Conheça a história das meninas que representarão o Brasil na Olimpíada Europeia de Matemática para Garotas

08/03/2017 Rogério Júnior

Por Beatriz Cunha Freire.

Pela primeira vez, o Brasil terá representação na EGMO. A iniciativa deve ser comemorada no dia de hoje: revela preocupação com o baixo índice de participação feminina em olimpíadas e busca o enriquecer das meninas em seu conhecimento matemático.

Celebramos hoje, oito de março, o Dia Internacional da Mulher. É uma data reservada para lembrar quanto espaço ela conquistou na sociedade nas últimas décadas e pensar sobre as situações e contextos em que a desigualdade na representação dos gêneros ainda está presente. Trazendo essa reflexão para o meio olímpico, é notável a predominância masculina entre participantes e premiados, especialmente nas ciências exatas. A matemática se destaca: apenas 6% dos medalhistas do nível 3 da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) eram meninas em 2016.

Nos últimos anos, porém, têm surgido iniciativas que procuram o enriquecer das meninas em seu conhecimento matemático. É esse o objetivo da EGMO, a Olimpíada Europeia de Matemática para Garotas. Fundada em 2012, é similar à Olimpíada Internacional de Matemática, porém com times exclusivamente femininos.

Em 2017, comemoramos o fato de que pela primeira vez uma equipe brasileira participará da competição. As jovens Jamile Falcão Rebouças, Júlia Perdigão Saltiel, Juliana Carvalho de Souza e Mariana Bigolin Groff foram as selecionadas durante a Semana Olímpica da OBM, em janeiro. Agora aguardam, ansiosas e com uma intensa rotina de estudos, o dia 6 de abril, quando partirão para a Suíça para representar seu país.

Jamile Falcão Rebouças
A cearense Jamile Falcão Rebouças é a mais nova do grupo, ainda no nono ano. Mudou-se do interior onde morava para Fortaleza, em busca de uma escola que a ajudasse a alcançar seus objetivos.
Jamile conta que, inicialmente, tinha dificuldade em matemática. A paixão pela matéria só surgiu quando descobriu suas diversas aplicações, e começou a entender melhor as questões com a ajuda da irmã mais velha. Só então surgiu o interesse nas competições científicas. Medalhista de ouro na OBM ainda no oitavo ano, fala: “Às vezes pode ser difícil acreditar em si, mas é preciso lembrar que o esforço gera resultado, e que participar de olimpíadas vale a pena”.

Juliana Carvalho de Souza
Quando ainda estudava no interior de Minas Gerais, Juliana Carvalho de Souza foi incentivada por uma professora a participar da Olimpíada Brasileira de Escolas Públicas, a OBMEP. Assim, participou em 2012 e conseguiu uma medalha de bronze. Foi apenas nos treinamentos oferecidos pela OBMEP, dos quais ela começou a participar em seguida, que diz ter descoberto uma matemática mais abstrata, desafiadora e estimulante do que a com que estava acostumada. Juliana está no segundo ano e diariamente percorre os 48 quilômetros entre Igarapé, cidade onde mora, e sua escola em Belo Horizonte.
A classificação para a EGMO a estimulou a estudar mais matemática. “Antes eu acreditava que não ia dar tempo e deixava pra estudar algumas semanas antes das provas e nas férias”. Agora a jovem aproveita cada momento livre para se preparar para a competição.

Julia Perdigão Saltiel
Julia é a única da equipe que está no terceiro ano, e divide seu tempo entre o estudo para a olimpíada e o para o vestibular. A carioca ganhou suas primeiras medalhas na OBM e OBMEP quando estava no sexto ano. A partir daí começou a frequentar aulas de olimpíada em sua escola. Sobre as olimpíadas científicas, afirma: “O que eu mais gosto são as oportunidades de estudar mais matemática, conhecer novos lugares e fazer amizades”.

Mariana Bigolin Groff
Natural de Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul, Mariana Bigolin Groff conta sobre as dificuldades na sua primeira participação na OBMEP. Devido a pouca divulgação sobre olimpíadas na escola onde estudava, quase perdeu a primeira fase. Agora, no segundo ano do ensino médio, estuda numa escola em São Paulo e coleciona medalhas em diversas olimpíadas, com matemática sempre como prioridade.
Para quem está começando a fazer olimpíadas, Mariana aconselha persistência.”Se estiver com dificuldade ou pensando em desistir, peça ajuda a alguém que já está nas competições a um tempo. Eu estou a disposição, inclusive! As olimpíadas compõe um universo incrível e você vai amar desvendá-lo”.
A jovem acredita que a participação do Brasil na EGMO mostra a criação de um grupo preocupado com a pouca participação de meninas em olimpíadas científicas.

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