Soluções Física - Semana 122

Escrito por Ualype Uchôa

Iniciante

Assunto abordado

Análise dimensional e Mecânica

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Solução

a) Primeiramente, vamos utilizar o fato de que o comprimento da perna é proporcional ao comprimento total do animal. Sendo C o comprimento do dinossauro e c o da galinha, vale

\dfrac{L}{l}=\dfrac{C}{c}.

A segunda informação é que a resistência (força por área) sobre os ossos de ambos os animais é igual; isto é, o peso sobre a secção reta do osso da perna é o mesmo. Logo, seja m a massa da galinha e M a massa do dinossauro, e s e S as respectivas secções do osso:

\dfrac{Mg}{S}=\dfrac{mg}{s},

\dfrac{M}{m}=\dfrac{S}{s}.

Mas, por análise dimensional, a massa dos animais é proporcional à terceira potência de seu comprimento, com a constante de proporcionalidade estando relacionada à densidade média. Podemos considerar que esta é igual para ambos, o que nos permite escrever

\dfrac{M}{m}=\dfrac{C^3}{c^3}.

Combinando-se as três relações, chegamos em

L=l\left(\dfrac{S}{s}\right)^{1/3}=lN^{1/3}.

Substituindo:

L=15*(10^4)^{1/3} cm \approx 3.2 m.

É de se esperar que o comprimento da perna seja próximo de A, o que está de acordo com o resultado obtido.

b) Devemos perceber que cada perna demora 1 período para varrer a distância A, pois, periodicamente, ela para durante meio período para que a outra perna ande também. Então, a velocidade média vale:

v=\dfrac{A}{\tau}=\dfrac{A}{2 \pi} \sqrt{\dfrac{g}{L}}.

Substituindo os valores:

v \approx 1.1 m/s,

que é próxima à velocidade de caminhada de um ser humano, o que é razoável. Poderíamos aprimorar a estimativa considerando que o movimento da perna é correspondente à oscilação de um pêndulo físico em vez de um pêndulo simples, o que leva em conta o formato da perna, que pode ser considerada uma barra homogênea. Com esse modelo, obtemos uma resposta de 1.4 m/s.

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Gabarito

a) L = lN^{1/3} \approx 3.2 m.

b) v=\dfrac{A}{2 \pi} \sqrt{\dfrac{g}{L}} \approx 1.1 m/s.

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Intermediário

Assunto abordado

Ondulatória: Efeito Doppler

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Solução

a) A resolução desse item (em geral, de situações de efeito doppler nos quais a fonte e/ou o observador estão acelerados) deve ser feita com muita cautela, e peço que o leitor preste muita atenção aos detalhes. Há DOIS efeitos a serem considerados: a aceleração da fonte e o tempo que o som emitido leva para chegar ao observador. É evidente que ocorrerá efeito doppler devido à velocidade relativa entre a fonte e o observador. Lembre-se que a equação do efeito doppler unidimensional é:

f=f_0\left(\dfrac{v_{som} \pm v_o}{v_{som} \pm v_f}\right),

Sendo f → frequência observada; f_0 → frequência emitida pela fonte; v_{som} → velocidade do som; v_f → velocidade da fonte; v_o → velocidade do observador. Todas as velocidades são medidas em relação à terra e convencionamos o sentido positivo do observador para a fonte. É imprescindível ressaltar que, na equação acima, v_f é a velocidade instantânea da fonte, no momento em que ela emitiu uma certa onda sonora. Desta forma, a situação física é a seguinte:

A fonte, inicialmente a uma distância h da cabeça do observador, começa a se mover aceleradamente, e emite uma onda de frequência própria f_0 num instante t_1, instante no qual sua velocidade é gt_1. Essa onda sonora demora \Delta t para chegar ao observador, percorrendo uma distância v_s \Delta t = h - \dfrac{1}{2}gt_1^2 (o último termo é a distância percorrida pela fonte até o tempo t_1). Sendo assim, a onda sonora emitida pela fonte em t_1 será percebida pelo observador apenas em t_1 + \Delta t = t, com frequência aparente f. Agora, nos resta equacionar esta situação. Haja vista que t_1=t-\Delta t:

v_s \Delta t = h- \dfrac{1}{2} g (t-\Delta t)^2.

Desenvolvendo, chegamos em uma equação quadrática para \Delta t:

\dfrac{1}{2}g \Delta t^2 + (v_s -gt) \Delta t + \left(\dfrac{1}{2}gt^2 - h\right)=0.

Cuja solução é

\Delta t = \dfrac{-(v_s-gt) \pm \sqrt{v_s^2 - 2v_sgt +2gh}}{g},

de onde escolhemos a raiz com o sinal positivo, pois, caso contrário, \Delta t seria negativo, o que é absurdo (lembre-se que v_s > gt).

Agora, vamos utilizar a fórmula do efeito doppler. Como já fora comentado, devemos usar a velocidade da fonte no instante em que o som foi emitido. No nosso caso, v_f = gt_1=g(t-\Delta t). Substituindo o resultado anterior:

v_f = v_s - \sqrt{v_s^2 - 2v_sgt +2gh}.

Usamos, agora, a fórmula do efeito doppler para encontrarmos a frequência:

f=f_0\left(\dfrac{v_s \pm v_o}{v_s \pm v_f}\right).

No nosso caso, v_o=0 e escolhemos o sinal negativo para v_f, pois a fonte vai de encontro ao observador. Por fim, substituindo v_f:

f=f_0\dfrac{v_s}{\sqrt{v_s^2-2v_sgt+2gh}}.

b) Para analisar o comportamento dos dados, é interessante que obtenhamos uma relação linear (indireta) entre f e t: essa técnica se chama linearização de equações, e é extremamente útil, por exemplo, em física experimental. Veja que, invertendo a equação obtida em a) e elevando ambos os membros ao quadrado, obtemos a relação a seguir:

\dfrac{1}{f^2}=\dfrac{1}{f_0^2}\left(1+\dfrac{2gh}{v_s^2}\right)-\dfrac{1}{f_0^2}\dfrac{2g}{v_s}t.

Ou seja, nossa teoria prevê que a relação entre \dfrac{1}{f^2} e t produz um gráfico linear decrescente. Para verificarmos se o experimento está consistente com nossa hipótese, plotemos o gráfico \dfrac{1}{f^2} versus t utilizando os dados da tabela:

Produzindo uma reta conforme esperávamos. Sendo essa relação do tipo y=ax+b, podemos descobrir os coeficientes a e b colocando os dados numa calculadora, por meio do modo de regressão linear:

a =1.75*10^{-7} s

b = -3.31*10^{-6} s^2.

Guardemos esses resultados.

c) Da expressão linearizada, decorre que:

a=-\dfrac{1}{f_0^2}\dfrac{2g}{v_s}

Substituindo os valores de a, g e v_s, encontramos

f_0 = 574 Hz.

d) Da mesma forma, a expressão linearizada nos diz que:

b=\dfrac{1}{f_0^2}\left(1+\dfrac{2gh}{v_s^2}\right)=-\dfrac{2g}{av_s}\left(1+\dfrac{2gh}{v_s^2}\right)

Substituindo os valores numéricos:

h = 533 m.

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Gabarito

a) f=f_0\dfrac{v_s}{\sqrt{v_s^2-2v_sgt+2gh}}.

b) Ver solução.

c) f_0 =574 Hz.

d) h = 533 m.

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Avançado

Assunto abordado

Eletrodinâmica e Mecânica

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Solução

O problema abre margem, basicamente, para duas formas de solução: conservação de energia ou torque. Usaremos a segunda, mas encorajo fortemente o leitor que tente também a primeira.

O primeiro passo é encontrar o campo magnético no interior do cilindro. Como o cilindro é muito longo, podemos considerar que o campo em seu interior é aquele gerado por um solenoide infinito:

B=\mu_0 n I,

sendo n o número de voltas (espiras) por comprimento. No presente caso, há apenas 1 grande espira de comprimento L, logo:

B=\dfrac{\mu_0 I}{L}.

À medida que o peso cai, o cilindro passa a girar mais rápido, e, portanto, a corrente I sofre uma variação, o que, por sua vez, ocasiona uma variação do campo magnético B e no fluxo magnético, gerando uma força eletromotriz induzida. Antes de tudo, calculemos a taxa de variação da corrente; quando o cilindro gira de \Delta \theta, a carga que passa é \Delta q = \sigma \Delta A = \sigma R L \Delta \theta (área de um pequeno retângulo). Então, pela definição de corrente:

I=I(t)=\dfrac{\Delta q}{\Delta t}=\sigma R L \omega (t) \therefore

\dfrac{dI}{dt}=\sigma R L \alpha.

Sendo \alpha a aceleração angular do cilindro. Como a corrente está no sentido horário (ver figura), o campo magnético aponta para dentro da página. Então, pela Lei de Faraday-Lenz, haverá um campo elétrico induzido circunferencial ao cilindro, no sentido anti-horário. Devemos encontrar esse campo elétrico utilizando:

|\epsilon_{ind}|=\dfrac{d \phi}{dt}.

Ao longo de uma volta, a tensão induzida será:

E*2\pi R=\pi R^2 \dfrac{dB}{dt},

2 \pi R E=\dfrac{\mu_0*\pi R^2}{L} \dfrac{dI}{dt}={\mu_0 \pi R^3 \sigma \alpha},

E=\dfrac{\mu_0 \sigma R^2 \alpha}{2}.

Sendo assim, podemos agora relacionar as duas forças que provocam torque no cilindro (a tração do fio e a força elétrica) com a aceleração linear a do cilindro (que há de ser a mesma do peso, para que não haja deslizamento). Utilizando a segunda lei de Newton para rotações:

\tau_{CM}=I_{CM} \alpha

Onde o subscrito CM denota que tanto os torques quanto os momentos de inércia são calculados em relação ao centro de massa. Sendo T a tração e Q=\sigma 2\pi R L a carga total no cilindro, temos que

\left(T-QE\right)R={MR^2} \alpha,

onde usamos o momento de inércia para um cilindro delgado (o enunciado diz que o cilindro possui paredes finas). Inserindo a condição de não deslizamento a=\alpha R e isolando T:

T=Ma+\mu_0 \pi \sigma^2 R^2 L a.

Por fim, através da segunda lei de Newton para o peso, determinamos sua aceleração:

mg-T=ma,

mg=ma+Ma+\mu_0 \pi \sigma^2 R^2 L a,

a=\dfrac{mg}{m+M+\mu_0 \pi \sigma^2 R^2 L}.

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Gabarito

a=\dfrac{mg}{m+M+\mu_0 \pi \sigma^2 R^2 L}.

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