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Aula 4.5 - Refração da Luz , ângulo limite e o dioptro plano.

Escrito por Antonio Italo

Até o momento, estudamos o fenômeno da reflexão da luz por espelhos esféricos e côncavos, porém no nosso cotidiano há outro fenômeno óptico muito importante: A refração. Conforme estudando no curso de ondulatória, a refração de uma onda é o fenômeno que ocorre quando a mesma passa de um meio para outro, de forma que muda sua velocidade de propagação. Ao longo dessa aula, retomaremos a lei de Snell, já estudada no curso de ondulatória, e aplicaremos a mesma em um exemplo simples: O ângulo limite

Lei de Snell e o índice de refração

Quando trabalhamos com a lei de Snell para a luz, geralmente usamos a grandeza chamada de índice de refração (n), que é definida por:

n=cv

Sendo c a velocidade da luz no vácuo e v a velocidade da luz no meio em questão. Note então que vc o que implica n1, sendo 1 o índice de refração do vácuo. Uma observação importante é que geralmente aproximamos o índice de refração do ar para 1 em questões (sendo na verdade ligeiramente maior, diferindo na quarta casa decimal). Dessa forma, a lei de Snell para a luz fica:

sinθ1v1=sinθ2v2

Multiplicando por c dos dois lados:

n1sinθ1=n2sinθ2

Sendo θ1 e θ2 medidos sempre em relação à normal da superfície em que a refração ocorre. Note que, assim como a reflexão, a refração sempre ocorre em um mesmo plano, de forma que podemos representar a normal de contato, o raio incidente e o raio refratado  bidimensionalmente. Para uma demonstração da Lei de Snell, você pode olhar a Aula 3.3 de ondulatória ou a Ideia 11.

Ângulo limite

Como já sabemos do curso de ondulatória, refração é sempre acompanhada de uma reflexão, porém o  contrário não é válido pois existe o fenômeno conhecido como reflexão total. Para entendermos esse fenômeno, escrevamos a lei de Snell:

nisinθi=nrsinθr

Aqui, usamos i para identificar incidente e r refratado. Calculemos então o ângulo refratado:

θr=sin1(ninrsinθi)

Mas note que para o ângulo θr existir, o valor:

ninrsinθi1

Sendo assim:

θisin1(nrni)=L

Sendo L, por definição o chamado ângulo limite, já que para a ocorrência da refração, o ângulo de incidência deve ser menor que o mesmo. Note que esse ângulo limite existe somente caso nr<ni. Note também que no caso limite θi=Lθr=π2, de forma que o raio refratado sairia rasante, contudo, é possível encontrar de maneira semelhante ao que fizemos na Aula 3.3 um valor para a amplitude da onda refratada em função do ângulo de incidência, e ocorre que esse valor é zero no ângulo limite.

Dioptro plano

Um dioptro plano é uma interface plana entre dois meios de diferentes índices de refração, por exemplo, a interface da água de uma piscina com o ar. Ocorre que devido à refração da luz, um observador no ar, por exemplo, vê uma imagem deslocada de um objeto na água. Calcularemos então a posição da imagem vista por esse observador. (Consideraremos raios paraxiais, assim como nos espelhos esféricos). Veja a imagem a seguir:

Note que a imagem é meramente ilustrativa e não apresenta as proporções corretas. Para uma visão paraxial, o olho deveria estar praticamente na vertical do objeto. De forma que podemos aproximas sinθtanθ. Sabendo disso, apliquemos a lei de Snell e aproximemos:

n1sinθ1=n2sinθ2

n1tanθ1n2tanθ2

Note, contudo, que os ângulos θ1 e θ2 também aparecem nos dois triângulos da figura com lado x. Tal que:

tanθ1=xh

tanθ2=xh

Substituindo:

n1h=n2h

h=n2n1h

Sendo essa a equação do dioptro plano para raios paraxiais. Note que existem outros tipos de dioptros, dentre os quais, o plano e o esférico são os mais conhecidos. Dessa forma, em próximas aula estudaremos os dioptros esféricos e utilizaremos nossos resultados para chegar na famosa equação dos fabricantes de lentes.