Escrito por Daniel Colli
Questão 1 - "Brasil: Um Futuro Incerto"
Leia a manchete a seguir:
A notícia acima data do fim de 2021. Nela, é informado que o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta o crescimento da economia mundial como 5% para 2022. No entanto, o crescimento da economia brasileira é projetado como apenas 1,5%, nível abaixo da média mundial. O cenário macroeconômico do Brasil é, obviamente, o fator chave para essa discrepância.
Qual das alternativas abaixo melhor explica as causas dessa previsão de baixo crescimento econômico para o Brasil em 2022?
a) A incerteza no avanço das reformas administrativa e tributária, em razão da turbulência política trazida pela presença de ano eleitoral, que freia a vinda de capital estrangeiro ao país, impedindo que o mesmo se beneficie do crescimento mundial.
b) A ocorrência de enchentes e deslizamentos de grande magnitude em cidades do Sudeste brasileiro, demandando grandes gastos públicos e reduzindo a atividade econômica da região.
c) A alta taxa de inflação, causada pelo aumento anormal da demanda agregada causado pela reabertura dos estabelecimentos após o período mais crítico da pandemia.
d) O crescimento pujante de potências regionais no ano de 2021, como Chile e Peru, que continuam a ameaçar a hegemonia do Brasil na geopolítica da América do Sul.
e) O medo da ocorrência de novas variantes do coronavírus, que têm causado, principalmente no fim de 2021, uma superlotação nos leitos de emergência nos hospitais brasileiros.
Macroeconomia - Indicadores Econômicos
Para um amplo entendimento da abordagem dessa questão, vamos avaliá-la por cada um de seus tópicos.
Todas as alternativas possuem uma informação minimamente certa, portanto, sua análise não deve buscar erros claros. Em verdade, teremos de ser críticos quanto as proporções dadas para avaliar a importância estritamente econômica desses fatos (de modo justifiquem a diferença em nossa projeção de crescimento em relação ao restante do mundo).
a) O fator político é conhecido no mercado financeiro, sendo denominado como "risco-país". Por vezes, determinará diretamente qual a probabilidade de haver uma série de movimentos institucionais no país que impossibilitem seu crescimento de forma exponencial. A questão cita dois dos mais importantes processos pelos quais o Brasil passa no momento: a reforma administrativa (que dirá respeito a forma com que as Unidades Federativas interagem entre si, trazendo maior fluidez ao sistema); e a reforma tributária (essencial para o andamento das contas públicas, evitando o déficit escatológico que está previsto à nós). Dessa forma, essa questão apresente fatores-chave nas proporções corretas de magnitude, sendo dada como a correta.
b) A alternativa aponta, assertivamente, a ocorrência de desastres urbanos relativamente recorrentes (enchentes e deslizamentos de terra). O erro da questão é a proporção que coloca os acontecimentos, afinal, seus efeitos são restritos às regiões nas quais ocorrem e, mesmo mediante sua grande recorrência, não surtem efeitos longevos na economia em tal magnitude.
c) A alternativa aponta, corretamente, a existência de uma elevada inflação dentre o sistema econômico, porém, erra ao determinar seu causador como a elevação da demanda agregada - em realidade, deu-se em grande parte pela restrição da oferta agregada.
d) A alternativa aponta, factualmente, o crescimento contínuo de alguns países vizinhos ao Brasil, porém, erra ao apontar que tal fato tem relevância direta e de curto-prazo à geopolítica brasileira. De fato, tais países vem crescendo, entretanto, não em proporção suficiente para ultrapassar as proporções brasileiras ao ponto de reduzir sua hegemonia em um período tão curto de tempo.
e) A alternativa aponta, certamente, a existência de novas variantes de coronavírus no dado momento, porém, erra ao apontar a suposta superlotação dos leitos de emergência - cenário que era meramente passado naquele momento.
a) A incerteza no avanço das reformas administrativa e tributária, em razão da turbulência política trazida pela presença de ano eleitoral, que freia a vinda de capital estrangeiro ao país, impedindo que o mesmo se beneficie do crescimento mundial.
Questão 2 - "Autonomia do Banco Central"
Recentemente o Congresso aprovou um projeto que dá autonomia ao Banco Central do Brasil. Escolha a alternativa que melhor explica o impacto dessa medida.
a) O Banco Central agora pode comprar reservas.
b) O Banco Central agora pode escolher a meta de inflação que preferir.
c) O Banco Central ganha o poder de cobrar impostos sobre transações financeiras.
d) O Banco Central passa a ser menos exposto a pressões políticas.
e) O Banco Central passa a ser livre para determinar a taxa de câmbio entre o real e outras moedas.
Macroeconomia - Agentes Econômicos (governo, bancos, famílias)
Como um contexto necessário para a questão, mostra-se necessário entender a forma com que Bancos Centrais funcionam; são instituições que buscam, através de políticas monetárias, controlar o nível de juros na economia. É importante diferenciá-los dos formuladores de políticas fiscais - sendo esses, por vezes, os representantes financeiros do país (no caso do Brasil, o Ministério da Fazenda, por exemplo).
Entretanto, para além do nível de controle de juros, políticas monetárias também podem influenciar outras variáveis econômicas de maneira indireta. Portanto, interessa ao Poder Público poder determinar o Nível de Estoque de Moedas em uma economia. Por outro lado, mostra-se desinteressante ao Banco Central que sua principal função tenha influências diversas que não sua alinhadas ao seu principal objetivo.
Entendido isso, vamos à avaliação das questões:
a) O Banco Central possui total autonomia para comprar reservas quando bem entender em todos os cenários, sendo essa uma ferramenta essencial em sua atuação. Essas reservas podem ser vistas, por exemplo, em uma operação de redesconto - na qual o Banco Central aumenta seu nível de reservas em caixa advindo dos bancos em uma dada economia.
b) O Banco Central não é um agente de supervisão ou formulação, mas sim de atuação. A meta de inflação será definida por um órgão de caráter estritamente mandatório, isso é, cujas obrigações envolvem apenas a escolha de uma dada meta. Hoje, o responsável por essa definição é o Conselho Monetário Nacional, o qual encaminhará à decisão ao Banco Central, o qual definirá quais ações tomará visando atender seu requerimento.
c) O Banco Central possui ferramentas estritamente monetárias, sendo sua atuação fiscal totalmente alheia ao seu escopo. A definição e criação de impostos é uma ferramenta fiscal permitida apenas ao Estado segundo nossa Constituição.
d) O Banco Central, uma vez fora do ecossistema político, passa a ter autonomia em sua definição hierárquica e no controle de seus processos internos. Assim, excluem-se possibilidades de manipulação de cargos ou trocas políticas que favorecem o governo vigente. Assim, essa se configura como a alternativa correta.
e) O câmbio pode ser controlado pelo país em análise dependendo de sua política cambial adotada (fixa, flutuante ou "suja"). No atual modelo adotado pelo Brasil - o câmbio flutuante - não há atuação direta de ente algum visando "determinar a taxa de câmbio". Há, de fato, ações pontuais visando contrabalancear o movimento do mercado conforme os objetivos dos dirigentes dentro de um determinado prazo, porém, nada em razão de determinar uma taxa de câmbio exata.
d) O Banco Central passa a ser menos exposto a pressões políticas.
Questão 3 - "O Barato, o Caro e o Feio"
O screenshot abaixo mostra a variação de preço do novo jogo Elden Ring, na famosa loja online de jogos Steam, onde jogos são vendidos de maneira 100% digital para dezenas de países diferentes. A tabela mostra grande discrepância no preço dos jogos entre vários países, e as diferenças se mantêm, em geral, em jogos semelhantes. Qual das alternativas abaixo melhor explica em termos econômicos a grande variação de preço observada, assumindo que a loja é um agente microeconômico racional que busca maximizar seu lucro?
a) O preço de um bem tende a se aproximar do custo marginal de produzi-lo, e como diferentes países tem diferentes preços de produção, os jogos são vendidos a diferentes preços.
b) Diferentes países têm diferentes mercados e curvas de demanda, devido às condições locais. O preço deve ser ótimo para uma dada curva de demanda, causando preços diferentes para países diferentes.
c) O preço dos jogos é listado em dólares americanos (USD). Portanto, ao se converter o valor a um preço local, o preço em USD acaba se alterando significativamente.
d) Originalmente, quando os jogos lançam, os preços costumam ser idênticos ou muito próximos do preço base em dólar americano porque isso faz o maior sentido econômico, porém à medida que flutuações de cambio se acumulam, o preço convertido vai divergindo ao longo do tempo e se afasta do preço original em dólar.
e) Por razões psicológicas, consumidores esperam que o preço do jogo seja próximo de uma certa fração do preço do equipamento em que o jogo é jogado, portanto, como países mais ricos tendem a vender o mesmo equipamento a custos maiores, o preço dos jogos também tem que ser maior.
Macroeconomia - Câmbio
b) Diferentes países têm diferentes mercados e curvas de demanda, devido às condições locais. O preço deve ser ótimo para uma dada curva de demanda, causando preços diferentes para países diferentes.
Questão 4 - "Há Bens que Vêm para o Mal"
Guilhermo saiu com seus amigos para jantar. Após um delicioso prato de pizza, ele está considerando o que pedir de sobremesa. Infelizmente, suas opções são bem limitadas. Ele está jantando no Restaurante Obeconômico, que oferece apenas duas sobremesas para os consumidores: chocolate e melancia. Guilhermo gosta de chocolate e de melancia, mas não da combinação das duas sobremesas.
Nos gráficos abaixo, o eixo x representa a quantidade de chocolate consumida por Guilhermo e o eixo y representa a quantidade de melancia correspondente. Quais das curvas abaixo pode representar uma curva de indiferença de Guilhermo?
a) A curva abaixo:
b) A curva abaixo:
c) A curva abaixo:
d) A curva abaixo:
e) Nenhuma das curvas acima pode ser uma curva de indiferença válida.
Microeconomia - Curvas de Indiferença e Restrições Orçamentárias
Para entender essa questão, é necessário relembrar alguns conceitos sobre as Curvas de Indiferença e sua estrutura (também chamadas de isoquantas).
Teoricamente, seu entendimento é simples: cada ponto na curva mostra uma possível combinação entre dois produtos, gerando uma determinada quantidade de utilidade. Para todos os pontos dentro de uma mesma curva, a quantidade obtida de utilidade será a mesma. A curva representa, portanto, uma série de escolhas pelas quais o agente optaria livremente, sem diferenciá-las (segundo critérios racionais).
Tome cuidado para não confundí-la com as curvas de Restrição Orçamentária (ou isocustos)!
Elas, diferentemente, representarão todas as combinações possíveis de determinados bens de forma que seu custo iguale ao capital disponível. Ou seja, em uma isoquanta as mediremos de acordo com sua utilidade; porém, em um isocusto, por sua alocação necessária de capital.
Intersecções entre as curvas demonstrarão a escolha ótima; isso é: uma cesta de produtos que trará o máximo de utilidade para uma dada restrição de capital. Esses pontos de tangência serão analisados e extremamente importantes à frente.
Sendo assim, vamos as alternativas:
a) Para entender essa alternativa, imagine diversas linhas de Restrição Orçamentária sobre a dada Curva de Indiferença, dessa forma:
Qual semelhança há entre as intersecções de todas as retas?
Na reta mais à esquerda, há duas intersecções entre as curvas: uma em um ponto onde teremos uma boa quantidade do produto Y e pouco de X, e outra na qual teremos o cenário contrário.
Na reta seguinte, vemos a mesma combinação: uma cesta em que sempre haverá mais de um do que do outro.
Na reta mais à direita, temos um ponto no qual ambas as quantidades serão equilibradas, porém, há de se notar que a Restrição Orçamentária necessária é consideravelmente grande.
Sumarizando nossos fatos, há de se perceber que o consumidor em questão é indiferente ao consumo de Y conforme aumenta as quantidades de X, até que, em um dado momento, ele aceita trocar totalmente sua quantidade de Y por X; então, o cenário contrário passa a ser verdadeiro - em um comportamento de total abdicação de Y pela mesma quantidade de X.
Analisando novamente o enunciado, há de se lembrar que o consumidor gosta de ambos os produtos, porém, não de seu consumo conjuntamente. Isso irá configurar uma cesta de produtos que Hal. Varian chamará de gostos bizarros (Microeconomia: Princípios Básicos, pág. 132). Em outras palavras, a situação na qual o consumidor consumiria ambos os produtos que têm à sua escolha, porém, apenas separadamente, irá implicar nessa mesma situação que vemos agora.
Se cruzarmos os dados que temos com nosso gráfico, veremos que é exatamente essa a situação: o consumidor prefere sempre as opções "das pontas". Mesmo em um cenário no qual sua restrição orçamentária seja semelhante à curva mais a direita de nosso exemplo, há de se lembrar que as Curvas de Indiferença também se replicam para todos os níveis de utilidade, logo, há a opção de nosso consumidor optar por cestas iguais às vistas em nossa primeira análise - e preferí-las.
Em conclusão, essa é a resposta correta.
b) Essa é uma curva característica, derivada de uma função-utilidade Cobb-Douglas. Veja que, se repetirmos o exercício feito no primeiro tópico, teremos sempre uma opção "balanceada" como sendo a preferida. Ela se mostrará presente na maioria das situações cotidianas e, por sua vez, tem seu embasamento na 4º Lei Econômica de Mankiw: "escolhas ótimas são feitas na margem".
Um exemplo prático seria o seu consumo de Arroz e Feijão.
c) Essa é uma curva semelhante à que vimos anteriormente, de Restrição Orçamentária. Quando apresentada em forma de Curva de Indiferença, ela representará uma cesta de Substitutos Perfeitos. Perceba que, independente do ponto escolhido, a curva permanece com a mesma inclinação. Isso pode ser entendido economicamente como uma predisposição constante entre trocar um produto por outro. Simplificadamente, é o mesmo que falarmos que, independente da quantidade que tivermos de X, o agente abriria mão de uma unidade de X por Y e continuaria usufruindo da mesma utilidade.
Um exemplo prático seria o seu consumo de Manteiga ou Margarina (se ambas tivessem o mesmo preço)
d) Finalmente, em uma curva mais excêntrica, chegamos a um exemplar que se denominará como um gráfico de Complementares Perfeitos. Perceba que, em uma dada quantidade de X, qualquer acréscimo em Y será indiferente. O mesmo se faz equivalente na ordem contrária. Isso é entendido economicamente como uma predisposição ao consumo única e exclusivamente em cestas nas quais as quantidades de X e Y forem iguais. Por isso, sua classificação é como Complementares: são produtos que se completam e, sem quantidades iguais, se aproximam da inutilidade.
Um exemplo prático seria o seu consumo de Sapatos (em unidades, não pares).
e) A resposta torna-se inválida, dado que A é a opção correta.
a) A curva abaixo:
Questão 5 - "Oligopólio"
Sejam QP, QO, QM as quantidades de equilíbrio para determinado produto em um mercado de competição perfeita, oligopólio e monopólio, respectivamente e, similarmente, PP, PO e PM os preços de equilíbrio desses produtos em situações de competição perfeita, oligopólio e monopólio. Assinale a alternativa que contém apenas proposições verdadeiras quanto a ordenação das quantidades e preços em cada mercado na situação de equilíbrio, além da relação entre a receita marginal (MR) e o custo marginal (MC) no equilíbrio de mercado de um oligopólio.
a) QP < QO < QM; PP < PO < PM; MR = MC.
b) QP < QO < QM; PM < PO < PP; MR > MC.
c) QM < QO < QP; PP < PO < PM; MR = MC.
d) QO < QM < QP; PP < PM < PO; MR > MC.
e) QO < QP < QM; PP < PM < PO; MR > MC.
Microeconomia - Estruturas de Mercado
Para acertar essa questão é necessário relembrar alguns dos ensinamentos básicos no que tange às estruturas de mercado. São esses:
- Em cenários de Concorrência sempre haverá um Preço de Mercado igual ao Custo Marginal; da mesma forma, sempre haverá uma quantidade produzida igual à demanda total pelo produto (isso é, a quantidade de equilíbrio de um dado mercado).
- Em cenários de Monopólio sempre haverá um Preço de Mercado maior que o Custo Marginal; consequentemente, haverá uma quantidade produzida inferior ao equilíbrio de mercado - sendo essa definida no ponto em que há maximização do lucro.
Logicamente, até esse ponto, já há de ser deduzido que:
- QM < QP
- PP < PM
Por fim, há de ser analisado o caso do Oligopólio:
- Apesar das diversas configurações possíveis, geralmente, há de se deduzir que haverão dois agentes competindo estritamente por preço e sem restrições em sua capacidade produtiva, sendo suas ações tomadas sequencialmente - um modelo de Bertrand.
- Baseando-se na Teoria dos Jogos (em um cenário de Jogos Sequenciais iterados indefinidamente), há de se entender o mecanismo de cada um dos agentes. Veja pela seguinte perspectiva:
- O primeiro agente não sabe qual preço definir - afinal, dependendo de como agir, poderá ter seu lucro "usurpado" por seu concorrente em uma guerra de preços. Assim, antecipando o movimento de sua contraparte em buscar diminuições de preço, define-o como o menor preço possível, na mesma quantia de seu Custo Marginal.
- Dessa forma, ao chegar o momento em que o segundo agente deve tomar sua decisão, não lhe restam opções a não ser definir o mesmo preço, igualando-os.
- Com isso, temos que MR=MC em casos de Oligopólio;
- Todavia, ainda assim não podemos definir que o preço de um oligopólio será o mesmo do visto em uma concorrência perfeita, afinal, pode ser que a capacidade produtiva de ambos os agentes não seja suficientemente grande de tal forma que, ao serem combinados, possam suprir o mercado. Igualmente, certamente possuirão mais capacidade produtiva que em um cenário de monopólio.
Por consequência, temos que:
- QM < QO < QP
- PP < PO < PM
Por fim, chegamos à alternativa C.
c) QM < QO < QP; PP < PO < PM; MR = MC.
Questão 6 - "Curva de Juros"
A curva de juros apresenta os retornos esperados (taxas de juros) de títulos públicos pré-fixados com diferentes maturidades. Em geral, para títulos de maior maturidade, há um maior risco associado a menor previsibilidade de horizontes de tempo mais distantes. Como em finanças maiores riscos estão usualmente associados a maiores exigências de retorno por parte dos investidores, o formato usual de tais curvas (ilustrado na esquerda) apresenta taxas de juros mais elevadas para maturidades longas.
Com base nessas informações e em seus conhecimentos de finanças, o que poderia ser interpretado no evento conhecido como inversão da curva de juros (ilustrada à direita)?
a) A situação é desejável para os investidores dos títulos, já que podem se beneficiar de rendimentos elevados com baixo risco no curto prazo.
b) A situação é preocupante para investidores, já que os elevados retornos de títulos de maturidade pequena são reflexo de riscos significativos no curto prazo, que tornam títulos mais longos preferíveis.
c) A situação configura uma falha de mercado, já que horizontes de tempo mais longos necessariamente apresentam maiores riscos aos investidores. Como resultado, a curva deve retornar ao normal rapidamente.
d) É possível utilizar arbitragem para obter retornos livres de risco nessa situação.
e) A situação é típica de países desenvolvidos, que apresentam enorme grau de previsibilidade no longo-prazo.
Macroeconomia - Juros e Indicadores Econômicos
Para entendimento desse complexo fenômeno, vamos às alternativas:
a) Tome cuidado com esse item! Em produtos de Renda Fixa (como os títulos), de fato, pode-se interpretar o aumento de juros como aumento da rentabilidade obtida - porém, eles, por sua vez, representam um aumento nos riscos intrínsecos ao ativo. Isso é: uma precificação mais arrojada, comumente implicará em maiores riscos associados. Por isso, pode-se entender a diferença de rentabilidade como o Prêmio de Risco demandado pelo mercado para financiamento de determinado título. Em suma, esse item está incorreto.
b) Perfeitamente alinhado à explicação anterior, temos uma visão correta sobre os juros. O apontamento feito é correto.
c) A alternativa falha ao determinar que, impreterivelmente, sempre haverão mais riscos conforme expande-se a janela temporal - sendo essa uma palavra que gera um claro viés. Na verdade, certamente períodos mais distantes trarão consigo maiores incertezas, entretanto, podem ainda assim terem consigo boas expectativas - e essas, por sua vez, determinarão a precificação do ativo futuramente. Portanto, podemos encontrar essa curva em situações nas quais o mercado precifica uma perigosa turbulência em curto prazo, porém, uma recuperação no longo. Pela inconsistência técnica, essa questão está errada.
d) A arbitragem é de grande utilidade em mercado secundários de informações imperfeitas, no qual um agente, por meio de rápidas operações, consegue intermediar diversos agentes e ganhar um pequeno spread. Um grande problema técnico é que, necessariamente, a arbitragem demandará um mercado secundário - o qual muitas vezes é inexistente no caso de títulos. Mesmo que existisse e fosse pujante, ainda assim dificilmente haveriam retornos livres de risco, afinal, a precificação do mercado seria unânime sob uma mesma perspectiva.
e) Empiricamente, essa é uma alternativa completamente falha. A inversão da curva de juros é uma cena típica de países em desenvolvimento - como os pertencentes à América Latina. Teoricamente, há uma falha em pressupor que, graças à previsibilidade haverá uma precificação menor que a presente. O juros irá precificar riscos internos ao ativo do qual se refere (uma empresa, no caso de debêntures; o governo, no caso de títulos federal, etc.).
b) A situação é preocupante para investidores, já que os elevados retornos de títulos de maturidade pequena são reflexo de riscos significativos no curto prazo, que tornam títulos mais longos preferíveis.
Questão 7 - "Planejamento do Plantio"
Um fazendeiro possui três pedaços de terra distintos, denominados A, B e C, que podem ser usados para produzir soja ou milho. Seja S a quantidade de soja produzida, em sacos, e M, a quantidade correspondente de milho. As fronteiras de possibilidade de produção dos três pedaços de terra têm a seguinte forma:
SA + MA = 200,
2SB + 3MB = 600,
SC + 2MC = 1200.
Ao planejar a produção para a próxima safra, o fazendeiro leva em consideração a crescente demanda por soja e deseja maximizar a produção deste grão. No entanto, para não ficar exposto à volatilidade do milho, o fazendeiro opta também por produzir uma quantidade mínima de 400 sacos desse grão para atender às necessidades internas da fazenda.
Qual é a maior produção possível de soja, dada a necessidade de produção de pelo menos 400 sacos de milho?
a) 600.
b) 800.
c) 1200.
d) 1400.
e) 1600.
Microeconomia - Curvas de Indiferença e Restrições Orçamentárias
Observe que a produção de um saco de de milho requer abrir mão de um saco de soja no lote ?, de um saco e meio no lote ? e de dois sacos no lote ?. Consequentemente, para maximizar a quantidade de soja produzida, os lotes ? e ? devem ser dedicados para a produção de milho e o lote ? para a produção de soja. Isso resulta em uma produção de 400 sacos de milho e 1200 sacos de soja. Consequentemente, a alternativa correta é C.
c) 1200
Questão 8 - "Uma Empresa Patológica"
Matheus é CEO da Patologia Inc., uma empresa dedicada a produzir vitaminas para patos. O gráfico abaixo apresenta a curva de demanda D pelas vitaminas em função do preço, o custo marginal MC em função da quantidade produzida, e o custo médio AC em função da quantidade produzida. O eixo horizontal representa a quantidade produzida Q e o eixo vertical representa o preço p, em reais.
Determine, a partir das informações no gráfico, o lucro da Patologia Inc., assumindo que Matheus aja de maneira racional e eficiente.
a) R$100.
b) R$200.
c) R$300.
d) R$400.
e) R$500.
Microeconomia - Escolhas de Produção
O lucro π é igual a diferença entre a receita total ? e o custo total ?. A maximização
do lucro requer que o lucro marginal seja nulo e consequentemente a receita marginal ??
deve ser igual ao custo marginal ??. Supondo que o mercado do bem em questão é
competitivo, ?? e a empresa produz até o ponto no qual a curva de demanda se
encontra com a curva de custo marginal ??. Isso ocorre no ponto , . O custo de produzir essa quantidade é . Consequentemente, o lucro máximo é
A alternativa correta, consequentemente, é B.
b) R$200
Questão 9 - "Duck says: “WACC WACC”"
Quando usamos um modelo de desconto de fluxo de caixa para chegarmos no enterprise value (EV) de uma empresa, usamos o weighted average cost of capital (custo médio ponderado de capital, abreviado WACC) para descontarmos tais fluxos. Em tais modelos, o retorno esperado re de investir em uma empresa é dado por:
re = rf + β(rm − rf),
onde rf denota a taxa de retorno livre de risco, rm é a taxa de retorno esperada do mercado e β é a sensitividade do returno da empresa ao risco do mercado.
Considere uma empresa que financia metade das suas operações com equity e a outra metade com dívida. O custo Kd da dívida é de 5% a.a., a taxa de retorno livre de risco é r0 = 10% a.a., o retorno médio esperado do mercado é de rm = 20% a.a. e essa empresa satisfaz β = 1. Qual é o WACC dessa empresa?
a) 5% a.a.
b) 7,5% a.a.
c) 10% a.a.
d) 12,5% a.a.
e) 15% a.a.
Finanças - Custos de Dívida
O custo de equity é igual ao retorno esperado ? . Consequentemente,
20% a.a.
e, pela definição do WACC,
12,5% a.a
Consequentemente, a alternativa correta é D.
d) 12,5% a.a.
Questão 10 - "O Novo Arcabouço da Política Monetária do FED"
Em 27 agosto de 2020, o FED publicou uma revisão do seu arcabouço de política monetária, introduzindo mudanças relevantes na estratégia para perseguir seu mandato duplo, que engloba pleno emprego e estabilidade de preços (entendida como inflação de 2% a.a.). Essa nova estratégia é popularmente conhecida como meta de média de inflação (ing. average inflation targeting ou AIT).
Leia, na tabela a seguir, trechos selecionados do comunicado do FED de 2020 e da versão anterior, de 29 de janeiro de 2019.
Comunicado de 29 de janeiro de 2019 |
Comunicado de 27 de agosto de
2020 |
A inflação, a taxa de desemprego e as taxas de juros de longo prazo flutuam ao longo do tempo em resposta a distúrbios econômicos e financeiros. Além disso, ações de política monetária tendem a influenciar atividades econômicas e preços com um delay. Consequentemente, as decisões do Comitê refletem os seus objetivos de longo prazo, as suas previsões de médio prazo e suas avaliações dos riscos, incluindo riscos ao sistema financeiro que poderiam impedir a realização dos objetivos do Comitê. |
A taxa de desemprego, a inflação e as taxas de juros de longo prazo flutuam ao longo do tempo em resposta a distúrbios econômicos e financeiros. A política monetária tem um papel importante em estabilizar a economia em resposta a esses distúrbios. O meio primário do Comitê de ajustar a postura da política monetária é por mudanças na taxa de fundos federal. O Comitê julga que o nível dessas taxa consistente com empregabilidade máxima e estabilidade de preços no longo prazo caiu em relação à sua média histórica. Portanto, a taxa de fundos federal tem maior probabilidade de ser limitada pela effective lower bound do que no passado. |
O nível máximo de emprego é amplamente determinado por fatores não monetários que afetam a estrutura e a dinâmica do mercado de trabalho. Esses fatores podem mudar ao longo do tempo e podem não ser diretamente mensuráveis. Consequentemente, não seria apropriado especificar uma meta fixa para o emprego; em vez disso, as decisões políticas do Comitê devem ser informadas por avaliações do nível máximo de emprego, reconhecendo que tais avaliações são necessariamente incertas e sujeitas a revisão. O Comitê considera uma ampla gama de indicadores ao fazer essas avaliações. |
O nível máximo de emprego é um objetivo amplo e inclusivo que não é diretamente mensurável e muda ao longo do tempo devido em grande parte a fatores não monetários que afetam a estrutura e a dinâmica do mercado de trabalho. Consequentemente, não seria apropriado especificar uma meta fixa para o emprego; em vez disso, as decisões políticas do Comitê devem ser informadas por avaliações dos déficits do nível de emprego em relação ao seu nível máximo, reconhecendo que tais avaliações são necessariamente incertas e sujeitas a revisão. O Comitê considera uma ampla gama de indicadores ao fazer essas avaliações. |
O Comitê reafirma seu julgamento de que a inflação à taxa de 2%, medida pela variação anual do índice de preços para despesas de consumo pessoal, é mais consistente no longo prazo com o mandato estatutário do Federal Reserve. O Comitê ficaria preocupado se a inflação estivesse persistentemente acima ou abaixo desse objetivo. A comunicação clara dessa meta de inflação simétrica ao público ajuda a manter as expectativas de inflação de longo prazo firmemente ancoradas, promovendo assim a estabilidade de preços e taxas de juros de longo prazo moderadas e aumentando a capacidade do Comitê de promover o máximo de emprego diante de flutuações econômicas significativas. |
O Comitê reafirma seu julgamento de que a inflação à taxa de 2%, medida pela variação anual do índice de preços para despesas de consumo pessoal, é mais consistente no longo prazo com o mandato estatutário do Federal Reserve. O Comitê considera que as expectativas de inflação de longo prazo que estão bem ancoradas em 2% promovem a estabilidade de preços e regulam as taxas de juros de longo prazo, aumentando a capacidade do Comitê de promover o emprego máximo em face de volatilidade econômicos significativa. A fim de ancorar as expectativas de inflação de longo prazo nesse nível, o Comitê busca alcançar uma inflação média de 2% ao longo do tempo e, portanto, julga que, após períodos em que a inflação tenha permanecido persistentemente abaixo de 2%, a política monetária apropriada provavelmente terá como objetivo alcançar a inflação moderadamente acima de 2% por algum tempo. |
Ao definir a política monetária, o Comitê busca mitigar os desvios da inflação em relação à meta de longo prazo e os desvios do emprego em relação às avaliações do Comitê sobre seu nível máximo. |
As ações de política monetária tendem a influenciar a atividade econômica, o emprego e os preços com defasagem. Ao definir a política monetária, o Comitê busca ao longo do tempo mitigar os déficits de emprego a partir da avaliação do Comitê de seu nível máximo e os desvios da inflação em relação à sua meta de longo prazo. |
Avalie as afirmações abaixo:
I. Há uma mudança na função reação do FED em relação ao objetivo de pleno emprego, que passou a ser assimétrica, valorizando apenas desvios negativos do emprego em relação ao pleno emprego. Isso sugere uma curva de Phillips horizontalizada no segmento em que o mercado de trabalho está sobreaquecido.
II. A revisão visa minimizar o risco de desancoragem de expectativas de inflação em nível abaixo da meta de inflação.
III. O compromisso com AIT é simétrico, refletindo a visão do FED sobre a evolução da taxa de juros neutra.
IV. Em uma situação em que a economia precisa de estímulos monetários e a taxa de juros já atingiu o limite inferior efetivo (effective lower bound), a comunicação de prescrição futura (forward guidance) indicando que o FED tolerará inflação acima da meta por algum tempo seria útil por reduzir o juro real ex-ante, aumentando a dose de estímulo. O compromisso com AIT é uma maneira de resolver o problema de inconsistência temporal deste tipo de forward guidance no arcabouço anterior.
V. A mudança de arcabouço responde à visão de que a economia está sujeita a choques negativos mais intensos que no passado, o que implica maior probabilidade de atingir o effective lower bound dos juros.
a) As afirmações II e III são corretas.
b) As afirmações I, II e IV são corretas.
c) As afirmações I, IV e V são corretas.
d) As afirmações I, III e IV são corretas.
e) As afirmações I, II, III e IV são corretas.
Macroeconomia - Políticas Fiscais, Monetárias e Cambiais
Para facilitação do entendimento dessa questão - que é classificada como a mais difícil dentre as objetivas, iremos nos atentar à explicar como poderiam ser percebidas falhas e inconstâncias nas alternativas erradas. Fatalmente, haverá um entendimento consequencial do porquê das demais estarem corretas.
A primeira observação errônea é a III. Veja que, segundo o novo arcabouço, haverá uma tolerância maior de inflações acima da meta, a fim de promover os estímulos monetários necessários para o atingimento da empregabilidade plena - mantendo a economia sobreaquecida. Assim, o compromisso passa a ser assimétrico, diferente para situações nas quais o AIT suba ou desça. Essa observação traz afirmações diretamente opostas às ditas nos itens I e II - afinal, ambos reforçam que, a fim de manter as expectativas ancoradas em um cenário no qual a inflação estará constantemente acima da meta de AIT, é necessário rever o arcabouço.
A segunda observação errônea é a V. Perceba que ela é diretamente contrária a todos os fatos disponíveis no item IV - e vistos no enunciado. Contrariamente ao apontado pelo item, a mudança do arcabouço se deu pela necessidade de manter o ritmo acelerado em meio ao cenário de recessão global. Da mesma forma, a observação em relação ao ELB é infirmada, afinal, ele já foi atingido - e o arcabouço apenas sinalizada uma possível continuidade desse nível.
b) As afirmações I, II e IV são corretas.