Escrito por Ualype Uchôa
Iniciante
Girando rápido demais
Estrelas de nêutrons são corpos celestes formados por nêutrons que estão gravitacionalmente ligados. Esses objetos giram de forma bastante rápida; no entanto, ainda existe um limiar teórico para a rotação da estrela, de tal forma que sua massa não se desprenda pelo Equador. Mostre então que a máxima frequência de rotação admitida para a estrela é
f=√Gρ3π
considerando um modelo no qual essa estrela é uma esfera com densidade uniforme ρ=7,0∗1017 kg/m3. Calcule também seu valor numérico nesse caso.
A constante gravitacional universal vale G=7,0∗10−11 m3/kg∗s2.
Tome π=3.
Intermediário
Tchau, Terra
Devido às reações termonucleares no interior do nosso Sol, há uma constante liberação de energia. A famosa "equação de Einstein" expressa a equivalência entre massa e energia, mediante
ΔE=Δmc2,
sendo ΔE a energia liberada, Δm a massa associada à esse processo, e c a velocidade da luz no vácuo. Dessa forma, o sol também perde massa nesse processo, o que ocasiona um aumento (quase imperceptível) no raio orbital da Terra. Determine, então,
a) a quantidade de massa perdida pelo Sol em 1 segundo, em kg.
b) O quanto a Terra se afasta do Sol em um ano! Considere que a órbita da Terra é circular.
Dados:
Raio Orbital da Terra: R=1,50∗108 km.
Período de Translação da Terra: T=3,16∗107 s.
Potência irradiada pelo Sol: L=3,83∗1026 W.
Massa do Sol: M=2,00∗1030 kg.
Velocidade da Luz no vácuo: c=3,00∗105 km/s.
Dica (EDIT): Você pode achar útil usar que
(1+x)(1+y)=1+x+y,
para x,y≪1.
Avançado
Anã Branca
O Princípio da Exclusão de Pauli é responsável por inúmeras propriedades da matéria, tanto pelas que somos mais familiares, e.g. a dureza dos materiais sólidos, como por coisas um pouco mais estranhas, como o comportamento de anãs brancas, que são estrelas bastante densas. Neste problema você é desafiado a obter alguns resultados importantes no estudo dessas estrelas. A matéria em anãs brancas consiste basicamente de elétrons e dos núcleos atômicos, cujos quais são basicamente carbono e oxigênio. Pelo fato de serem neutras a quantidade de prótons e elétrons é a mesma, além disso o número de prótons e nêutrons também é o mesmo devido à composição das estrelas. Neste problema vamos investigar o equilíbrio das anãs brancas que se deve ao resultado tanto da interação gravitacional como da repulsão estatística sofrida pelos férmions (elétrons, prótons e nêutrons) que compõem a estrela.
Parte 1: Energia Cinética da Estrela
Neste problema vamos considerar que as partículas que compõem a estrela são não-relativísticas.
a) Para uma dada partícula de massa m (nêutron, próton ou elétron), escreva sua energia cinética ϵ como função de sua massa e do seu número de onda k=2π/λ, além de constantes físicas fundamentais, se necessário. Considere agora como modelo da estrela o modelo de uma caixa infinita, i.e. uma caixa cúbica de lado L da qual as partículas não podem escapar. Este modelo é análogo a uma corda presa nas extremidades. Neste modelo, cada partícula só pode possuir valores discretos de número de onda k. O numero de onda é dito quantizado, tanto na direção x, como nas direções y e z.
b) Determine a condição de quantização de kx, ky e kz como função de números quânticos nx, ny e nz para cada uma das direções.
Como o elétron é a partícula que possui a menor massa, ele é o que mais contribui para a energia cinética total do sistema. Seja me a massa do elétron e mp a massa dos prótons e nêutrons, consideradas idênticas neste problema.
c) Considerando que a massa total da estrela é M e que a massa dos elétrons é muito menor que a dos prótons (e nêutrons), determine o número de elétrons N contidos na estrela.
d) Determine a menor diferença Δki entre os possíveis valores de ki (i=x,y,z).
É possível atribuir a cada elétron um cubo de lado Δki, calculado no item anterior, no espaço do número de onda. Isso significa que um elétron com número de onda →k=kxˆx+kyˆy+kzˆz ocupa um cubo de lados Δki na posição →k, conforme a Figura 1, que ilustra o caso particular de duas dimensões.
A Figura 1 também indica o momento de Fermi, que é o número de onda (momento) do elétron mais energético.
Figura 1: Representação do espaço de número de onda (momento) em duas dimensões. No esquema mostrado o quadrado indica a região que comporta dois elétrons devido ao Princípio da Exclusão de Pauli.
e) Supondo que todos os cubos sejam preenchidos desde zero até o momento de Fermi kF com no máximo dois elétrons por cubo, determine o valor do momento de Fermi kF em função da densidade n=N/L3=N/V de elétrons no sistema. Considere que o comprimento L é muito grande, e leve em conta que apenas valores positivos de ki (i=x,y,z) são permitidos.
f) Determine a energia cinética total dos elétrons como função do momento de Fermi e do número de elétrons na estrela.
g) Usando o resultado do item prévio, expresse a energia cinética total dos componentes da estrela como função de sua massa M e raio R. Para tanto, considere que o volume V agora corresponde ao volume da estrela esférica.
Parte 2: Energia Potencial
Considere agora que a massa da estrela seja totalmente devida aos prótons e nêutrons. Isso serve para dizer que os elétrons não contribuem com o mecanismo de atração gravitacional interna que a mantém a estrela viva.
h)Determine a energia potencial gravitacional da estrela como função de sua massa M e de seu raio R.
i) Esboce o gráfico da energia total da estrela como função de seu raio R.
j) Qual dos mecanismos (gravidade ou repulsão estatística) é mais importante quando o raio R da estrela é pequeno e quando R é grande?
k) Determine o raio de equilíbrio estável r0 da estrela.
Suponha agora que de alguma maneira seja possível comprimir ligeiramente toda a massa da estrela e diminuir seu raio para r0−Δr, com Δr/r0≪1, mantendo a densidade uniforme.
l) A estrela executará oscilações radiais? Caso afirmativo, calcule a frequência angular dessas oscilações.