dentro de um vagão se movendo inicialmente com velocidade . Nesse estágio a mola está relaxada. Em , o vagão começa a desacelerar uniformemente. O valor da aceleração é . O objetivo dessa parte é determinar a amplitude de oscilação do sistema massa mola após o vagão parar, adimitindo que o mesmo permaneça parado após desacelerar completamente.
a) Num sistema massa mola, seja a posição do oscilador. Determine a energia total do sistema (elástica + cinética). Expresse sua resposta em função da amplitude e da constante elástica .
b) Como no Parte A, resolveremos esse problema de duas formas. Nesse caso, as duas formas correspondem a dois referenciais distintos. A partir do momento que o vagão começa a desacelerar, o mesmo se torna um referencial não inercial. Sabemos que, se queremos analisar o movimento da massa nesse referencial, uma força deve ser acrescida às forças usuais para obtermos a força resultante. Usando a posição inicial da massa (meio do vagão), determine a posição da massa em relação ao vagão em função do tempo. Ou seja, obtenha a distância da massa até o centro do vagão com função do tempo.
c) Determine a posição do centro do vagão em função do tempo. Essa é a distância do centro do vagão até a origem do sistema de coordenadas, ou seja, a posição inicial do centro do vagão.
d) Some adequadamente as respostas dos dois itens anteriores para obter a posição da massa em função do tempo. A origem está fixada no referencial do laborátorio.
e) (Avançado, pule se preferir) Obtenha a resposta do item anterior trabalhando somente no referencial do laboratório. Você deverá obter uma equação diferencial de segunda ordem não homogênea. A solução particular é a mais óbvia possível, inclusive, já obtida no item anterior.
f) Determine a velocidade da massa, assim como a elongação da mola, no instante que o vagão para. Expresse sua resposta em função de todas as constantes fornecidas anteriormente.
g) Qual a amplitude do movimento? Observe que após o vagão parar, o mesmo é inercial e as leis de conservação funcionam normalmente.
Avançado
Parte A
Nesse problema, estudaremos o movimento de corpos rígidos e aprenderemos o conceito de centro instantâneo de rotação, usaremos também o método analítico na parte B para solução de problemas com vínculos. A parte C trata de um desafio independente.
Por definição, um corpo é rígido quando a distância entre as partículas que o compoe se mantêm constante durante todo o movimento. Essa, aparentemente simples, condição implica várias propriedades interessantes, uma delas é o conceito de centro instantâneo de rotação, a sigla é C.I.R. Como a distância entre dois quaisquer pontos ( e ) é constante as velocidades dos pontos ao longo da linha que os une são iguais. Se não fosse, teríamos uma velocidade radial não nula, o que implicaria uma mudança na distância entre eles. Alternativamente, podemos imaginar a situação no referencial de um dos pontos.
a) Considere dois pontos e pertencentes ao mesmo corpo rígido . Qual o tipo de movimento de visto por alguem acompanhando o ponto ? Ou seja, no referencial do ponto .
b) A resposta do item a implica que o módulo da velocidade relativa de em relação à seja da forma
Onde é a velocidade angular de em relação à e é o módulo do vetor posição de em relação à , ou seja:
Podemos escrever a velocidade relativa em notação vetorial, notando que essa velocidade é perpendicular ao vetor posição . Mostre, usando argumentos simples, que
c) Outro fato interessante é que para quaisquer pares de pontos e , pertencentes à ,temos
(Opcional) Mostre que a equação acima é válida.
d) Em geral, a relação das velocidades entre dois pontos de pode ser utilizada pra deduzir qualquer vínculo entre acelerações. Com o conjunto de fatos acima, chegamos numa definição matemática para o C.I.R. Ele é definido como o ponto do espaço , tal que . Observe que esse ponto não precisa pertencer a . Consequentemente, a distância entre o C.I.R. e qualquer ponto do corpo pode mudar. Com essa definição, a velocidade instântanea de qualquer ponto de pode ser obtida por um único produto vetorial. Para isso, devemos conhecer a velocidade angular do corpo e a posição instantânea do C.I.R. Alternativamente, se temos a velocidade de dois pontos do corpo rígido, podemos obter a posição de C.I.R e a velocidade angular do corpo. Observe que a velocidade de qualquer ponto é perpendicular ao seu vetor posição em relação ao C.I.R, portanto, a interseção de duas perpendiculares às velocidades de dois pontos do corpo rídigido em questão é o C.I.R. O módulo das velocidades é simplesmente , onde a distância pode ser obtida geometricamente.
Considere uma escada deslizando sem atrito numa quina de parede. A velocidade da ponta da escada apoiada no chão é e o ângulo que a escada faz com a vertical é . Localize o C.I.R, determine a velocidade da ponta da escada apoiada na parede e mostre que a velocidade angular é dada por
Onde é o comprimento da escada.
e) Para o problema anterior, faça um desenho evidenciando o movimento do C.I.R durante o movimento de queda da barra. Qual o parâmetro(s) da curva?
Parte B
a) Nessa parte, faremos uma breve análise do movimento do sistema abaixo.
No sistema acima, duas barras de comprimento são conectadas por um pivot de tal forma que as barras podem girar livremente sem atrito. A ponta da barra mais afastada se move com velocidade constante vertical. Seja o ponto de junção das barras. Para um sistema cartesiano com origem na interseção da barra mais proxima à parede e a parede, determine as coordenadas do ponto . Expresse sua resposta em função do ângulo que a barra mais próxima à parede faz com a horizontal.
b) Faça um diagrama evidenciando a contrução geométrica para a localização do C.I.R. da barra mais afastada. Quais são suas coordenadas?
Expresse suas respostas em função de , , e , a velocidade de .
c) Escreva a coordenada horizontal do C.I.R em função de e a taxa de variação de .
d) Qual a velocidade vertical do C.I.R.?
e) Mostre que a taxa de variação de é dada por
Onde
f) Determine a aceleração do ponto quando a barra mais próxima à parede está na horizontal.
Parte C
A figura abaixo mostra a imagem de um triângulo retângulo gerada por uma lente convergente. O ponto marcado representa a imagem do ângulo reto e a linha pontilhada é o eixo óptico da lente. Construa a posição do vértice do ângulo reto do objeto usando régua e compasso.