Aerodinâmica do Foguete

A aerodinâmica desempenha um papel crucial mesmo em projetos simples de foguetes, como os feitos com garrafas PET. Se você quiser alcançar distâncias longas, tem que ter em mente a importância de ter um foguete com uma aerodinâmica próximo do perfeito.

Aqui falaremos sobre alguns pontos importantes para aumentar a eficiência na aerodinâmica do foguete.

1. Formato do foguete:

O perfil aerodinâmico de um foguete é uma consideração fundamental no seu projeto e desempenho durante o voo. O formato do corpo do foguete desempenha um papel crucial na minimização do arrasto aerodinâmico e na maximização da eficiência do lançamento. Idealmente, o perfil aerodinâmico deve ser projetado para reduzir a resistência do ar ao mínimo. 

Uma forma com uma seção transversal em forma de cone ou ogiva é geralmente utilizada, pois permite que o ar flua suavemente ao redor do foguete, reduzindo o arrasto. Evitar arestas afiadas ou transições abruptas entre as partes do foguete é essencial para manter um fluxo de ar laminar e minimizar a turbulência. Qualquer protuberância ou irregularidade na superfície do foguete pode perturbar o fluxo de ar e aumentar o arrasto, prejudicando o desempenho do voo.

Além disso, a integração suave de componentes adicionais, como aletas, no perfil aerodinâmico do foguete é importante para garantir uma distribuição uniforme das forças aerodinâmicas ao longo do corpo do foguete.

O centro de gravidade do foguete deve ser cuidadosamente posicionado à frente do centro de pressão para garantir estabilidade durante o voo. Isso significa que a massa do foguete deve ser distribuída de forma que o centro de gravidade esteja localizado à frente do ponto onde as forças aerodinâmicas são aplicadas. Além disso, o material utilizado na construção do foguete também pode influenciar o perfil aerodinâmico. Materiais mais leves e rígidos, como compostos de fibra de carbono, podem permitir a criação de formas mais complexas e aerodinamicamente eficientes, proporcionando uma redução adicional no arrasto.



A análise e otimização do perfil aerodinâmico do foguete pode envolver o uso de software de simulação computacional, que te permite prever o comportamento do fluxo de ar ao redor do foguete em uma variedade de condições. Essas ferramentas permitem testar virtualmente diferentes designs e iterar sobre eles para encontrar a configuração mais eficaz em termos de aerodinâmica. Um software ótimo é o OpenRocket.

Além disso, é importante considerar os efeitos dinâmicos durante o voo, como a estabilidade e o controle direcional. A configuração do perfil aerodinâmico deve ser projetada considerando não apenas a redução do arrasto, mas também a capacidade do foguete de manter uma trajetória estável e responder adequadamente a mudanças nas condições atmosféricas

1.1 Aletas:

As aletas desempenham um papel crucial na estabilidade direcional do foguete. Ao projetar as aletas de forma adequada, é possível garantir que o centro de pressão (ponto onde as forças aerodinâmicas atuam) permaneça atrás do centro de gravidade do foguete. Isso é essencial para evitar que o foguete gire descontroladamente em torno do seu eixo longitudinal durante o voo. A estabilidade direcional é especialmente importante durante a fase de ascensão, quando o foguete está sujeito a forças aerodinâmicas significativas devido ao movimento através da atmosfera terrestre.

As aletas proporcionam um meio eficaz de controle de trajetória durante o voo do foguete. Ao ajustar o ângulo das aletas em relação ao corpo do foguete, é possível direcionar o vetor de empuxo resultante e, assim, controlar a orientação e a direção do voo. Esse controle é essencial para garantir que o foguete siga uma trajetória precisa e atinja o seu objetivo pretendido, seja ele alcançar uma determinada altitude, percorrer uma certa distância ou atingir um alvo específico.

Embora as aletas possam introduzir algum arrasto aerodinâmico adicional, sua presença pode, na verdade, contribuir para a redução do arrasto total do foguete. Isso ocorre porque as aletas podem ajudar a manter o fluxo de ar em torno do corpo do foguete mais uniforme, reduzindo assim a formação de vórtices e turbulências que podem aumentar o arrasto. Além disso, a forma e o perfil aerodinâmico das aletas podem ser projetados para minimizar a resistência ao avanço, contribuindo para um voo mais eficiente e rápido.

Durante o voo em alta velocidade, o foguete está sujeito a forças aerodinâmicas intensas que podem afetar sua estabilidade. As aletas desempenham um papel crucial na distribuição dessas forças e na manutenção da estabilidade do foguete. Ao fornecer uma superfície adicional para o fluxo de ar, as aletas ajudam a evitar oscilações indesejadas e a manter o foguete alinhado com sua trajetória de voo. Isso é especialmente importante em foguetes de alta velocidade, nos quais pequenas variações na orientação podem ter grandes consequências para o sucesso

1.2 Qual seria o melhor formato de aletas?

O melhor formato e o número ideal de aletas para um foguete de garrafa PET podem variar dependendo de vários fatores, incluindo o tamanho e peso do foguete, sua velocidade de voo, as condições atmosféricas e os objetivos da missão. No entanto, algumas considerações gerais podem ajudar a orientar a escolha do formato e número de aletas:

Triangular: As aletas triangulares são comuns em foguetes de garrafa PET devido à sua simplicidade de fabricação e eficácia na estabilização do voo. Elas oferecem uma boa combinação de estabilidade direcional e resistência ao arrasto.

Trapézio: Aletas com formato de trapézio podem proporcionar uma maior eficiência aerodinâmica, reduzindo o arrasto em comparação com aletas triangulares. Elas são frequentemente usadas em foguetes que exigem alta performance.

Elíptica: Aletas com formato mais aerodinâmico, podem oferecer uma redução adicional no arrasto, contribuindo para um voo mais eficiente. No entanto, sua fabricação pode ser mais complexa.

E quantas aletas seriam o ideal? Bom, isso pode variar de acordo com seu projeto, mas apresentaremos algumas opções:

Três aletas: Um arranjo com três aletas é comumente usado em foguetes de garrafa PET devido à sua simplicidade e estabilidade. Esse arranjo tende a minimizar o efeito de guinada e rotação durante o voo.

Quatro aletas: Arranjos com quatro aletas podem oferecer uma maior estabilidade direcional e controle de trajetória em comparação com três aletas. No entanto, eles podem aumentar ligeiramente o arrasto aerodinâmico (geralmente o mais utilizado e o preferido por muitos)

Mais de quatro aletas: Embora menos comum, arranjos com cinco ou mais aletas podem ser usados em foguetes que exigem uma estabilidade direcional extra ou em casos onde a estética do design é uma consideração importante.

O uso de quatro aletas em um foguete de garrafa PET oferece vários benefícios em termos de estabilidade direcional, controle de trajetória e resistência ao arrasto. Com quatro aletas, o foguete tende a ter uma estabilidade direcional mais consistente em comparação com arranjos de três aletas. Isso ocorre porque o layout simétrico das quatro aletas distribui as forças aerodinâmicas de maneira mais uniforme ao redor do foguete. Como resultado, o foguete é menos propenso a rotações indesejadas ao longo do seu eixo longitudinal, garantindo uma trajetória mais estável durante o voo

As quatro aletas oferecem mais opções para ajustar o ângulo de inclinação durante o voo, proporcionando um controle de trajetória mais refinado. Isso é especialmente útil para corrigir pequenos desvios da trajetória planejada ou para fazer ajustes precisos na orientação do foguete em resposta a condições atmosféricas variáveis. Embora o arrasto aerodinâmico total possa aumentar ligeiramente com quatro aletas em comparação com três, a distribuição mais uniforme das forças aerodinâmicas pode resultar em uma redução no arrasto induzido. Além disso, as quatro aletas podem ser projetadas com um perfil aerodinâmico otimizado para minimizar a resistência ao avanço, contribuindo para um voo mais eficiente e rápido.

 

1.3 Qual seria o melhor material para aletas?

Falaremos sobre alguns materiais ótimos, que além de serem leves também são resistíveis.

Plástico PVC ou poliestireno:

O PVC e o poliestireno são plásticos leves e acessíveis que podem ser usados na fabricação de aletas de foguete. Eles são fáceis de cortar e moldar usando ferramentas comuns, como estiletes ou serras. Além disso, esses materiais são duráveis e podem suportar as forças aerodinâmicas durante o voo do foguete. O PVC é especialmente resistente à água, o que pode ser vantajoso em condições úmidas. O poliestireno, por sua vez, é amplamente disponível e econômico, tornando-o uma escolha popular para projetos de baixo custo.

Acrílico ou polipropileno:

O acrílico e o polipropileno são plásticos mais rígidos e resistentes, que oferecem uma estabilidade estrutural superior às aletas do foguete. Eles são mais difíceis de cortar e moldar do que a balsa ou o PVC, mas podem ser trabalhados com ferramentas adequadas. O acrílico é conhecido por sua transparência e resistência a impactos, enquanto o polipropileno é valorizado por sua resistência química e térmica. Ambos os materiais são duráveis e podem suportar condições adversas durante o voo.

Fibra de carbono ou fibra de vidro:

A fibra de carbono e a fibra de vidro são materiais compostos que oferecem uma combinação excepcional de leveza, rigidez e resistência. Elas consistem em fibras finas de carbono ou vidro impregnadas em uma matriz de resina, formando um material extremamente forte e leve. As aletas feitas desses materiais podem suportar altas cargas aerodinâmicas sendo ideais para foguetes de alta performance. No entanto, eles tendem a ser mais caros.

 

Centro de Pressão e Centro de Massa:

Para entender a importância das aletas na estabilidade e controle de um foguete de garrafa PET, é essencial compreender dois conceitos fundamentais: o centro de pressão e o centro de massa.

O centro de massa, também conhecido como centro de gravidade, é o ponto onde toda a massa do foguete está concentrada. É como se fosse o ponto de equilíbrio do foguete, onde todas as forças de gravidade atuam. Se o foguete fosse perfeitamente equilibrado, o centro de massa estaria localizado exatamente no meio do foguete, mas, na prática isso pode variar dependendo da distribuição de massa dos componentes do foguete.

Por outro lado, o centro de pressão é o ponto onde as forças aerodinâmicas, como a resistência do ar, são aplicadas no foguete. Em um foguete em movimento, o ar flui ao redor do corpo, criando uma pressão aerodinâmica que pode afetar a estabilidade do voo. O centro de pressão é o ponto onde essa pressão aerodinâmica é considerada como se estivesse sendo aplicada. Ele pode variar dependendo do formato e da área frontal do foguete, bem como da velocidade e direção do vento relativo.

A relação entre o centro de pressão e o centro de massa é fundamental para a estabilidade do foguete durante o voo. Idealmente, o centro de pressão deve estar localizado atrás do centro de massa. Isso significa que as forças aerodinâmicas agem como se estivessem empurrando o foguete para baixo, estabilizando sua trajetória. Quando o centro de pressão está à frente do centro de massa, o foguete se torna instável e pode começar a girar ou a desviar-se da trajetória desejada.

É aqui que entram as aletas. Ao colocar as aletas na parte traseira do foguete, podemos mudar o ponto onde as forças aerodinâmicas são aplicadas, empurrando efetivamente o centro de pressão para trás. Isso ajuda a garantir que o centro de pressão esteja sempre atrás do centro de massa, proporcionando estabilidade direcional ao foguete durante o voo.

Assim, as aletas desempenham um papel crucial não apenas na redução do arrasto e no controle da trajetória, mas também na garantia da estabilidade do foguete ao manter o centro de pressão adequadamente posicionado em relação ao centro de massa.

Falemos um pouco separadamente sobre o centro de pressão e o de massa.

Centro de massa:

O centro de massa, também conhecido como centro de gravidade, é o ponto em um objeto onde toda a massa parece estar concentrada. É como se fosse o ponto de equilíbrio do objeto, onde todas as forças de gravidade atuam. No caso de um foguete de garrafa PET, o centro de massa é onde toda a massa do foguete está concentrada.

Para localizar o centro de massa de um foguete, podemos seguir alguns métodos:

1° Método: Cálculo da altura centro de massa do foguete

É dado por:

Na expressão, Yi é a altura do CM da parte i (aleta, bico, corpo) do foguete
Mi é a massa correspondente a Yi, ou seja, a massa da aleta, bico, etc.
Σmi é a soma das massas da aleta, bico e corpo do foguete.

2° Método: 

Onde:

 

N= Número de partes ou componentes do foguete

j= Número de cada parte ou componente do foguete

Mj= Massa em gramas de cada parte j do foguete

MT= Massa total em gramas do foguete (soma de todas as massas Mj)

xj= CG de cada parte j, ou seja, comprimento em mm entre a ponta do nariz do foguete e o centro geométrico em x de cada parte j do foguete



3º Método:

Método físico: Com o foguete montado, podemos equilibrá-lo em um ponto de apoio e encontrar o ponto onde ele permanece em equilíbrio. Esse ponto é o centro de massa.

4º Método:

Método de cálculo: Podemos calcular o centro de massa somando as contribuições de massa de cada componente do foguete, multiplicadas pelas suas respectivas distâncias ao ponto de referência. Por exemplo, se soubermos a massa da garrafa PET e a localização do seu centro de massa, e também a massa das outras partes do foguete (aletas, nariz, etc.) e suas distâncias ao centro, podemos calcular o centro de massa total.

Faça os seguintes passos para calcular o CM:

Localize todos os componentes do foguete: Liste todos os componentes do foguete e suas massas. Isso pode incluir a garrafa PET, as aletas, e o bico

Escolha um ponto de referência: Escolha um ponto no foguete como referência para calcular as distâncias. Este ponto pode ser qualquer ponto conveniente, como o topo da garrafa ou o centro das aletas.

Meça as distâncias: Para cada componente do foguete, meça a distância entre o seu centro de massa e o ponto de referência escolhido. Essa distância pode ser medida em centímetros ou qualquer outra unidade de medida.

Calcule os momentos: Para cada componente do foguete, calcule o momento multiplicando a massa do componente pela sua distância ao ponto de referência. O momento é uma medida de quanto cada componente contribui para o torque em torno do ponto de referência.

Some os momentos: Some todos os momentos calculados para os diferentes componentes do foguete.

Some as massas: Some todas as massas dos componentes do foguete.

Calcule o centro de massa: O centro de massa é então calculado dividindo o somatório dos momentos pelo somatório das massas. Matematicamente, o centro de massa (CM) pode ser representado como:

 

 Onde:

mi: é a massa do i-ésimo componente,

di: é a distância do centro de massa do i-ésimo componente ao ponto de referência

A soma é feita para todos os componentes do foguete

Após realizar esses cálculos, você terá o centro de massa do seu foguete em relação ao ponto de referência escolhido. Certifique-se de que o centro de massa esteja localizado no corpo do foguete e seja distribuído equilibradamente para garantir uma estabilidade adequada durante o voo.

Centro de Pressão:

O centro de pressão é o ponto onde as forças aerodinâmicas, como a resistência do ar, são aplicadas em um foguete em movimento. É o ponto onde, em teoria, toda a pressão aerodinâmica parece estar sendo aplicada. A localização do centro de pressão pode variar dependendo do formato e da área frontal do foguete, bem como da velocidade e direção do vento relativo.

Para localizar o centro de pressão de um foguete, podemos recorrer a métodos de análise aerodinâmica mais avançados, como simulações computacionais. No entanto, uma estimativa inicial pode ser feita com base no layout e nas dimensões do foguete. Por exemplo, em um foguete de garrafa PET com aletas, o centro de pressão geralmente está localizado próximo ao ponto médio das aletas.

Ao projetar um foguete, é importante garantir que o centro de massa esteja à frente do centro de pressão. Isso garante a estabilidade durante o voo, permitindo que as forças aerodinâmicas empurrem o foguete de volta à posição correta caso ele se desvie da trajetória planejada.

Existe um método ótimo para localizar o centro de pressão, que envolve você desenhar o foguete em um papelão.


Esse método é uma abordagem prática e simples para estimar o centro de pressão (CP) de um foguete. Ele envolve a construção de um modelo em escala do foguete usando papelão ou outro material leve e equilibrando-o cuidadosamente em um ponto para encontrar o centro de pressão.

Aqui está como você pode realizar esse método passo a passo:

Corte o papelão: Comece desenhando o molde do seu foguete no papelão, após isso, corte o papelão. O foguete no papelão deve ficar mais ou menos nessa forma:

Encontre um ponto de equilíbrio: Com o modelo montado, encontre um ponto onde você possa equilibrá-lo horizontalmente usando o dedo. Isso geralmente é feito segurando o modelo em um ponto e movendo o dedo até encontrar o ponto de equilíbrio, onde o modelo permanece estável e nivelado.

Marque o ponto de equilíbrio: Marque o local onde o modelo está equilibrado. Isso pode ser feito fazendo uma pequena marca com um lápis ou caneta.

Repita o processo: Repita o processo de equilíbrio várias vezes para garantir consistência nos resultados. Isso ajudará a reduzir erros de medição e garantir uma estimativa mais precisa do centro de pressão.

Localize o centro de pressão: O ponto onde o modelo está equilibrado é uma estimativa aproximada do centro de pressão do foguete. Este é o ponto onde as forças aerodinâmicas agiriam sobre o foguete durante o voo.

Uma prática comum é posicionar o centro de massa (CM) a uma distância aproximadamente igual ao diâmetro da garrafa PET à frente do centro de pressão (CP). Essa proporção é uma referência útil para garantir a estabilidade e o desempenho adequados do foguete durante o voo.

Com isso, terminamos nosso material sobre aerodinâmica. É importante destacar que a construção do bico também é uma parte fundamental do projeto, e materiais sobre bico podem ser encontrados em outras seções do NOIC.