Escrito por Cauê Costa e Caio Castro
Essa é a solução da lista de exercícios preparatórios para a segunda fase da OBECON 2023. Você pode encontrá-la neste link.
Questão 1
a) O zero lower bound é a incapacidade dos bancos centrais de colocar a taxa de juros nominal abaixo de 0%, por um motivo muito óbvio: caso você investisse sobre essa taxa de juros, estaria ativamente perdendo dinheiro, então é preferível guardar dinheiro até mesmo debaixo do colchão, pois dessa forma seu retorno de 0% ainda seria maior do que esse título público.
b) Por vezes, a economia está tão desacelerada, que mesmo com a taxa de juros nominal a 0%, ainda não é o suficiente para estimular a demanda e o consumo do país de forma a tirar o país da crise. Nessas situações, o governo pode tentar punir reservas de dinheiro, ou ativamente remover algumas cédulas de circulação em uma tentativa desesperada de reacelerar a economia.
c) Com uma CBDC, o banco central teria controle total sobre a base monetária do país, não somente à taxa de impressão e de juros. Ou seja, ele estaria intermediando cada transação, cada conta bancária, de todos os indivíduos. E caso seja de seu interesse, pode ser aplicado um imposto automático em grandes reservas de dinheiro para incentivar o consumo e a demanda agregada. Note que com moedas normais isso seria quase impossível já que o governo só poderia cobrar impostos do dinheiro em transição.
Questão 2:
1.a) Imposto sobre consumo
2. a) Como Blarg-Blorgs são inelásticos em relação ao preço, a demanda por Blarg-Blorgs vai diminuir de maneira desproporcionalmente menor do que o preço aumenta. Assim, o gasto total em Blarg-Blorgs vai aumentar.
b) Mesmo que o gasto total em Blarg-Blorgs aumente, como grande parte do gasto vai para o governo ou vira peso morto, os lucros da firma diminuíram.
Questão 3:
a) Multiplicando o custo do capital pelo preço de cada um, temos:
b) Veja que se x% estão investidos em debt, então (1-x)% estarão em equity. Assim, y = 1-x. Multiplicando cada custo pela porcentagem alocada, temos:
Utilizando a fórmula do vértice da parábola, chegamos que a alocação ideal é para x = 50%, com uma WACC de 4,25%. Nesse caso, a distribuição ótima é igualar a equity e o debt, mas nem sempre esse será o caso.
c) Colocando os valores na fórmula, temos que:
d) Podemos considerar o risco associado ao país que a empresa se encontra como potencial risco (mercado altamente regulado, crises políticas e econômicas, má administração pública, sistema jurídico pouco transparente, etc). E também o pagamento de dividendos para todos os acionistas, o que seria uma inclusão direta de uma taxa de juros, similar ao pagamento da dívida mas como um "bônus" para investidores.
Questão 4:
1.
2. É necessário aumentar a taxa de juros para diminuir a demanda agregada para os níveis de emprego pleno. Isso pode ser realizado, por exemplo, com a venda de títulos de governo ou com um aumento no depósito compulsório.
3. a) A alta na taxa de juros da NOIClândia atrai capital estrangeiro, aumentando a demanda pela moeda do país. Além disso, a diminuição da oferta da moeda da NOIClância faz seu "valor" (medido em dólares) aumentar.
b) A valorização da moeda de NOIClândia faz o país importar mais mas exportar menos dos EUA
Questão 5:
a) O mercado de certificados B-Corporation, ou B-Corp, tem uma justificativa econômica baseada na crescente demanda por empresas socialmente responsáveis e sustentáveis por parte dos consumidores e investidores.
As empresas que se tornam certificadas como B-Corporation passam por uma avaliação rigorosa em relação ao seu impacto social e ambiental, transparência e governança. Ao atenderem aos critérios estabelecidos, essas empresas podem obter uma certificação que as diferencia das demais empresas tradicionais, mostrando que elas estão comprometidas em serem mais responsáveis em relação ao meio ambiente e à sociedade.
Essa certificação pode ser um fator importante para a construção da marca e para a fidelização de clientes que se preocupam com essas questões. Além disso, os investidores também podem optar por investir em empresas certificadas como B-Corporation como parte de sua estratégia de investimento responsável.
b)
Existem diversas certificações que podem valorizar produtos em diferentes setores, algumas delas são:
- Certificação orgânica: para produtos agrícolas que foram cultivados sem o uso de produtos químicos e seguindo práticas sustentáveis de produção.
- Certificação Fairtrade: para produtos que foram produzidos e comercializados com base em princípios de comércio justo e justiça social, garantindo um preço justo aos produtores.
- Certificação LEED: para edifícios que atendem a critérios rigorosos de eficiência energética e sustentabilidade em seu design e operação.
- Certificação de produto cruelty-free: para produtos que não foram testados em animais.
- Certificação de produto halal ou kosher: para alimentos e outros produtos que atendem a requisitos específicos de preparação e consumo de acordo com as tradições religiosas islâmica e judaica, respectivamente.
Essas certificações podem agregar valor aos produtos, mostrando aos consumidores que eles foram produzidos de forma responsável e sustentável, atendendo a critérios específicos e garantindo a qualidade e segurança dos produtos. Isso pode ajudar a construir uma imagem positiva da marca e aumentar a confiança dos consumidores.
c) 1. Podemos escrever o lucro como receita menos custos. Sabendo que a receita é quantidade vendida vezes o preço, temos:
Utilizando a fórmula do vértice da parábola, chegamos que o lucro é otimizado no monopólio quando p = 2, q = 7 e o lucro total será de 8.
2. Realizando o mesmo procedimento, mas com os novos valores, chegamos que:
Chegamos então, da mesma maneira, que o lucro é otimizado quando p = 2,5, q = 9 e o lucro total é de 10,5. Ou seja, não só é viável a empresa ir atrás disso, como também possui incentivos para tal, já que seu lucro total aumentou, mesmo com o aumento nos custos de produção.
3. Como vimos, esse aumento nos custos de produção só foi superado devido ao aumento na demanda. Isso quer dizer que quando a população possui noção e responsabilidade sobre tais práticas, e está disposta a colaborar financeiramente (nesse caso pagando mais no produto) é possível garantir incentivos econômicos para que até mesmo monopólios adotem medidas sustentáveis para garantirem seu certificado.
Questão 6:
A utilidade individual de cada um pode ser dada por:
Queremos que isso seja maior do que 0, então:
Note que, se sair de casa, então todos antes dele irão também. E se não, então todos depois dele também não sairão.
É então razoável assumir que , onde é o último indivíduo a sair de casa. Temos então que:
No caso máximo, vemos que 100*99 = 9900 mas 101*100 = 10100. Dessa forma, . Podemos então concluir que 100 pessoas sairão de casa. Logo, N = 100.
b) Sabemos que queremos maximizar a soma das utilidades, e que para , .
Somando todas as utilidades então, temos:
Para achar o máximo dessa função, podemos usar uma calculadora gráfica, utilizar cálculo ou outro método de sua preferência.
De qualquer forma, encontraremos que o máximo se dá para o valor inteiro de K = 82. Ou seja, a administração deve permitir que 82 pessoas saiam.
c) Como 100 > 82, N > K. Isso ocorre porque (pelo menos neste modelo) as pessoas não levam em consideração a externalidade negativa que impõem aos outros ao sair (ou a externalidade positiva quando ficam em casa). Esse modelo ilustra o problema clássico da subprovisão de um bem público (o bem público aqui é a rua vazia). Igualmente correto, pode-se dizer que este modelo representa uma instância da tragédia dos comuns: um recurso comum - a rua e outros lugares comuns - é, de certa forma, superexplorado aqui quando não há regulação.
Observação: Note que mesmo que N > K, a diferença não é tão grande. Assim, a intervenção da administração não precisa ser forte: as pessoas por si só já são racionais o suficiente para que metade da população da cidade fique em casa sem nenhum lockdown obrigatório. Em termos gerais, a força do lockdown obrigatório (N - K) deve corresponder apenas à força das externalidades que as pessoas produzem, e não ao custo total da doença.