Escrito por Antonio Italo
Até o momento, estudamos o fenômeno da reflexão da luz por espelhos esféricos e côncavos, porém no nosso cotidiano há outro fenômeno óptico muito importante: A refração. Conforme estudando no curso de ondulatória, a refração de uma onda é o fenômeno que ocorre quando a mesma passa de um meio para outro, de forma que muda sua velocidade de propagação. Ao longo dessa aula, retomaremos a lei de Snell, já estudada no curso de ondulatória, e aplicaremos a mesma em um exemplo simples: O ângulo limite
Lei de Snell e o índice de refração
Quando trabalhamos com a lei de Snell para a luz, geralmente usamos a grandeza chamada de índice de refração (n), que é definida por:
n=cv
Sendo c a velocidade da luz no vácuo e v a velocidade da luz no meio em questão. Note então que v≤c o que implica n≥1, sendo 1 o índice de refração do vácuo. Uma observação importante é que geralmente aproximamos o índice de refração do ar para 1 em questões (sendo na verdade ligeiramente maior, diferindo na quarta casa decimal). Dessa forma, a lei de Snell para a luz fica:
sinθ1v1=sinθ2v2
Multiplicando por c dos dois lados:
n1sinθ1=n2sinθ2
Sendo θ1 e θ2 medidos sempre em relação à normal da superfície em que a refração ocorre. Note que, assim como a reflexão, a refração sempre ocorre em um mesmo plano, de forma que podemos representar a normal de contato, o raio incidente e o raio refratado bidimensionalmente. Para uma demonstração da Lei de Snell, você pode olhar a Aula 3.3 de ondulatória ou a Ideia 11.
Ângulo limite
Como já sabemos do curso de ondulatória, refração é sempre acompanhada de uma reflexão, porém o contrário não é válido pois existe o fenômeno conhecido como reflexão total. Para entendermos esse fenômeno, escrevamos a lei de Snell:
nisinθi=nrsinθr
Aqui, usamos i para identificar incidente e r refratado. Calculemos então o ângulo refratado:
θr=sin−1(ninrsinθi)
Mas note que para o ângulo θr existir, o valor:
ninrsinθi≤1
Sendo assim:
θi≤sin−1(nrni)=L
Sendo L, por definição o chamado ângulo limite, já que para a ocorrência da refração, o ângulo de incidência deve ser menor que o mesmo. Note que esse ângulo limite existe somente caso nr<ni. Note também que no caso limite θi=L→θr=π2, de forma que o raio refratado sairia rasante, contudo, é possível encontrar de maneira semelhante ao que fizemos na Aula 3.3 um valor para a amplitude da onda refratada em função do ângulo de incidência, e ocorre que esse valor é zero no ângulo limite.
Dioptro plano
Um dioptro plano é uma interface plana entre dois meios de diferentes índices de refração, por exemplo, a interface da água de uma piscina com o ar. Ocorre que devido à refração da luz, um observador no ar, por exemplo, vê uma imagem deslocada de um objeto na água. Calcularemos então a posição da imagem vista por esse observador. (Consideraremos raios paraxiais, assim como nos espelhos esféricos). Veja a imagem a seguir:
Note que a imagem é meramente ilustrativa e não apresenta as proporções corretas. Para uma visão paraxial, o olho deveria estar praticamente na vertical do objeto. De forma que podemos aproximas sinθ≈tanθ. Sabendo disso, apliquemos a lei de Snell e aproximemos:
n1sinθ1=n2sinθ2
n1tanθ1≈n2tanθ2
Note, contudo, que os ângulos θ1 e θ2 também aparecem nos dois triângulos da figura com lado x. Tal que:
tanθ1=xh
tanθ2=xh′
Substituindo:
n1h=n2h′
h′=n2n1h
Sendo essa a equação do dioptro plano para raios paraxiais. Note que existem outros tipos de dioptros, dentre os quais, o plano e o esférico são os mais conhecidos. Dessa forma, em próximas aula estudaremos os dioptros esféricos e utilizaremos nossos resultados para chegar na famosa equação dos fabricantes de lentes.