Escrito por Akira Ito e Ualype Uchôa
Iniciante
Cinemática: MRUV
A equação horária da posição para o MRUV é:
Da equação acima, podemos ver que conhecidas as variáveis e , nossas incógnitas são as constantes (posição inicial), (velocidade inicial) e (aceleração). Note que o enunciado fornece informações acerca de três momentos do movimento; ou seja, sabemos a posição do móvel em três instantes de tempo diferentes. Com 3 equações, seremos então capazes de resolver para as 3 incógnitas.
Dado que , e , obtemos, respectivamente (de cima para baixo), as seguintes equações:
(Eq. 1)
(Eq. 2)
(Eq. 3)
Subtraindo (Eq. 1) de (Eq. 2), membro a membro:
(Eq. 4)
Subtraindo (Eq. 2) de (Eq. 3), membro a membro:
(Eq. 5)
Agora, basta resolver o sistema linear composto pelas equações (Eq. 4) e (Eq. 5), e encontrar a . Substituindo de (Eq. 4) em (Eq. 5):
Substituindo os valores numéricos:
Intermediário
Cinemática, Dinâmica e Energia
Existem duas abordagens que podemos tomar para o problema. A primeira - e mais acessível e rápida - utiliza energia e cinemática, enquanto a segunda parte para uma interessante análise dinâmica da situação, estudando as forças e torques presentes no problema. Apresentaremos ambas aqui.
Solução 1: Cinemática e Energia
Para aqueles que não entenderam o problema, ele está ilustrado na figura abaixo. No desenho, a linha pontilhada delimita o ângulo . Considere que as rodas possuem raios e , respectivamente.
Imagine, por um momento, que o problema está sendo analisado no referencial em que os eixos dos cilindros estão parados, de forma que a barra apenas desliza (parecido com uma daquelas esteiras que ficam na seção de raio-x dos aeroportos).
Aplicando a condição de não deslizamento, temos:
Em que é um deslocamento da barra ao longo da direção desta. Como os cilindros rolam sem deslizar, o deslocamento corresponde exatamente à distância percorrida por estes na horizontal. É importante notar também que a distância entre eles permanece constante, uma vez que a velocidade dos pontos de tangência com a barra é a mesma, já que a barra é um corpo rígido. Ou seja, quando a barra desloca , os cilindros rolam na horizontal. Dessa forma, conseguimos obter a seguinte relação vetorial:
A seta em vermelho é o vetor , o deslocamento em relação à Terra. As setas em preto são os vetores correspondente aos deslocamentos da barra ao longo dos cilindros e dos cilindros na horizontal, ambos de módulo . A linha pontilhada delimita o ângulo .
Logo, pela lei dos cossenos:
Já que não há deslizamento relativo entre nenhuma das superfícies (rolamento perfeito), nenhuma parcela energética é dissipada em calor, e portanto a energia mecânica do sistema se conserva.
Assim, se a barra se desloca na direção do seu comprimento, podemos escrever a seguinte relação (assumindo que ela parte do repouso):
Perceba que é o deslocamento vertical, que é contabilizado na mudança de energia potencial gravitacional. é a velocidade da barra em relação à Terra. Note que também não há nenhuma parcela energética devido ao movimento dos roletes porque suas massas (e momentos de inércia) são desprezíveis.
Você deve ter percebido que a expressão acima é muito familiar à equação de Torricelli para o movimento acelerado. De fato, a dependência linear de com indica que o movimento da barra possui aceleração constante: Aplicando a equação de Torricelli, temos então que:
Sendo a aceleração da barra. Comparando as duas, tem-se por fim que:
Usando o vínculo geométrico descoberto entre e :
Solução 2: Força e Torque
Considere que a massa da barra é e que o cilindro da esquerda possui raio , massa e momento de inércia ; analogamente para o cilindro da direita , e . Aplicando as leis de Newton para a barra nas direções ao longo e perpendicular à barra, obtemos:
Em que e são as forças de normal entre a barra e os cilindros 1 e 2, respectivamente, e que e são as forças de atrito.
Lembre-se que estamos trabalhando no referencial acelerado dos cilindros (que se movem com uma aceleração para a esquerda), dessa forma, é necessário fazer uma correção de força.
Agora vamos calcular o torque resultante nos cilindros. Para o cilindro 1:
Em que é a força de atrito do cilindro 1 com o chão, e é a aceleração angular.
Analogamente para o cilindro 2:
Lembre-se que o enunciado diz que a massa dos roletes pode ser desprezada, portanto . Assim:
Calculando a força resultante nos cilindros na horizontal, obtemos:
Mas, como a massa dos roletes é desprezível . Temos:
Juntando todas as equações descobertas anteriormente,
Fazendo as devidas simplificações:
Queremos, no entanto, encontrar , a aceleração da barra em relação à terra. Retomando o vínculo encontrado no início da solução 1:
Isso nos permite dizer que
E, analogamente:
Logo, substituindo igualando das duas equações:
Usando as mesmas simplificações vistas anteriormente, chegamos no mesmo resultado, conforme o esperado:
Avançado
Magnetismo
Usemos um sistema de coordenadas , com origem no ponto de entrada da partícula. O eixo está dirigido para a direita, vertical para cima e aponta, portanto, para fora do papel. Logo, a força magnética na partícula é dada por:
A força de arrasto, por outro lado, é dada por . Então, pela Segunda Lei de Newton, podemos escrever as seguintes equações em ambos os eixos:
Note que definimos e . Primeiramente, analisamos o caso em que não há campo, i.e. . Como a velocidade inicial é , o movimento ocorre apenas em . Então, integrando a equação de movimento nessa direção, podemos achar em termos das das constantes definidas e :
No caso em que o campo magnético é presente, chame a coordenada final da partícula de . Integrando as equações em ambos os eixos, tem-se:
.Resolvendo-se o sistema de duas equações acima para e , temos então que (que é conhecido) será dado por:
Logo:
Note que, quando o campo magnético dobra de valor, devemos substituir por . Então, por fim: