Segunda Fase 2018 - Dissertativas

Escrito por Daniel Colli

Questão 1 - Qualitativa 01

a) A partir de que características podemos reconhecer uma pirâmide financeira?

b) O esquema de pirâmide financeira é realmente insustentável, se pensarmos do ponto de vista teórico ou seja, estritamente matemático, descontando efeitos comportamentais humanos? Fundamente sua resposta com argumentos e, se achar necessário, com um esquema gráfico.

Assunto abordado

Finanças - Pirâmides e Golpes Financeiros

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Solução

a) Algumas das características e sinais possíveis:

  • São prometidos rendimentos muito acima do que investidores geralmente conseguem em suas
    aplicações;
  • É apresentada como uma “parceria”, em que a vítima terá pessoas respondendo diretamente a
    ela, e ela e outras responderão diretamente a um escalão superior (já, portanto, caracterizando a
    forma de pirâmide);
  • É apresentada como “marketing multinível”;
  • Promete-se à vítima que ela multiplicará em várias vezes o dinheiro inicial “investido”;
  • Geralmente há uma insistência incisiva para que a vítima faça parte do esquema;

Outras serão aceitas integralmente, desde que consistentes.

b) Exemplo de resposta:

Utilizemos como exemplo um esquema de pirâmide em que cada membro tem três membros no escalão imediatamente abaixo de si, deve pagar R$10 para o membro imediatamente acima de si (exceto o fundador do esquema, que está no topo) e cobrará 10 reais de cada membro imediatamente abaixo: assim, teoricamente, ele tem utilidade de (+30 ? 10) = R\$20. Mesmo considerando agentes puramente matemáticos, sem efeitos comportamentais humanos, devemos considerar que, quando o número de participantes for finito (como, em casos reais, é), a quantidade de dinheiro no esquema também é finita, e poderemos considerar a pirâmide como um sistema fechado. Como não entra e não sai dinheiro (ou seja, a soma é zero), alguém precisa sair perdendo para que outros saiam ganhando. Isso não quer dizer que ninguém irá sair ganhando, mas que pelo menos alguém irá sair perdendo. E, como consideramos que o número de membros é finito, sempre haverá alguém na base da pirâmide, sem ninguém abaixo de si, que teria que pagar 10 reais mas não receberá nada, tendo utilidade -10, por isso se recusará a participar do esquema.

Com isso, membros do penúltimo escalão não terão ninguém para lhes pagar, e sua utilidade esperada também será -10, e assim sucessivamente: a pirâmide se rui da base para o topo quando a quantidade de membros, e em consequência a de dinheiro, para de aumentar.

Inspiração da questão: Olimpíada Escolar da NES (Rússia), ano de 2012, lançada como exercício pela COOBECON antes da Primeira Fase do corrente ano.

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Questão 2 - Qualitativa 02

Utilizaremos a contextualização da Questão Objetiva 05.

A lista abaixo contém possíveis explicações para justificar o comportamento de Bárbara, ao flexibilizarmos o princípio da racionalidade. Explique, para cada justificativa proposta abaixo, se você a considera plausível ou não, e por quê.

I) Bárbara possui uma função utilidade não-padrão.

II) Bárbara possui aversão à perda.

III) Bárbara inconscientemente inclui custos indiretos além dos evidenciados na questão na conta, como custos sociais e reputacionais.

IV) Bárbara é irracional.

Assunto abordado

Economia Comportamental - Vieses e Heurísticas Comportamentais

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Solução

I) Funções-utilidade estão por trás da modelagem econômica dos agentes racionais. Elas são construídas de forma a refletir as preferências dos agentes econômicos – ou seja, dadas duas alternativas, entre A e B, se o agente econômico escolhe A em detrimento de B, então se atribui à função utilidade um valor maior para o cenário de escolher A vs o cenário de escolher B. Diz-se assim que um agente econômico age de forma a “maximizar sua função utilidade”, mas um agente econômico não precisa saber sua função utilidade, ela estaria implícita nas escolhas dos agentes econômicos.

Uma função utilidade padrão é aquela que tipicamente modela um agente racional – ela reflete vários princípios tidos como racionais (por exemplo, se alguém prefere A a B, e prefere B a C, então prefere A a C, etc), e satisfaz vários princípios econômicos, como o da utilidade marginal decrescente (o conceito de que 100 reais a mais pra alguém que já tem 1000 reais aumenta menos sua utilidade do que 100 reais a mais pra alguém que só tem 50 reais). Um exemplo clássico é uma
função logarítmica em cima do patrimônio do agente, que poderia ser usada como modelo para decisões em determinados cenários.

Como Bárbara não respeitou o princípio da racionalidade estrito, poderíamos atribuir isso à ideia de que ela possui uma função utilidade não-padrão. É uma explicação plausível.

II) Aversão à perda (do inglês loss aversion), é o nome que se dá a tendência das pessoas a preferirem evitar perdas do que obter ganhos equivalentes. Ou seja, é melhor não perder R$5 do que ganhar R$5. Alguns estudos psicológicos sugerem que perdas são duas vezes mais poderosas do que ganhos equivalentes, e esse conceito é a base de algumas teorias comportamentais, como a denominada “Prospect Theory”.

O conceito de “perda” é, também, subjetivo – em Prospect Theory, ela depende do que o agente considera o “status quo”, o ponto-zero que define o que é perda e o que é ganho. Outro conceito comportamental relacionado é o de “mental accounting”, pois a forma com que Bárbara lida com a compra do ticket pode estar em linha com uma contabilidade mental: ela não sente que já gastou o dinheiro, e sim que o dinheiro se tornou “reservado” para ir ao show, e não indo ao show, estaria perdendo esse dinheiro – ao invés de trocá-lo por assistir ao show.

Nesse sentido, não ir ao show poderia ser psicologicamente equivalente a uma perda, pois é nesse momento que Bárbara decide se o dinheiro que foi reservado será perdido, ou usufruído. E a perda é sentida mais do que o ganho de ir ao show, apesar de ir ao show ser menos interessante – perdas são mais fortes, e pessoas preferem não perder.

Portanto, seria uma explicação plausível.

III) O ponto dessa alternativa é que, talvez, o comportamento de Bárbara seja sim racional, mas o modelo simples de racionalidade de só considerar os valores gastos e de ir ao show é que estejam equivocados. Por exemplo: se Bárbara marcou de ir com uma amiga, ela pode decidir ir, pois, mesmo sem ter interesse no show, decepcionar uma amiga seria um “custo implícito” de não ir. Da mesma forma, ela pode estar preocupada com sua “reputação” perante familiares e amigos, se houve um compromisso público ou anúncio de sua intenção perante colegas de que iria ao show, e não ir sinalizaria para seus amigos um erro de julgamento anterior ao comprar um ticket que não será usufruído. Existiria também o “benefício” de talvez acreditar que, uma vez lá, teria a chance de mudar de idéia, etc. Nenhum desses itens é estritamente “não-racional”, mas exemplificam que um agente pode considerar outros itens em seu cálculo.

A explicação é, portanto, plausível.

IV) Irracionalidade é sempre uma justificativa para qualquer coisa “não-racional”, porém irracionalidade é uma palavra muito forte – que denota impulsividade, emocionalidade ou resistência teimosa a argumentos racionais. Irracionalidade pode significar que “tudo é possível”, ou que o processo decisório é aleatório ou caótico.

Racionalidade, no sentido econômico, denota coerência. Ela não afirma saber o que as pessoas valorizariam, pois preferências são subjetivas. Porém, racionalidade implica que as preferências precisam ser coerentes entre si. Racionalidade em si não diz muito mais do que isso sobre como as pessoas agem. As pessoas reais não são meramente racionais, são “razoáveis” (reasonable), pois possuem certas preferências que já são esperadas.

Em economia, portanto, existe o conceito de bounded rationality, ou “racionalidade limitada”, principalmente no âmbito da economia comportamental. É um meio do caminho entre “perfeitamente racional” e “irracional”, no sentido de que as pessoas são “geralmente racionais, dentro de seus limites”. A racionalidade então seria limitada à dificuldade do problema, às limitações cognitivas da mente, e ao tempo disponível para a tomada de decisão. Assim, um agente econômico não estaria preocupado em maximizar algum tipo de desejo ou retorno, e sim tomar uma decisão satisfatória, mesmo que não-ótima, usando as informações que tem disponíveis, que também podem ser limitadas. A mente, então, compensa os recursos limitados com heurísticas, ou seja, métodos que não são garantidos de serem ótimos, perfeitos e lógicos, mas é entretanto suficiente para atingir um objetivo a maioria das vezes. Pra isso a mente explora automaticamente suas experiências e regularidades que a pessoa vai encontrando em seu ambiente. Heurísticas são
“atalhos-mentais”.

Portanto, “racionalidade limitada” seria o termo mais correto.

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Questão 3 - Qualitativa 03

Utilizaremos a contextualização da Questão Objetiva 06.

a) O que acontecerá com a quantidade de pais atrasados se, passados esses meses, a creche decidir cancelar a sua política de multas? Por quê?

b) Escolha uma das alternativas que você não marcou como resposta correta e aponte e descreva o mecanismo comportamental presente nela.

Obs.: A descrição é mais importante que o nome! Queremos avaliar a sua clareza argumentativa e entendimento do comportamento humano, não a capacidade de memorizar nomes de conceitos.

Assunto abordado

Economia Comportamental - Vieses e Heurísticas Comportamentais

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Solução

a) De acordo com o estudo, surpreendentemente, não é observada uma diminuição na taxa de atraso a partir da descontinuação da política de multas. Isso se dá porque, subconscientemente, os pais substituíram uma até então norma social (“é responsável da minha parte buscar meus filhos a tempo para o bom andamento dos horários da creche”) por uma norma transacional (“posso pegar meus filhos atrasado mediante um preço pelo serviço extra da creche cuidá-los mais um pouco”); a partir deste momento, pode-se considerar que se há um implícito cálculo de utilidade no tradeoff entre horário de chegada e preço da multa, e, se ela for cancelada, esse “serviço” da creche de cuidar das crianças até mais tarde se tornará grátis, acarretando ainda outro efeito comportamental, o da irracionalidade relacionada ao conceito de grátis. Dito tudo isso, é muito fácil transformar uma norma social em uma transacional (isso acontece o tempo todo acidentalmente), mas o caminho inverso é consideravelmente mais difícil.

Para obter a nota máxima, o aluno deve ter respondido que a taxa de atrasados não decresce e explicitado o conceito de norma social x norma transacional. Respostas que não acertam o resultado, se bem argumentadas, poderão ser consideradas parcialmente até [25%], e aquelas que acertam o resultado mas não descrevem completamente o fator comportamental poderão ser consideradas parcialmente até [15%], também dependendo da qualidade da argumentação.

b) Alternativas possíveis:

I) Riscos aterrorizantes (dread risks), o medo de eventos com probabilidade muito baixa, mas impacto muito alto. Este medo independe do conhecimento racional das probabilidades e impactos dos eventos; é algo mais primitivo, e, a nível cerebral, ocorre não no córtex préfrontal, responsável, a grossíssimo modo, pelo pensamento analítico, mas em áreas mais instintuais.

Como não foi explicitado que Bruno não sofre de fobias exarcerbadas, respostas a ver com comportamento fóbico terão que ser consideradas.

II) Aversão ao risco (risk aversion). O sentimento negativo ao perder é desproporcionalmente maior que o sentimento positivo ao ganhar, mesmo considerando-se valores iguais. Na questão, os valores diferentes foram escolhidos para acentuar ainda mais esse efeito.

III) A dor de pagar (the pain of paying). Nossa mente sente uma aversão a pagar quando vemos o dinheiro “saindo”, ou seja, principalmente ao se pagar em dinheiro vivo, mas não registra isso tão bem quando pagamos por métodos mais “abstratos”, como cartões.

IV) Autoarrebanhamento (self-herding). Até mesmo em coisas banais que não fazem diferença utilitária, o ser humano tende a repetir uma decisão que fez anteriormente, ilustrado por Fernando sempre escolher a mesma mesa, a não ser que haja um obstáculo externo impedindo-o. Este é um dos mecanismos da formação de hábitos entre seres humanos. É como se fosse uma inércia.

V) Normas sociais x normas transacionais (social norms x market norms). Daniel e Rafael são bons amigos, e é normal que bons amigos se ajudem, portanto Rafael respondeu imediatamente ao pedido de ajuda de Daniel e, com o maior prazer, trocou o pneu do carro. Até aí, tudo ótimo. No entanto, quando Daniel lhe ofereceu cinco reais, ele inadvertidamente
transformou um ato de amizade em uma transação e, em cima disso, já dentro do cálculo transacional, ofereceu muito pouco pelo “serviço”! Por isso, Rafael ficou duplamente magoado – se sentiu i) usado, ii) mal-remunerado. Agora, se Daniel, como agradecimento, tivesse lhe dado um pequeno presente, ou pago o próximo café, este efeito, curiosamente,
não teria acontecido: Rafael poderia até recusar o café, dizendo que “imagina, não precisa, não foi nada!”, mas tudo isso teria continuado dentro das trocas de amizade: o que transforma em transação é a presença explícita de dinheiro.

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Questão 4 - Quantitativa 01

Considere um portfólio de investimentos hipotético diversificado entre ativos de diferentes classes. O patrimônio líquido desta carteira é igual a R$ 50 milhões, e seu retorno em 2018 foi igual ao apresentado na tabela 1:

a) No mercado financeiro, o conceito de risco (de mercado) é representado pelo desvio padrão (raiz quadrado da variância). Desta forma, encontre o risco desta carteira durante estes cinco primeiros meses do ano de 2018. Deixe a lógica do seu desenvolvimento explícita. Cálculos secundários podem ser feitos nas folhas de rascunho ou na calculadora.

A variândia pode ser encontrada pela seguinte fórmula: S^2 = \sum^N_i\frac{(X-\bar{X})^2}{N-1}

Onde:
X - Valor Individual
\bar{X} - Média dos Valores
N - Número de Valores

b) Considere a seguinte classificação de perfil de risco:

Em qual perfil de risco esta carteira está enquadrada?

Assunto abordado

Finanças - Rentabilidade Acumulada e Alfa

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Solução

a) Desvio-padrão da amostra: 2,115297%

S = \sqrt{\frac{(0,32% - (-0,236%))^2 + (1,81% - (-0,236%))^2 + (0,53% - (-0,236%))^2 + (-0,03% - (-0,236%))^2 + (3,81% - (-0,236%))^2}{4}}

b) O enquadramento para a carteira é Arrojado, já que seu desvio-padrão é igual a ~2,12%.

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Questão 5 - Quantitativa 02

Um investimento foi feito com um depósito inicial de R$1000. Após um mês, houve um aporte de mais R$200. Passado mais um mês, houve um resgate de R$60. Um mês depois, todo o montante investido foi resgatado, e o valor era R$1507. Calcule a taxa mensal de rendimento deste investimento, suposta constante ao longo dos 3 meses.

Assunto abordado

Finanças - Valor Futuro e Rentabilidade Acumulada

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Solução

i = taxa de juros para 30 dias
K = (1+i) = fator da taxa de juros

Para comparar valores financeiros, é preciso fazê-lo em uma mesma data de referência (data base).

Podemos carregar os valores (entradas e saídas) para valor presente (0, na linha do tempo) ou valor futuro (90, na linha do tempo).

Exemplo:

R\$ 1000 hoje \leftrightarrow 1000 \cdot (1+i)^3 = 1000 \cdot K^3 daqui a 90 dias.
R\$1507 daqui a 90 dias \leftrightarrow \frac{1507}{(1+i)^3} = \frac{1507}{K^3} hoje.

Optaremos por carregar todas as entradas e saídas para o futuro (90 dias):

-1000(1+i)^3 - 200(1+i)^2+60(1+i)+1507=0

-1000K^3 - 200K^2 + 60K + 1507 = 0

De acordo com a teoria das raízes reais de polinômios de terceiro grau, as possíveis raízes
racionais são \frac{D(1507)}{D(1000)}, onde D(x) representa os divisores de x. Como 1507 = 11 \cdot 137,  inspecionamos a opção K = \frac{11}{10} = 1,1. Verificamos que é raiz. Baixamos o grau, temos que as outras duas raízes são negativas.

Logo, realmente K=1,1 e, correspondentemente, i = 0,1 = 10%.

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Questão 6 - Quantitativa 03

Nesta questão, iremos explorar um importante fenômeno da Microeconomia, a Lei da Produtividade Marginal Decrescente, usando como exemplo a fictícia (será?) Fábrica de Bolacha Maria (FBM) da Futurolândia e considerando um período de curto prazo.

A produtividade marginal (MP – do inglês marginal product) é a quantidade de produto, em unidade arbitrária (unidades, sacas, barris...), que um determinado trabalhador produz a partir de sua capacidade de trabalho e da posição em que trabalha. A produtividade total (TP – do inglês total product) é a soma das MP de todos os trabalhadores considerados. A produtividade média (AP – do inglês average product) é a TP dividida pela quantidade de trabalhadores.

No curto prazo considerado nesta questão, é impossível fazer mudanças no capital da fábrica (adquirir novo
maquinário, abrir novas sedes, mudar para um espaço mais adequado, ...), portanto K (do alemão Kapital) se
mantém constante. No entanto, é possível manipular a quantidade de trabalho L (do inglês labo(u)r)
disponível, contratando mais funcionários. Sabendo disso, podemos constatar que a produtividade total da
fábrica é uma função da variável trabalho:

TP = f (L)

Adam Smith constatou, no entanto, em sua célebre visita a uma fábrica de alfinetes, que esta relação não é necessariamente linear. Se um funcionário sozinho fosse operar a fábrica, conseguiria produzir em torno de 20 alfinetes por dia de trabalho, enquanto que, se o contingente inteiro de dez estivesse operando, graças à divisão eficiente de tarefas, eles conseguiram impressionantes 48000 alfinetes diários. Porém, se fossem acrescentados mais funcionários, este número não continuaria a aumentar neste ritmo, e chegaria até mesmo um momento em que um novo funcionário não faria diferença alguma na produtividade, ou ainda atrapalharia, diminuindo-a. Ou seja, a produtividade marginal (característica de um operário específico dentro da ordem de contratação), embora aumentasse a um ritmo maior que linear inicialmente, logo começava a decair, podendo ser nula ou mesmo negativa. Graficamente, considerando a situação de curto prazo, a relação tem aproximadamente esta curva:

Voltemos nossa atenção, agora, para a Futurolândia. Os administradores da recém-inaugurada unidade regional da Fábrica de Bolacha Maria (FBM) na próspera província de Rafaélia estão fazendo um estudo com a intenção de contratar a equipe de funcionários. Seus analistas obtiveram os seguintes dados dos candidatos:

a) Considerando que os candidatos só podem ser contratados na ordem mostrada, termine o trabalho dos analistas da FBM, completando a tabela.

b) Esboce um gráfico, com TP nas ordenadas e L nas abcissas, da curva de produtividade desta unidade da FBM. Considere o modelo teórico. Utilize o espaço delimitado:

A partir da tabela e do gráfico, responda às perguntas:

c) A partir de que funcionário a Lei da Produtividade Marginal Decrescente começa a atuar?

d) Para que esta unidade da FBM produza a maior quantidade possível de caixas de bolacha, considerando apenas os dados da tabela (ou seja, descontando despesas fixas), devemos contratar até (e inclusive) qual funcionário?

e) Em que situações uma fábrica continuaria a contratar funcionários, mesmo tendo eles produtividade marginal nula ou mesmo negativa? Pense historicamente.

Assunto abordado

Microeconomia - Utilidade Marginal e Fronteiras de Produção

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Solução

a) Um exemplo de quadro:

b) Um exemplo de gráfico que poderia ser esboçado:

c) Décio é o primeiro funcionário cujo \Delta MP em relação ao funcionário anterior é negativo. Portanto, é a partir dele que a LPMD começa a atuar. Dito isso, as respostas “a partir de Caio” também serão consideradas totalmente corretas: ele é o ponto de inflexão a partir do qual o MP começa a decrescer, mas, como essa questão utiliza como exemplo uma função discretizada com o objetivo de não exigir conhecimentos de Cálculo Diferencial, o aluno não é obrigado a saber isso com tal profundidade.

Fundamentação: Em Economia, valores marginais são a derivada primeira de valores totais. Em termos de Cálculo Diferencial, não-obrigatório para alunos do Ensino Médio portanto não exigido nesta Olimpíada, Caio é o ponto de inflexão em que a derivada segunda da função tem valor nulo, portanto é onde a derivada primeira muda de sinal (representado pela troca da cor azul pela vermelha), começando a diminuir a taxa de crescimento na função primitiva até o ponto em que a derivada primeira será zero (no nosso caso, em Germano, a partir do qual a produtividade marginal
será negativa – representada pela cor cinza).

d) Queremos, aqui, o ponto em qual temos TP maior, ou seja, a maior quantidade de caixas que podemos produzir nesta conjuntura. Portanto, devemos contratar até e inclusive Francisco. Germano já não traria nenhuma produtividade a mais para justificar o custo com seu salário (o que não faz parte das despesas fixas desprezadas pelo enunciado), portanto, para o fim proposto, não há por que contratá-lo.

e) Várias respostas são possíveis:

  • A fábrica pode estar contratando funcionários além da produção marginal útil para manter um mercado consumidor;
  • A fábrica pode estar sendo subsidiada ou incentivada pelo governo para combater o desemprego;
  • A fábrica pode estar empregando além da produção marginal útil para movimentar a economia em um período de depressão e contribuir para vencer a crise;
  • A fábrica pode ter, como prioridade, não a máxima produção mas a máxima empregabilidade, como em economias planificadas socialistas;
  • A fábrica pode estar em regime de esforço de guerra e empregando todos os funcionários que puder, na escassez daqueles enviados ao front, como acontecia frequentemente durante a Segunda Guerra Mundial.

Outras respostas plausíveis além das citadas poderão ser consideradas plenamente, desde que consistentes.

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