ONHB 2022 - Fase 1

Escrito por Sofia Santos e Bianca Mota

INTRODUÇÃO 

Para aqueles que não sabem, o sistema da ONHB não pontua somente uma alternativa: cada alternativa tem sua pontuação.

A alternativa julgada mais correta recebe 5 pontos, enquanto a segunda mais correta é atribuída a 4 pontos. Já a terceira possui alguma ideia relacionada e por isso vale 1 ponto, ao mesmo tempo em que a alternativa mais errada equivale a zero pontos.

É importante reconhecer esses sistema para ter noção de que nem sempre a alternativa escolhida por você está errada, às vezes ela só não é a mais correta.

Dessa forma, estão a seguir comentários detalhados de algumas questões da décima quarta Olimpíada Nacional em História do Brasil de maneira detalhada, com explicação sobre cada uma das possíveis alternativas.

Questão 1

Os três fragmentos legais elencados a seguir, vigentes em diferentes momentos, versam sobre o adultério, caracterizando-o enquanto crime. O primeiro texto foi retirado das Ordenações Filipinas de 1603; o segundo, do Código Criminal de 1830; e o último texto pertence ao Código Penal de 1890, promulgado após a Abolição da escravidão.A descriminalização do adultério aconteceu apenas em 2005, com a Lei N. 11.106.

Documento 001 - Ordenações Filipinas, 1603

LIVRO 5
TÍTULO XXXVIII
Do que matou sua mulher, por achá-la em adultério Achando o homem casado sua mulher em adultério, licitamente poderá matar assim a ela, como o adúltero, salvo se o marido for peão, e o adúltero Fidalgo, ou nosso Desembargador, ou pessoa de maior qualidade. Porém, quando matasse alguma das sobreditas pessoas, achando-a com sua mulher em adultério, não morrerá por isso mas será degredado para África com pregão na audiência pelo tempo, que os Julgadores bem parecer, segundo a pessoa, que matar, não passando de três anos.

Documento 002 - Código Criminal de 1830

CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DO ESTADO CIVIL, E
DOMÉSTICO

SEÇÃO III
Adultério
Art. 250. A mulher casada, que cometer adultério, será punida com a pena de prisão com trabalho por um a três anos. A mesma pena se imporá neste caso ao adúltero.
Art. 251. O homem casado, que tiver concubina, teúda e manteúda, será punido com as penas do artigo antecedente.

Documento 003 - Código Penal de 1890

CAPÍTULO IV
DO ADULTÉRIO OU INFIDELIDADE CONJUGAL

Art. 279. A mulher casada que cometer adultério será punida com pena de prisão celular por um a três anos. Parágrafo 1º Em igual pena incorrerá:
1ºO marido que tiver concubina teúda e manteúda;
2º A concubina;
3º O corréu adúltero.
(...)
Parágrafo único. O perdão de qualquer dos cônjuges, ou sua reconciliação, extingue todos os efeitos da acusação e condenação.

Após a leitura dos documentos, selecione a alternativa mais pertinente:

A. É possível traçar um elo entre a sociedade patriarcal, constituída com o respaldo de uma justiça criminal que subordinava a mulher ao homem e a naturalização da violência contra ela.
B. As Ordenações consideravam legítimo o assassinato cometido pelo marido à esposa adúltera e ao amante, independente da condição social dos homens envolvidos.
C. No Brasil, homens e mulheres não eram iguais perante a lei, e isto fica evidente em todos os textos legais apresentados.
D. Nos Códigos de 1830 e 1890, o marido é considerado adúltero se responsável pela manutenção financeira da amante.

 

Questão 2

Documento 004 - ReAntropofagia, 2019

Transcrição do bilhete retratado
“Aqui jaz o simulacro Macunaíma, jazem juntos a ideia de povo brasileiro e a antropofagia temperada com bordeaux e pax mongólica. Que desta longa digestão renasça Makunaimî e a antropofagia originária que pertence a nós, indígenas”.

A. A cabeça apresentada sugere a fusão de Mário de Andrade com Grande Otelo, ator que interpretou Macunaíma no filme homônimo (1969) de Joaquim Pedro de Andrade.
B. Na oferenda retratada, o artista indígena ”antropofagiza a Antropofagia” modernista, bem como suas referências e técnicas artísticas.
C. O bilhete, junto ao livro Macunaíma, exalta as referências europeias para o modernismo brasileiro e a relação harmoniosa entre os intelectuais brasileiros e as comunidades indígenas.
D. Os elementos presentes na obra ReAntropofagia - urucum, pimenta, milho guarani e mandioca – são um convite para pensarmos a importância dos indígenas e de suas referências culturais.

 

Questão 3

No ano de 2020, um tema chamou a atenção da comunidade científica brasileira e das redes sociais: a disputa pela posse do fóssil do dinossauro Ubirajara jubatus, descoberto no Brasil e exposto no Museu Natural de Karlsruhe, na Alemanha.

Documento 005 - Perguntas realizadas por usuários do Google para o Museu de História Natural Karlsruhe

Documento 006 - BRING ME BACK

Tradução livre: “Traga-me de volta”

Documento 007 - Por que há pirâmides no Egito?

A partir da análise das imagens, escolha a alternativa mais adequada:

A. O fóssil de Ubirajara jubatus, encontrado na bacia do Araripe(divisa dos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco), foi retirado ilegalmente do Brasil em 1995.
B. O conjunto de imagens revela como a internet pode levar à discussão e à reflexão um tema que, a priori, ficaria restrito a poucos.
C. O argumento de que os países em desenvolvimento não têm condições de preservar seus bens culturais fundamenta-se
em um pressuposto colonialista.
D. Ao longo do século XX, os museus dos países do norte global restituíram bens culturais, ilegalmente obtidos, a seus países de origem.

 

Questão 4

No rap Xondaro Ka’aguy Reguá (Guerreiro da Floresta, 2020), o rapper Kunumí MC (nome artístico de Werá Jeguaka Mirim) canta,
em língua guarani, aspectos da realidade dos povos indígenas no Brasil. Ouça a canção assistindo ao vídeo criado para ela, e leia trechos da letra.

Documento 008 - Xondaro Ka’aguy Reguá

Trechos selecionados
Existe uma lenda Guarani muito antiga,
contada pelo nossos ancestrais
Ela diz que das águas nascerá um guerreiro que
levará o seu povo a uma nova existência.
Antigamente na floresta havia muitas frutas para comer
Muitas frutas para comer...
Mas os brancos vieram e destruíram
tudo o que Deus criou
(...)
Nós Guaranis sempre existimos,
[há] mais de 519 anos resistimos
Nativos e originários dessa terra, Brasil
Desde mil e quinhentos vivemos em guerra
Nosso povo foi oprimido e dizimado
por não aceitarmos ser escravizados
Desprezaram nossa ciência e tecnologia,
conhecimento milenar da floresta
E agora vemos na TV alertas de aquecimento da terra
Extinções em massa, e continuam destruindo
nossos rios e nossas matas
E pra você sou eu que estou errado por usar internet
e não andar pelado, isolado...
Pensamento colonial retrógrado e limitado,
pois pra mim ser indígena é me sentir e ser livre,
transito pela arte e preservo minha cultura
Na minha aldeia existe resistência
eu rimo na minha própria língua,
denunciando e lutando
pela demarcação”

A canção

A. responsabiliza a luta ancestral entre brancos e indígenas pela destruição das florestas.
B. adota a linguagem musical do rap como forma contemporânea de protesto de indígenas.
C. denuncia o processo de colonização no Brasil e associa a destruição da natureza a ele.
D. desafia o senso comum de que os indígenas não possuem nem podem utilizar tecnologias.

 

Questão 5

Documento 009 - Cultura e alimentação na Paraíba
No que tange à Paraíba, o regime alimentar de sua população deve ser considerado à luz das microrregiões – litoral, sertão, brejo e cariri – que geraram em diversificados tempos históricos, diferenciadas formas de ocupação. Nestas, variadas classes sociais geraram padrões específicos de culinária. Nesse sentido, o litoral, por onde principiou a colonização paraibana, nos séculos XVI e XVII, registrou, desde o início, os alimentos doces e importados, em razão de sua estrutura açucareira. Vinculados ao chamado ciclo do couro, do historiador Capistrano de Abreu, o sertão e cariri registraram a predominância das carnes e leite com seus derivados –buchada, panelada, queijo, coalhada etc. Na Paraíba, o encontro dessas diferentes realidades efetivou-se nas terras úmidas do brejo da serra da Borborema onde, a partir do século XVII, trocou-se farinha por aguardente e rapadura. Desde então, a farinha, proveniente de Campina Grande, a rapadura das engenhocas de Areia, no brejo, tornaram-se alimento básico na dieta do paraibano. Essa tipificação do paraibano deve ser tomada com cuidado para se evitarem simplificações tendenciosas. Eminentemente social, a gastronomia deve ser considerada em termos de classe. (...)
Apropriado roteiro para conhecimento da Paraíba e, indiretamente, da culinária que dela deriva, reside no documentário Parahyba, preparado pelos cineastas Machado Bittencourt e Alex Santos, para o IV Centenário da Paraíba, em 1985. As várias fases da capitania, que se transformou em província e estado, aparecem moldadas pelos elementos componentes dos diversos séculos. O século XVI é o dos indígenas aldeiados pela catequese, engenhos e primeiros escravos. O século XVII é o das invasõe holandesas (1634/35), ocasião em que a monocultura açucareira reproduzia males tão pronunciados que o holandês Maurício de Nassau obrigou os senhores de engenho a plantarem mandioca para obtenção de farinha. O século XVIII, o da penetração, trouxe consigo as fazendas de criatório e
alimentação consorciada com os gados bovino, caprino e suíno. O século XIX é o das revoluções liberais de 1817, 1824 e 1849, consorciados com predominância da economia do Recife, datado de séculos anteriores.
(...) as principais mudanças alimentares sobrevieram neste século [XX], fosse com as obras contra as secas que introduziram as verduras no sertão, graças à irrigação doperímetro dos açudes, ou com a modernização político-cultural.Esta, sancionada pela Revolução de 30, como uma das recorrências do documentário de Machado e Alex, refletiu-se, inicialmente, nos armazéns, que substituíram bodegas e mercearias e pronunciaram os atuais supermercados. (...) Com a universalização dos anos 1970, esses padrões
alimentares estenderam-se ao interior.

O texto
A. amparado pelo documentário Parahyba (1985), apresenta aspectos da cultura alimentar paraibana, no período compreendido entre os séculos XVI e XX.
B. refuta o argumento de que o problema histórico da fome na Paraíba explica-se pelos ciclos de produção econômica.
C. propõe uma análise historiográfica baseada em processos de longa duração e valorização de costumes e culturas
locais.
D. ao referenciar uma ação datada da administração holandesa no nordeste, aponta para problemas associados à monocultura.

 

Questão 6

Documento 010 - Algumas Reflexões sobre o Charlatanismo em Medicina

Quanto ás nossas parteiras, como os males que a sua ignorância produz são, por assim dizer, duplos, matando muitas vezes a mãe e o filho, justo he que no detenhamos hum pouco. Mulheres, de ordinário, nascidas em uma classe mui baixa da sociedade, imbuídas de grave preconceitos, despidas de todos os conhecimentos, ignorando mesmo algumas vezes o lêr e o escrever, cuja mocidade foi estragada nos deboches e prazeres: taes são o caracter, condição e sciencia d’aquellas a quem he permitido entre nós, o exercício da difícil e laboriosa arte obstetrica!!! Que estas desgraçadas persuadão-se que teem a propriedade de adevinharem o sexo do féto; que creião na existência do culbuto no fim do sétimo ou principio do oitavo mez, são preconceitos que em náda prejudicão: porém o que he na verdade imminentemente condenável , he a sua ousadia em acharem-se aptas para terminarem os mais difficultosos partos, e quando já os soccorros da arte são impotentes, he quando elas decidem-se a chamarem o Parteiro: he ainda este péssimo costume de administrarem elexires, licores espirituosos e outras substancias incendiarias: he ainda a sua crássa ignorância.

Documento 011 - Guia medica das mães de familia, ou A Infancia considerada na sua hygiene, suas molestias e tratamentos

Temos actualmente de discutir huma questão principal à respeito da educação physica do menino: deverá elle ser amamentado pela mãe, ou não? Este ponto he grave, e suscéptivel do mais amplo desenvolvimento. Diremos, pois, o que pensamos: (...) somos muito pouco partidistas do amamentamento materno. (...) E nós lhes perguntaremos agora; — existem neste país muitas mulheres capases de proverem, pelas suas forças physicas, ás necessidades, que reclama huma dupla nutrição, de dia em dia mais activa em consequencia do crescimento rápido do menino que ellas amamentão? Conscienciosamente fallando, não o pensamos, delicadas e nervosas pela mór parte, as mulheres aqui tem que lutar contra a acção incessante de hum clima situado debaixo dos tropicos, cujo calor excessivo exgóta as forças vitáes, e irrita o systema nervoso. (...) Esta opinião está bem longe do ser filha de hum capricho de nossa imaginação, he nascida da nossa intima convicção, baseada sobre a experiencia: com effeito de ha doze annos, que exercemos nossa profissão na capital do Império, (...) raras veses as vimos (...) percorrer todo o periodo da amamentação sem deterioração notável de sua saúde. (...) Assim, quando as circumstancias collocão nosso juiso medical entre dous escôlhos difficeis de se evitar, preferimos sempre afrontar aquelle que offerece a nossa rasão hum perigo menor, e em taes conjuncturas, aconselhamos se confie a criança á huma ama de leite antes do que expor a mãe ás consequências funestas, que nem sempre he possível ou fácil remediar.

Considerando os documentos apresentados, é correto afirmar que:

A. As considerações sobre o ofício das parteiras e a defesa das amas de leite tornam os corpos das mulheres um objeto de domínio masculino, tocando também em questões de raça e classe.
B. Os manuais, escritos por médicos graduados, versam sobre o nascimento e os cuidados com recém-nascidos a partir de uma perspectiva obstétrica.
C. Por meio de críticas às práticas e conhecimentos populares, os textos transportam para os campos da Medicina e da Higiene eventos que eram privados e tradicionais, como o parto e a amamentação.
D. Os manuais foram elaborados durante o período imperial para um projeto sanitarista que visava extinguir procedimentos sem comprovação científica.

Questão 7

Leia o documento a seguir, uma adaptação do mapa intitulado “Mapa Moral e Político do Mundo Habitado” que faz parte dos trabalhos produzidos pelo geógrafo norte-americano William Channing Woodbridge no século XIX.

Documento 012 - Mapa Moral e Político do Mundo Habitado

O mapa

A. registra os países da América do Sul após seus processos de independência que os transformaram em repúblicas.
B. possui observações subjetivas, pois se utiliza de categorias discriminatórias como “grau de civilização” para classificar as populações.
C. apresenta informações e dados populacionais de diversos países, como número de habitantes, religião predominante e forma de governo.
D. demonstra o aspecto político e moral contido na elaboração de mapas, uma vez que seu entendimento do conceito de civilização tem base em noções cristãs.

 

Questão 8

As fotografias e o projeto desenhado por Oscar Niemeyer, abaixo, permitem visualizar e compreender a composição do Memorial Coluna Prestes, localizado em Palmas (TO).

Documento 013 - Praça dos Girassóis: Memorial Coluna Prestes: Cavaleiro da Luz 1

Documento 014 - Praça dos Girassóis: Memorial Coluna Prestes: Cavaleiro da Luz 2Documento 015 - Praça dos Girassóis: Memorial Coluna Prestes: Cavaleiro da Luz 3Documento 016 - O Cavaleiro da Luz

Documento 017 - Memorial Coluna Prestes

Transcrição
A ideia seria reestudar a praça. Anunciar que se pretende fazê-la mais bonita, com quatro campos de esporte, playground protegido por um quadrilátero de (10 x 10) de mangueiras. Ai ficariam os elementos de recreio da criançada e uma[sic] plantas. E para lhe dar aspecto mais útil nela seria prevista uma Escolinha de Artes para crianças de até 10 anos. O monumento a Luís Carlos Prestes ficaria no extremo longitudinal da Praça, afastado assim dos campos de esportes. Com o Custo aproximado de 300 mil dólares. Oscar Niemeyer As mangueiras de acordo com experiência já feita em Brasília serão transplantadas já adultas sem problemas.

O memorial

A. é composto por um prédio com formas sinuosas, uma rampa curva vermelha e a estátua de um homem.
B. apropria-se da arquitetura moderna para incorporar à história da cidade e do estado evento anterior à sua fundação.
C. está localizado próximo ao centro geodésico do país, ponto central entre os extremos do Brasil.
D. celebra a memória de Luis Carlos Prestes Maia, militar e comunista brasileiro, que participou do movimento que depôs Getúlio Vargas, em 1945.

 

Questão 9

Documento 018 - Sessão Aniversária da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional

“Nasceu esta corporação sob o influxo dessas grandes paixões que deram em resultado o fausto acontecimento da independência do Brasil; tem, portanto justo titulo a ser considerada, entre suas irmãs, como a primogênita da fundação do império. Ignácio Álvares Pinto de Almeida iniciou-a em 1820, logrou dar-lhe princípio de existência legal em 1825, e a 19 de outubro de 1827 via inaugurada
modestamente, mas cheia de fé e cercada de esperanças, a obra de seu puro e fervoroso patriotismo. Foram seus dignos e principais cooperadores o visconde de Alcântara, Francisco Cordeiro da Silva Torres (depois barão de Jurumerim), João Fernandes Lopes, Manoel José Onofre, João Francisco de Madureira Pará e João Rodrigues Pereira de Almeida (mais tarde barão de Ubá). Com estes nomes da primeira plêiade de seus beneméritos, a nossa associação recorda os de Raymundo José da Cunha Mattos, Januário da
Cunha Barbosa, Cândido José de Araújo Vianna (hoje visconde de Sapucaí), Frederico Leopoldo César Burlamaqui, marquês de Abrantes e outros que, ou foram coevos dos fundadores, ou lhes sucederam em sua grandiosa inspiração, movidos pelo mesmo encedrado amor da pátria. Belos tempos eram esses que a paixão política se inflamava na concepção dos sólidos fundamentos do Império americano, e por toda parte a luta se travava no alto e majestoso terreno das ideias da verdadeira liberdade, e dos germens fecundos da união e grandeza nacional! Notar-se-ão talvez que a agricultura, primeiro elemento da nossa riqueza, segue ainda a
trilha do primitivo empirismo, em grande parte do nosso vasto e fertilíssimo território: que a indústria fabril para a qual sobram no solo brasileiro os mais preciosos dons da natureza, é hoje, para assim dizer, o embrião do que deve ser: as nossas comunicações com o interior são ainda penosas, que há por aí um mundo inteiro deserto e até em partes desconhecido (...). Auxiliar e animar o trabalho nacional é dever de todo o cidadão, e mormente do Primeiro Representante da Nação; venho, pois, com o maior jubilo abrir a segunda exposição brasileira. Simboliza ele a união deste vasto Império, baseada no futuro grandioso que lhe prometem tamanhas riquezas naturais derramadas por suas províncias; afiança o desenvolvimento das relações que tanto nos interessa cultivar com os outros povos; enfim, é o mais nobre incentivo às conquistas da paz, as quais os brasileiros só pretendem, e cujos louros reunirão aos que têm ganho e ganharão defendendo a honra de sua Pátria e a causa da civilização.”

A partir do documento assinale a alternativa mais adequada.

A. Frente à crescente pressão britânica pela supressão do tráfico negreiro, a Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, partidária do regime escravista, entra em crise e, logo após a Proclamação da República, encerra suas atividades.
B. A Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional atuou como como órgão consultivo do governo imperial e emitia pareceres sobre assuntos relativos à economia do país queeram encaminhados ao Ministério do Império, ao qual foi vinculada até 1860.
C. Durante quase todo o período imperial, a SociedadeAuxiliadora da Indústria Nacional endossou a tese da “vocação agrícola” brasileira e defendeu uma modernização da agricultura nacional, em bases racionais e científicas.
D. O documento é um discurso realizado por ocasião da sessão aniversária da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional na qual Paranhos retoma o contexto do seu surgimento, lista o nome de alguns participantes e faz referência ao seu objetivo.

Questão 10

Documento 019 - Jair Bolsonaro repete insulto a deputada Maria do Rosário

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) repetiu, nesta terça-feira,
na Câmara, o insulto que já havia feito, em 2003, à deputada
federal Maria do Rosário (PT-RS). Durante uma plenária, a
deputada elogiou o trabalho da Comissão Nacional da Verdade,
que entrega seu relatório final na quarta-feira, Dia
Internacional dos Direitos Humanos. Quando chegou a vez de
o político falar, ao ver que ela deixava o plenário, ele a
insultou:— “Não sai não, dona Maria do Rosário, fica aí. Fica aí,
Maria do Rosário, fica. Há poucos dias você me chamou de
estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você
porque você não merece. Fica aqui pra ouvir”. (...)
Em 2003, durante uma entrevista à RedeTV!, Bolsonaro falou a
mesma coisa. ”O senhor promove a violência”, disse Maria do
Rosário na ocasião. ”Eu sou estuprador agora? Jamais iria
estuprar você, porque você não merece”. Além disso, ele a
empurrou e xingou de ”vagabunda”.

Documento 020 - Piada sobre ”Fraquejada”

A palestra dada pelo deputado Jair Bolsonaro (Partido PP-RJ)
na sede do Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira,
4, continua gerando repercussão. A polêmica agora surgiu
depois que um vídeo com parte da fala do parlamentar foi
publicada nas redes sociais. Em sua fala, Bolsonaro solta mais
um de seus comentários machistas: “Eu tenho 5 filhos. Foram
4 homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”,
declarou.

Documento 021 - MP abre ação contra Jair Bolsonaro por falas misóginas

O Ministério Público Federal abriu uma ação contra Jair
Bolsonaro, apresentada à 6a Vara Cível Federal de São Paulo,
em documento redigido pelos procuradores Pedro Antonio de
Oliveira Machado e Lisiane Braecher, pelas declarações
machistas e misóginas que o presidente já deu. Segundo ação
civil, os pronunciamentos são “desrespeitosos”, “intoleráveis”
e reforçam “estereótipos e posturas misóginas e
discriminatórias, notadamente quando advindas de pessoas
com poder de influência”.
Além do bloqueio orçamental de R$ 10 milhões, destinado a
campanhas de conscientização sobre os direitos das mulheres,
a ação protocolada pede o pagamento de R$ 5 milhões por
danos sociais e morais coletivos.
(...) Desde que foi eleito, em 2018, Bolsonaro fez algumas
alegações preocupantes e problemáticas, como “o Brasil não
pode ser o paraíso do turismo gay”. (...) “Quem quiser vir aqui
fazer sexo com uma mulher, fique à vontade” e “ela queria um
furo. Ela queria dar um furo“, disse sobre uma repórter que o
entrevistava.
Bolsonaro também viralizou negativamente ao dizer que sua
quinta filha, primeira menina depois de quatro filhos homens,
foi fruto de uma fraquejada.
Recentemente, ele voltou a fazer tal comentário que, na cabeça
dele e de muitos apoiadores, não passa de uma “piadinha”.
“Três meninas? Três fraque... Não vou falar, senão vai dar
problema” disse ao marido de uma eleitora.

A partir dos trechos das reportagens e de seus conhecimentos sobre a violência contra as mulheres no Brasil, escolha uma alternativa.

A. Dados oficiais apontam que o eleitorado feminino foi decisivo para a eleição dessa figura pública em 2018, mas pesquisas recentes tem mostrado mudanças nessa tendência de voto.
B. As reportagens registram declarações misóginas e violentas de uma figura pública, ora contra inimigos políticos, ora contra os membros de sua própria família.
C. O eleitorado feminino, quando apoiou essa figura pública nas eleições de 2018, não estava ciente das declarações mencionadas nas reportagens.
D. A tradição que normaliza a violência contra a mulher permite que declarações ofensivas sejam vistas, por parte da população, como piadas ou irreverências.