Entrevista com Matheus Alencar

Fala, Olímpicos!

A equipe Noic entrevistou Matheus Alencar, medalhista de ouro na IMO (Olimpíada Internacional de Matemática). Vem ver um pouco mais da história dele e toda sua trajetória olímpica abaixo!

  • Quando e por que você decidiu se dedicar ao mundo da matemática?

Em 2019, ao entrar no colégio militar de fortaleza, eu estava em um ambiente competitivo em que olimpíadas eram incrivelmente bem disseminadas. Lá, um amigo meu me mostrou como funcionam olimpíadas de matemática e ao ver como a matemática poderia ser aplicada de uma maneira muito criativa e diferente do que aprendemos na escola eu me apaixonei! E desde lá venho estudando muito para as olimpíadas.

  • Onde você se imagina profissionalmente daqui a alguns anos?

Não sei onde eu posso dizer que me imagino, mas espero poder estar fazendo a diferença na vida das pessoas que me venham conhecer de algum jeito. Sinto que definitivamente não estarei trabalhando em um lugar que não me desafie e/ou que não me faça cumprir esse objetivo.

  • O que te motiva na vida?

Acho que um dos maiores motivadores da minha vida é a alegria de poder estar fazendo (quase que profissionalmente) o que eu gosto. É um privilégio enorme poder estar representando o país em olimpíadas internacionais e aprender coisas novas todo dia só por ter esse convívio com mentes tão interessantes e inovadoras de pessoas interessadas em estudar mais sobre qualquer coisa.

  • Se você fosse um animal, qual seria?

Pergunta difícil, eu tenho histórico de não conseguir me identificar em coisas que não fossem completamente associadas a mim. Acho que eu seria uma formiguinha, o mais simples que dá pra ser. Não sou a pessoa mais refinada nem a pessoa que chega nos rolês e todo mundo lembra. Me defino muito mais como só mais um operário no meio de uma infinidade de pessoas que, em quase tudo, são muito melhores do que eu. Mas com uma singularidade que dá pra conhecer com um simples bater de antenas. Sinceramente, acho que não sou uma pessoa realmente mais interessante que qualquer outra à minha volta, e que o meu trabalho, por mais que não seja muito, pode ajudar nossa pequena colônia a continuar se expandindo pelo nosso venerável universo!

  • Quais são os seus hobbies?

Eu tenho alguns (vários) hobbies. No tempo livre, uma das coisas que eu mais gosto de fazer é ver filmes! Eu sou viciado. Se existe um filme aclamado pela crítica que eu ainda não vi, é porque ele existe há mais de 70 anos ou ainda não foi lançado. Gosto muito de receber recomendações e adoro escrever para outras pessoas também. É meu hobbie que me consome mais tempo. Além disso, adoro jogos difíceis. Tanto de board games quanto eletrônicos. Passei dias finalizando vários metroidvanias e souls-like, é outra paixão que tenho!

  • Como foi a experiência de representar o Brasil no Japão? Quais foram os momentos mais marcantes para você?

É uma experiência muito divertida saber que até mesmo os líderes levam com uma leveza absurda o fato de estarmos representando o país em uma competição tão importante para a imagem da educação brasileira quanto as olimpíadas internacionais. Antes da IMO, quando já tinha representado o brasil em outras olimpíadas eu senti, acho que por falta de experiência, um peso muito maior em saber que estava representando o meu país nesse tipo de competição, me dava uma ansiedade gigantesca pensar que eu poderia não conseguir o que era esperado de mim nesse tipo de competição, mas com o tempo acho que deu para superar isso. Atualmente, é engraçado lembrar que eu sou uma pessoa relativamente importante na história do Brasil nas olimpíadas. Eu definitivamente não sou a melhor pessoa para representar meu país como matemático, quem dirá como ser humano.

Além disso, acho que um dos momentos mais marcantes na imo foi a cerimônia de abertura, eles tocaram músicas relativamente inesperadas, como a abertura de evangelion. Acho interessante como lá no japão eles respeitam a cultura de desenhos, diferente do ocidente, em que desenhos são vistos como coisas feitas para crianças. Também achei muito divertido poder discutir com um canadense qual era a melhor estratégia para terminar todos os advancements do minecraft no menor tempo possível (só conseguimos completar em quase 3 dias) e poder arrastar as fichas de bengaleses no poker.

  • Como foi o treinamento da IMO que ocorreu na China? 

Foi muito bom! Diria que como treinamento/summer camp, que era o que eles haviam proposto, não teve nada de muito diferente do que esperávamos. Tivemos alguns simulados, aulas focadas, bom, nem sempre, para a IMO e muito tempo de convívio com pessoas de outros países. Mas acho que o que foi muito melhor do que esperávamos foi a experiência de ter alguém muito melhor que a gente - o time - fazendo a mesma prova (e, às vezes, tendo fechado 2 horas antes de qualquer pessoa no time). Essa experiência foi muito importante e acho que ela foi essencial para que eu (e acredito que alguns outros do time também) não desesperasse durante a prova por não conseguir resolver um problema ou não nos assustássemos com alguém de time tipicamente melhores que o nosso fazendo a mesma prova.

  • Como foi o processo para conquistar sua medalha de ouro?

Por incrível que pareça, acredito que meu processo de estudos nunca teve algo que possa surpreender muitas pessoas. O objetivo sempre foi estudar o máximo que desse, sem que fosse estressante, focando especialmente no que eu sentisse que faltava no meu leque de habilidades para atacar problemas das competições. Imagino que algo que não custa lembrar é que fazer provas é incrivelmente mais importante que estudar conteúdos para conseguir se dar bem nesse tipo de prova. Além disso, acho que vale ressaltar que o mais importante do tempo que nós estudamos é que ele seja proveitoso, ao invés do que muitos pensam, diria que a qualidade é muito mais importante que a quantidade. Não precisa se matar de estudar para conseguir avançar bastante nas olimpíadas!

  • Você tem algum sonho irrealizável?

Com certeza! Vários! Mas acho que um que vale a pena dizer por aqui é poder projetar o modelo educacional do Brasil. Acho que no sistema de ensino do nosso país faltam muitas coisas. E poder um dia fazer algo como, por exemplo, Paulo Freire fez é um sonho, um tanto quanto ambicioso como tudo que eu faço e cada vez mais necessário para a educação. Acho que consciência e interesse é algo que falta bastante no país. Acho que esse sonho é muito utópico porque, afinal, eu não sou a pessoa com as melhores ideias do mundo. Muito menos depende só de mim a criação de novos sistemas educacionais por aí. Mas, de qualquer forma, é um sonho!

  • Quais seriam suas dicas e conselhos para alguém mais novo que se interessa pela matemática?

Não tenha medo de errar! Estudar matemática, sendo coisa de louco do jeito que é, é sinônimo de errar o tempo todo! Errar um problema várias vezes é ainda não conseguir chegar a uma solução é normal. O segredo é saber errar, assim como o segredo de aprender a andar de skate é saber cair. Tenha a coragem de se permitir ser um iniciante! Outra coisa que acho que é notavelmente importante de lembrar é que se desmotivar estudando para olimpíadas é muito comum. Mas aprender a aguentar o tranco é essencial. E vale a pena!

 

Esperamos que as motivações e objetivos do Matheus possam te inspirar também na sua jornada olímpica!

Começa a primeira fase da OBL

Fala, Olímpicos!

Começou hoje a primeira fase da Olimpíada Brasileira de Linguística. Você pode se inscrever até o dia 25 de setembro, também o último dia para realizar a prova.

A OBL é dividida em 3 categorias: Mirim (6º a 8º ano), Regular (9º ano e Ensino Médio) e Aberta (qualquer pessoa interessada).

A prova possui 4 movimentos sequenciais:

1º fase - Online, aberta a todos os interessados;

2º fase - presencial, realizada em polos de aplicação;

Escola de Linguística de Outono (ELO) - estudantes de todo o Brasil se reúnem (virtual e presencialmente) para atividades olímpicas e formativas;

Olimpíada Internacional de Linguística (IOL) - delegações de estudantes de diversos países se reúnem por uma semana no país-sede.

A cada edição, a OBL recebe um sobrenome diferente, herdado de alguma língua que tem relação com o português falado no Brasil e que reflita a ênfase dada no ano em questão. A presente edição (2023-2024) recebe o nome de Abya Yala, palavra kuna, que significa ‘terra amadurecida’ e é usada pelos movimentos indígenas para se referir ao nosso continente.

Não perca a chance de participar! As inscrições podem ser realizadas no Site da OBL

 

Aulas de Informática atualizadas!

Fala, Olímpicos!

Nosso time de Informática está a todo vapor! Vem conferir as aulas atualizadas do nosso curso:

Aula de MST 

Aula de BIT 

Aula de LIS

Aula de Menor Caminho